A Piazza di Spagnaé um dos lugares mais agradáveis e badalados que conheci, até o momento, em Roma. A praça é um dos points mais animados da cidade, que movimenta os romanos e os turistas ao redor de sua fonte, ao longo de suas mega escadarias, e da Via Condotti- passarela mais elegante e chic da cidade, onde ficam as grandes e carésimas grifes, muito, muito, muitão além dos meus sonhos.
Em todo caso, vale a pena admirar, e se atualizar, vendo as tendências da moda e do design produzidos por marcas como Valentino, La Perla, Cartier, Prada, Dior, Bulgari. A rua, por si só, não apresenta nada de especial, além de prédios antigos, mas uma concentração de lojas de marcas de luxo. Vi muitas roupas e acessórios lindos, mas sequer ousei perguntar pelo preço de qualquer coisa.
As escadarias da praça escadas levam à igreja de Trinità dei Monti. Há no centro da praça uma fonte, no formato de um barco (Barccacia), que os romanos denominam de La Barcaccia, ou velha banheira, de onde jorra uma água cristalina refrescante apta para consumo. A fonte foi criada em 1627-1629, esculpida por Pietro Bernini, inspirada pela chegada à praça de um barco durante a inundação do rio Tibre no ano de 1598.
Amei o agito da Piazza di Spagna. Por mim, ficaria horas a fio, o dia inteiro, apenas me refrescando nos respingos d'água da fonte, apreciando o desfile da fauna - gente de tudo quanto é jeito, e como eu -, tomando sorvete um-depois-do-outro, e andando pra lá e prá cá, da Via del Corso para a Piazza di Spagna, parando de porta em porta nas maisons podres de chic da Via Condotti, para aliviar o cansaço e suspirar com os exageros do belo, do brega, do chic e do caro. Quanto luxo, benzadeus!
Piazza di Spagna, escadarias, com a perspectiva para Via Condotti
Na praça, o destaque de La Barccacia, point máximo de pura animação.
Gabi, ao sol romano.
Abaixo, sequência de fotos das vitrines de lojas da Via Babuino.
Oh, gracinha! Uma das excentricidades.
Não basta ser amarelo para chamar atenção.
Vitrine kitsch numa loja chic da Via Babuino.
Piazza del Popolo
Elias à frente do Obelisco Flaminio, um dos 13 mais antigos de Roma, construído no templo dos faraós Ramsés II e Merenptah, e levado para Roma por Augusto.
Pausa per mangiare
O 06 Café foi uma das boas surpresas em Roma, embora as avaliações do Tipadvisor não o recomendem. Trata-se de um misto de wine bar, restô-pub, bistecaria e cozinha romana. Sinceramente? Nada de excepcional, mas gostamos da comida, do ambiente, atendimento e preço. Há mesas dispostas do lado de fora, onde sentamos, e foi muito gostoso ficar ali, papeando e nos refestelando com uma comidinha gostosa, tomando um vinho com massas, salada. Poderia ser chamado de escondidinho, devido à localização. Fica na Via del Leoncino, 38, uma das ruelas que tangenciam a Via del Corso, mas é difícil perceber que ele está lá. Gostamos. Não foi taaanto, mas ainda voltamos no dia seguinte.
No 06 Café.
Minha doce companheira de viagem.
Ainda vamos viajar muito juntas, minha sobrinha-flor! E vamos nos divertir horrores ao lembrar das nossas aventuras, dos sustos, mancadas, micos, e sonhar com toda sorte de lugares lindos e paradisíacos que ainda vamos conhecer. Perché, sì!
Como já falei, a longa viagem de Recife à Roma nos deixou exaustos. Foi um imenso alívio vislumbrar, de longe, a placa do hotel - Hotel Laura - que, além de ter sido o destino mais esperado desde domingo, tem um ótimo presságio por ser, Laura, o nome da minha saudosa mãe. Indica que teremos uma excelente estadia nesta cidade!
O hotel, de fachada pouco atraente, fica no quarto andar de um prédio residencial, na proximidade da Piazza Bologna, numa região movimentada, mas acolhedora, e cheia de bons restaurantes, lanchonetes, mercado, lojas. A maior vantagem do Hotel Laura é, realmente, a sua localização.
Piazza Bologna é uma das mais famosas praças de Roma. É o ponto de referência de estudantes que frequentam uma universidade próxima. A praça é frequentada e vivida pelos habitantes da região, pelos romanos e turistas. Foto: piazzedavivere.
Entrada da estação do metrô bem na porta do hotel. Foto: Site do hotel.
Perspectiva da proximidade da entrada da estação do metrô bem na porta do hotel, na Via XXI Aprile.
Classificado como três estrelas, o Hotel Laura é pequeno, mas tem a estação de metrô da Piazza Bologna, literalmente, em sua porta, sua entrada. Daí, que o acesso aos trens nas estações Termini e Tiburtina, é rápido, facilitando, consequentemente, o acesso a qualquer ponto turístico da cidade; e, portanto, aos locais históricos, como o Coliseu eo Fórum Romano. Como orientação, sugiro tomar a linha azul de Termini para Bolonha e descer na Via XXI Aprile. É justamente a saída que dá na entrada do hotel.
O hotel fica a 32 Kms de distância do aeroporto Fiumicino.
Na nossa escolha sobre o hotel, levamos em conta a praticidade de pegar o metrô em sua porta. E uma das comodidades que apreciamos bastante é o wi-fi grátis e que funciona bem.
Os quartos são pequenos. Ocupamos um triplo, com uma cama de casal e uma de solteiro, ambas confortáveis. Porém, o quarto tem pouco espaço para malas. Possui banheiro privado de tamanho razoável, mas um box minúsculo; e dispõe de telefone direto, televisão e frigobar. Um pequeno e lento elevador. O café da manhã deixa muito a desejar e, por essa razão, preferimos tomar nosso desjejum fora do hotel.
Foto: Site do hotel.
Foto: site do hotel.
Foto: Site do hotel.
Não se pode deixar de mencionar o ótimo atendimento, principalmente por parte do Sr. Mário, o proprietário - sempre aberto à comunicação (não falamos italiano) e disposto a prestar qualquer informação sobre a cidade, pontos turísticos, transportes, etc.
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Café da manhã [prima colazione]
Pela manhã, acordamos quase onze horas, famintos e, ainda, sob efeito do cansaço e jet-lag. Resolvemos lanchar em algum dos cafés existentes na Piazza Bologna, e entramos no mais próximo, o Meeting Place, que é um ambiente versátil, mix de café-restaurante, e, à noite, transforma-se em algo parecido com pub. Um lugar muito agradável, com muitos jovens, boa música, boa comida, bom atendimento, onde se pode ter uma boa refeição por apenas 8 €, água com gás incluídos. O Meeting serve comida (inclusive massas) italiana, sushi, croissants, bolos, pastelaria dinamarquesa, e doces, além de um cappucino imperdível.
Como Gabi e eu não costumamos fazer refeição pela manhã, resolvemos pedir uma pequena porção de qualquer coisa, apenas para quebrar o jejum. Tomei um suco de pêssego e ela provou um panini - espécie de sanduíche grelhado que muito lembra pizza - com suco de laranja, enquanto Elias preferiu uma leve salada.
Não fizemos foto, mas o que encontro, de aparência mais próxima, na internet, é uma pizza, como esta, do Aprendiz de Viajante. A diferença é que era internamente recheada.
O suco de pêssego, muito apreciado na Europa, pode ser encontrado nas mais diversas marcas, em garrafinhas como esta:
[Em viagem, não costumo tomar suco de frutas ácidas, pois me deixa com gases. Há muito tempo, descobri que o suco de pêssego é o melhor substituto, pois não provoca esses efeitos. De sorte que, na Europa, é mais fácil de encontrar este suco do que um bom suco de laranja].
Fazer o pedido dssa refeição foi a prova de fogo na estreia de comunicação com os italianos. Misturamos português-italiano tosco-inglês e, no final, ficamos todos entendidos e atendidos. Nesse colóquio, fico sabendo que o suco de pêssego vira succo di pesca.
Saindo do Meeting, rumamos para estação Termini, onde pegamos um ônibus para tour pela cidade eterna. Posso afirmar que este passeio foi o nosso primeiro contato com a cidade de Roma.
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City Tur
Roma, como todos sabemos, é a capital da Itália, e também a maior cidade do país. É banhada pelo rio Tibre e cercada por sete colinas. Foi, em tempos remotos, o centro de comando do Império Romano. E se tornou o centro do mundo cristão, representado pelo estado do Vaticano, e que se localiza numa pequena área dentro da cidade.
Ainda que eu prefira, realmente, explorar uma cidade a pé, e me deslocando através de transporte público como metrô, acho que caminhar faz parte do passeio; mas, gosto também de levar em conta as preferências dos meus companheiros de viagem.
Apesar de achar que o city tour naqueles ônibus de dois andares é uma opção cheia de prós e contras - sobretudo em cidades que tem um trânsito caótico -, meu marido, ao contrário, curte pra caramba este tipo de passeio, e é a primeira ideia que tem quando visita uma grande cidade pela primeira vez. De qualquer forma, por ser um modo prático de se fazer um reconhecimento geral da cidade, embarco também nessa onda.
Então... em Roma, pela primeira vez, saimos da Piazza Bologna e rumamos, de metrô, na direção da estação Termini, onde descemos e nos dirigimos às imediações do Teatro dell Opera, próximo do terminal dos ônibus que fazem o sightseeing.
O trajeto do nosso passeio incluiu as seguintes atrações: igreja Santa Maria Maggiore, Jardins da Villa Borghese,Villa Borghese Pinciana, Piazza Vittorio Emanuelle II, Coliseu, Arco de Constantino, Circo Massimo, Monumento a Vittorio Emanuelle II...
Depois do Coliseu, chegamos ao Circo Massimo - uma imensa e espaçosa arena de entretenimento que funcionava desde o início da história de Roma.
Atualmente, é uma área descampada, comumente usada pelos romanos como área de lazer. É um local privilegiado, de onde se vislumbra o Palatino, uma das sete colinas de Roma.
Depois do dia (ontem) curtido em Lisboa, corrido e cansativo, embora agradável - por força da conexão da TAP, Recife-Lisboa-Roma -, finalmente desembarcamos em Roma, no aeroporto Leonardo da Vinci, mais conhecido como Fiumicino. Quem desembarca de vôos internacionais nas maiores companhias, provavelmente, o fará no aeroporto de Fiumicino, um município costeiro de Roma, que fica a 50 Kms do centro da cidade.
Contando as horas embarcadas com o dia passado em Lisboa, foram quase vinte e quatro horas “em trânsito”. Chegamos a Roma, feito zumbis, às 23h10, com pouco mais de quatro horas de voo, ansiosos por chegar ao hotel, e cair literalmente numa cama confortável.
Fomos surpreendidos com um aeroporto deserto, e todos os guichês de informações ao turista estavam fechados, onde não havia qualquer pessoa para nos informar sobre taxi, sobre a cidade, trajeto para o hotel, mapas, folhetos turísticos, nada. Não havia lanchonete ou restaurante aberto. Não havia viv’alma dentro daquele aeroporto.
Mapa: Lonely Planet Website
Chegamos sem um mapa de Roma, pois, no Brasil, comprei apenas um da Itália. Não consegui nenhum local, nem carta de metrô. Contava em poder adquirir um imediatamente à chegada. Diferentemente do aeroporto de Lisboa, onde trocamos moeda, encontramos mapas e informações instantaneamente. Em Roma, talvez pelo adiantado da hora, tudo já havia encerrado – para a nossa insatisfação.
Ficamos receosos de contratar um taxi pirata, fora do aeroporto. Mas, não havia alternativa. Soubemos depois que o ponto oficial de táxi era mesmo na saída do aeroporto. De qualquer forma, sem saber disso, tivemos a sensação de estarmos nos submetendo à sorte, ao risco, e que estávamos prestes a embarcar numa aventura, tentando nos comunicar com os taxistas italianos, em português mesmo, ou em inglês.
Logo mostramos o endereço do nosso hotel, e fomos atentidos por um motorista sisudo, durante o percurso, todo o tempo, calado. Achamos longo o trajeto do aeroporto até a Piazza Bologna, onde se localiza o Hotel Laura, talvez por causa do cansaço da viagem, pelo silêncio, ou pelo enfrentamento da desconhecida noite romana. Meia noite em Roma, parecia plena madrugada. Nada parecido com as noites do Rio, de São Paulo, Paris. Ruas de Roma nos pareceram desertas, estranhas para nós, com pouquíssimo trânsito. E um motorista carrancudo.
Mapa: Google Maps
Durante longo tempo do trajeto não consegui distinguir nada familiar na paisagem da cidade eterna. Não enfrentamos congestionamentos. Passávamos por auto estradas, vias expressas, túneis, longas alamedas. Passamos por algumas ruas com prédios de arquitetura antiga, mas nada ainda que lembrasse as imagens típicas da cidade italiana, tão decantadas em nossos livros de história, nos clássicos filmes italianos, ou nas antigas revistas de fotonovelas que eu tanto lia na adolescência. Por alguns momentos, passou pelas nossas mentes se aquele motorista estaria, realmente, levando-nos à Roma.
Foram quase trinta minutos de um trajeto sem sentido para nós, até que...'pera aí... eu vislumbrei, de relance, duas coisas: o Arco de Constantino e uma lateral do Coliseu. Foi muito rápido, mas o suficiente para relaxarmos. Estávamos, portanto, no coração de Roma.
Mas, indícios da direção da Piazza Bologna... nada. Havia trechos em que só víamos a escuridão ou as luzes dos túneis. Somente depois de 32 kms é que chegamos à desejada Piazza Bologna, ou Praça Bolonha, em bom português. E, logo vimos que, embora aquela área também parecesse deserta, na praça, ainda se podiam ver grupos de pessoas em altos e animados papos.
Colada à praça, avistamos imediatamente a estação de metrô Piazza Bologna, cuja entrada estava a dois metros da entrada do Hotel Laura. Que alívio! Chegamos.
Ciao, Roma!
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Atualizando (25.11.12):
Soube, pelo blogFui e Vou Voltar, que a empresa Elmocar, pertencente a uma família brasileira e bem reconhecida pelos turistas, faz transfer e tours em Roma. Transfer do aeroporto de Fiumicino, porto de Civitavecchia, Citytours em Roma. Além de aluguel de carros e vans com motorista de língua portuguesa para viagens pela Itália.
Se há algo que me deixa feliz e animada, como pinto no lixo, é viajar. Não importa o lugar. É para qualquer parte. Há viagens, no entanto, que me deixam mais animada que outras. E não posso negar que viajar para Europa é sempre como se fosse a primeira vez. Fico num frisson indescritível, que começa meses antes e o auge é justamente no dia da viagem. Como ontem.
Depois de alguns meses estressantes de trabalhos, aperreios, e a última semana de alta tensão, com os últimos preparativos para a viagem - finalmente, chegou o dia D - com toda a euforia, correria e vexames, comme il faut.
Trabalhei dobrado, dormi pouco, corri muito para administrar toda a sorte de pepinos, e ainda deixar a vida, casa-e-trabalho, nos trilhos. Afora que, como se ainda não bastasse o tempo tão cheio, estando em época de eleições para Presidente, precisei manter a vigília intensa na militância, no Facebook, em favor da nossa candidata Dilma Roussef. Ontem, justo ontem, dia da nossa partida, tivemos, eu e o marido, de ser os primeiros na fila de leitores, para não perdermos a hora - de votar, resolver as pendências, e de viajar.
Nossas malas, minha e de Gabi, foram refeitas duas vezes (e correndo contra o tempo), porque achávamos sempre que ainda estavam pesadas. A minha, por razões óbvias, pois minhas roupas, de tamanho GG, por menos que seja a quantidade, preenchem muito a mala.
Como nosso voo foi marcado a patir de Recife, saindo às 21h15, foi necessário que meu filho e sua namorada fosem nos deixar no Aeroporto Guararapes.
Saímos de João Pessoa às 15h30, e chegamos, sem imprevistos, bem antes da hora do embarque, cansadérrimos, mas felizes. O embarque, por sua vez, foi tranquilo, sem problema e sem atraso.
Enquanto aguardávamos o voo. Na foto, os três viajantes, e meu filho, atrás, fazendo gracinhas.
Nosso voo, TAP0014, foi pelo Air Bus Industrie A330-200. Boa aeronave, sem apertos, confortável.
Durante o voo, foram servidos jantar e café da manhã. Excelente comida, acompanhada de bebidas variadas (vinho, cerveja, refrigerante, suco, água, café), e sobremesa.
Como estávamos todos cansados, o percurso foi entremeado de cochilos e videos. Passei a viagem tentando assistir ao filme "A culpa é das estrelas" ou observando aquela animação do aviãozinho que faz a rota Recife-Lisboa, enquanto Elias dormia a sono solto e Gabi, quando acordada, jogava e jogava.
Realmente, mal sentimos o tempo passar.
Chegamos em Lisboa às 08h50 de hoje. Encontramos um dia ensolarado, um pouco quente para suportarmos os nossos casacos, que não puderam seguir em nossas malas porque... aumentariam o peso das bagagens.
Tivemos, em Lisboa, uma conexão demorada de quase doze horas.
Logo quando chegamos, entramos numa fila imensa e superdemorada de migração. Revista de raio X mais minuciosa que no Brasil, mas, mais uma vez, tudo tranquilo.
Aproveitamos a demora da conexão para dar uma volta em Lisboa e fazer umas comprinhas básicas. Gabi precisava de um tênis e eu já sabia que a marca era Camper e seria encontrado na loja Camper Lisboa, na rua Santa Justa, na Baixa. Ainda bem que ela gostou do estilo e, imediatamente, escolheu o dela. Além disso, ela queria comprar um presente para o namorado, e já havia localizado os endereços das lojas no Chiado. Entramos em várias, mas ela não encontrou o que procurava, e acabou optando por comprar outra coisa. Elias também comprou uma camisa de um time português, para o neto.
De minha parte, enquanto caminhava pelas ruelas de Lisboa, fiquei encantada com inúmeras lojas de design, lojinhas, retrosarias, livrarias tradicionais, brechós e armarinhos, repletos de artigos vintage, badulaques, obras raras e coisas interessantíssimas.
Fiquei horas, estática, somente admirando um certo objeto ou a loja inteira. Não satisfeita, ainda, com que via na vitrine, eu ficava a imaginar o que podia conter no interior de cada loja, dentro de cada gaveta, de cada escaninho, semelhamte à caixa de pandora, repleta de preciosidades e (f)utilidades escondidas, a descotinar, se adentrássemos no recinto.
Ah, Lisboa e seus biscuis, laços de fita, galinhos folk, suas cartelas de botões, suas loiças antigas, seus alfarrábios, seu passado e seus mistérios.
Cada rua era sempre uma surpresa, com suas antiguidades, a compensar as ladeiras. Muito melhor do que passear em shoppings, fnacs e etc. Mas, me segurei para não comprar nada, lembrando sempre que, desta vez, ainda íamos viajar bastante de trem e não convinha abarrotar de compras as nossas malas.
Terminadas as poucas (ainda bem) compras, fomos ver as lojas do "Armazéns do Chiado", demorando na FNAC, especulando os preços dos iPhones. Só especulando mesmo.
Confesso que tantas subidas e descidas de ladeiras, cruzadas de becos e travessas, deixaram-nos mor-ti-nhos de cansados. O efeito jet-lag já nos ameaçava, tanto que não senti a menor disposição de fotografar a cidade. O que lamentei, mas cansaço também é entediante. Afinal, estávamos com quase 24 hs (descontando os fusos horários), despertos, e em plena atividade.
Em seguida, nos demos conta que estávamos famintos (sem almoço). E, por estarmos no ponto mais cosmopolita, mais charmoso e movimentado de Lisboa, procuramos um dos cafés da rua Garret, no Chiado, para matarmos nossa fome e darmos merecido repouso aos nossos pisantes.
Tomamos, Gabi e eu, na Pastelaria Benard (bem defronte da loja Paris em Lisboa), uma canja de galinha bem diferente da nossa canja caipira, não menos deliciosa, que me despertou bastante os neurônios. Mas, não as pernas.
Foto: Facebook da Pastelaria Benard.
Foto: Guia Kekanto.
Depois disso, ponderamos que era hora de seguirmos ao aeroporto. Embarcamos e ficamos um bom tempo no duty-free. Procurei, em vão, minhas velhas sombras da Lancome, e o perfume de meu filho, um da Ferrari, que ele gosta. Estou desconfiada que ambos saíram de linha. Vamos ver se consigo encontrá-los até o final da viagem. Acabei comprando apenas uma bolsinha organizadora interna de bolsa; e Elias um carregador de celular.
Distraímo-nos horrores no duty free, especulando os preços de perfumes, maquiagens, nos segurando, até quando pudermos comprar algumas bobagens. Enfim, rumamos para o embarque definitivo.
Bem, eu já havia esquecido que seria uma looonga caminhada! O aeroporto de Lisboa é imenso e de muito movimento. Requer muita cautela, para não distrair e perder o voo.
Apesar de toda empolgação com Lisboa, a oportunidade de visitar a cidade, neste curto espaço de tempo, poder sentar num café do Chiado fez muita diferença. Porém, foi atividade demais, correria e esforço em subidas-descidas de ladeiras, sobe-desce de taxi, de modo que, ao embarcar para Roma - nosso próximo destino -, estávamos exaustos. Meus joelhos já estavam sensíveis no início da viagem.
Queremos conferir agora se all roads lead to Rome.
Mas, vam'bora pegar esse avião da TAP, que sai agora às onze horas, como diz Adoniran: quais, quais, quais, quais, quais, quais, quaiscalingudum...
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Pastelaria Bénard R. Garrett, 104 - Chiado - Lisboa - Portugal
Vamos partir, eu, marido e minha sobrinha Gabriela, amanhã, para a Europa. Será a primeira viagem dela. Presente dos pais, nos seus quinze anos. Adoro minha sobrinha, que é, também, afilhada nossa. Por isso, creio que será uma viagem agradável.
O roteiro, sonhado e planejado, é este: Brasil (saindo amnhã, de Recife, com conexão em Lisboa) - Roma e Veneza (Itália) – Paris e Marselha (França) – Barcelona e Madrid (Espanha) - Brasil.
O nosso roteiro de transporte e hospedagem ficou, assim, consolidado:
Nossas passagens aéreas (Recife-Lisboa-Roma-Madrid-Lisboa-Recife e Veneza Paris) foram adquiridas com antecedência de dois meses da nossa partida. Se tivésemos comprado pelo menos três meses antes, talvez o custo fosse mais baixo. Apenas as passagens de trens foram compradas mais próximas dos embarques, pois estávamos aguardando confirmação de algumas reservas de hotéis.
Conferimos com todo o cuidado: nomes, datas, aeroportos de chegada/saída, estações, números de vôos, referências de terminais de embarque/desembarque, números de vagões, horários.
Costumo planejar minhas viagens consultando os mapas, os dicionários e pesquisando os possíveis roteiros de viagem em sites especializados, blogs de viagem, etc. Como tenho mania por guias, vou aumentando o acervo a cada viagem. Ao sentir interesse ou curiosidade por algum lugar, logo procuro um guia, entre os melhores.
Como já falei aqui, em outro post, valorizo-os mais quando ainda estou ‘sonhando’ com a viagem e na fase de planejamento. Gosto muito dos guias “Frommer’s” , os daFolha de S. Paulo, os pequenos guias Berlitz, os do blog “Conexão Paris”. Só não costumo levá-los comigo (só alguns estritamente indispensáveis e leves), pois enchem e pesam muito na bagagem. Faço uma lista básica dos pontos principais a serem visitados, e no mais, levo as informações no pendrive, algumas dicas e sites importantes, para recorrer, se houver necessidade e internet disponível.
Quanto aos mapas de trem e metrôs, faço questão de levá-los comigo, posto que nem sempre é conveniente pegar taxi do aeroporto para o hotel.
Fiz um roteiro em excel, tipo um mapeamento, com todas as informações sobre a viagem. Ao nosso ver, está tudo ok. Fiz uma lista de vôos, trens e endereços importantes, com todos os detalhes: nºs de bilhetes, códigos de reserva, datas, nºs de vôos, nº de assentos, aeroportos, estações, horários, plataformas, terminais; nomes e endereços completos dos hotéis, localização, como chegar e sair por/para aeroporto/estação de trem ou metrô.
Levarei também uma lista de endereços importantes: representações diplomáticas do Brasil nos países de destino, seguro saúde, banco emissor dos cartões de crédito, nº de atendimento ao cliente do cartão, empresas taxi que fazem traslados aeroporto/hotel em cada país, de algumas pessoas da família, da Anamar, etc. Facilitará quando precisarmos de uma ‘visão geral’ da viagem, dos deslocamentos, e por segurança, é mais um registro dos dados da viagem, em caso de emergência ou que percamos algum documento. Espero, no entanto, não chegar a precisar desses recursos.
Algumas cidades do roteiro são desconhecidas para mim (Roma, Veneza, Barcelona); Paris já conhecemos bem; e outras, nem tanto (Madrid, Marselha). Mas são destinos do coração. Estamos os três ansiosos e felizes, embora tensos com as preparações, e com tantas coisas para se providenciar neste último mês.
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Deveriamos retornar à Europa, pelo menos, a cada ano. Tal é o apreço que temos pela beleza e acervo cultural daquele continente. Porém, nem sempre, as disponibilidades dos interessados coincidem no mesmo período. Esta viagem, por exemplo, foi adiada duas vezes, devido à impossibilidade de nosso filho nos acompanhar naquelas ocasiões. E, afinal, como ele foi admitido, bem recentemente, num novo emprego, acabamos por decidir irmos sem ele.
Tivemos um ano tenso. Estamos ambos, eu e meu marido, cansados. Quatro anos sem viajarmos nas férias. Então, resolvemos acomodar alguns compromissos, e aproveitar o outono europeu. Sim, porque o frio já se anuncia, e a última experiência nossa com o inverno europeu foi um pouco complicada para mim. Como lá é outono, o calor parece ter-se amenizado, e o frio ainda não chega a doer nos ossos.
Fiz um roteiro personalizado e dividi as responsabilidades de reservas e de compras, por questões de confiança, com a Anamar Turismo, uma agência de viagens daqui de João Pessoa, já conhecida nossa. Definimos o percurso geral, o calendário dos lugares a visitar. A agência localizou os melhores hotéis, fez as reservas, localizou a melhor modalidade de passagem. Escolhi os meios de transporte para os percursos internos e fiz as devidas aquisições das passagens.
Como de praxe, nos planejamentos de nossas viagens, consultei quase todos os sites oficiais de companhias aéreas que vão aos destinos que desejamos, considerando também, aquelas que oferecem passagens de baixo custo (low cost), verificando quais os serviços e preços diferenciados que praticam.
A nossa opção foi por vencer as maiores distâncias (Recife-Lisboa - Madrid-Lisboa-Recife) de avião (TAP); e percorrer parte interna da Europa de trem (sempre os de alta velocidade, para ganhar tempo). Internamente, apenas o trecho de Veneza-Paris será feito de avião (Air France), devido à longa distância, o que levaria muitas horas de trem.
Vocês podem questionar se a viagem de trem seria mais barata do que avião. Nem sempre. Então, a opção é fazer de avião, no roteiro interno da Europa apenas o trecho de Veneza-Paris, por conveniências de tempo e da distância. Nos demais, escolhemos os trens de alta velocidade, principalmente, pelo conforto; e, porque faremos trechos aprazíveis (regiões belíssimas), ótimas para se fazer por trem.
Partiremos amanhã e já estou ansiosíssima! Tentamos resolver zilhões de coisas, nesses últimos dias, para deixar as vidas, trabalhista e doméstica, organizadas, enquanto viajamos. Providenciamos passaportes, que estavam a vencer, tomei vacina de gripe, dei aulas, orientei alunos, participei de bancas, orientei minha irmã nas providências da primeira viagem de minha sobrinha, fiz comprinhas básicas para a viagem; sem falar no lado doméstico, para deixar a casa em ordem, atendendo às necessidades do meu filho, que deve ficar.
Só para se ter uma idéia da correria desses últimos dias, digo que precisei de um dia inteiro para vasculhar os armarinhos da cidade, procurando dois botões para meu casaco de lã, que eu não sabia que haviam caído, e perdido. Tenho este casaco há mais de quinze anos, que só usei em duas viagens, mas é um coringa, aquece e veste bem, e tem uma cor facilmente combinável - não dá para imaginar a viagem sem ele. De tão antigo, foi difícil encontrar os botões iguais.
Amanhã mesmo, o dia da viagem, não será fácil. Teremos eleição para Presidente, governadores, etc., e devo ir votar muito cedo, pois sairemos para Recife à tarde. Espero que as filas não estejam imensas. Ainda tenho partes da bagagem para organizar. Acabei de fazer, com minha irmã, a primeira arrumação da mala de Gabi. Ficou pesada. A minha, já iniciada há alguns dias, também está pesada. Até amanhã, vou pensando no que eliminar, pois vamos viajar bastante de trens. Não é nada cômodo arrastar e suspender malas grandes ou pesadas para pegar e subir em trens, com pressa.
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Seguro Saúde
Optamos por seguros que pagam diretamente aos hospitais e médicos no exterior, para que não tenhamos que pagar antecipado e só receber o reembolso na volta. Alguns países da Europa são signatários do tratado de Schengen (incluindo Portugal e França, dentre os que visitaremos), e exigem uma apólice com cobertura mínima de 30.000 € para permitir a entrada do turista. É possível que os oficiais da imigração peçam ou perguntem pelo documento.
O seguro que fizemos foi o da Coris. Recomendo. Na última viagem que fizemos, o meu filho teve, em Londres, uma forte crise renal. Chamamos a Coris, que nos mandou um médico e ele veio prontamente, em menos de meia hora. Examinou, fez exames clínicos no mesmo instante, medicou, passou um bom tempo aguardando a melhora, e ainda deixou um hospital de prontidão até o dia seguinte, caso ele viesse a precisar. No dia seguinte, o médico nos telefonou perguntando sobre a saúde do meu filho. Felizmente, ele melhorou, não precisou de internação, e prosseguimos nossa viagem tranquilamente, sem sustos.
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Abaixo, o certificado internacional da vacinação, emitido pela ANVISA. Minhas vacinas, felizmente, estavam vigentes. Eu as havia feito na viagem de 2010 para a Europa. Apenas tomei a vacina da gripe e providenciei este certificado. Este sim, havia vencido o seu prazo de validade. Fiz isto no Lactário da Torre, aqui em João Pessoa, mas pode ser feito em dois endereços:
Aeroporto de João Pessoa Aeroporto Presidente Castro Pinto –Bayeux Cep: 58308-901 João Pessoa – PB Tel.: (83) 3232-4062/4071 Atendimento: Seg à Sex, 13h às 17h
Centro Municipal de Imunização – Lactário da Torre Rua Prefeito José Bezerra, s/n - Bairro Torre Cep: 58040-690 - João Pessoa-PB Tel.: (83) 3211-6774 Atendimento: dias úteis 8h às 11h e de 14h30 às 16h30
Grana da viagem e uso de cartões de crédito
Meu marido é quem cuida desse "departamento", tomando as providências necessárias à organização e gastos em viagem, ao uso e trocas de moedas e uso dos cartões de crédito no exterior. Isso, ele o faz com muita antecedência: verifica os limites e datas em que expiram; informa ao nosso gerente local os planos de viagem; informou-se sobre os custos associados ao uso dos cartões, de saques, a forma de cálculo da fatura. Habilita os cartões para compras no exterior pelo período que estaremos fora do país. Nas nossas viagen, levamos dois cartões das bandeiras Visa e MasterCard, e de bancos distintos.
A Abecs diz que o valor das transações, em qualquer moeda estrangeira, será convertido em dólar americano e depois convertido para real na data de emissão da fatura. Sabemos também que sobre as transações efetuadas em moeda estrangeira, haverá incidência de IOF e também poderá ser cobrada tarifa de conversão.
Embora o nosso objetivo não seja o turismo de compras (nossa viagem é motivada mais pelo conhecimento do que pelo consumo), entendemos que a viagem, por si mesma, envolve custos (de hotéis, restaurantes, passagens, lanches). Ainda que fazer compras não esteja em nossos planos, nos acalma saber com o que podemos contar e quais são os custos que estarão por trás das nossas transações.
Em termos de grana, levaremos uma parte em euros e um pouco em cheques de viagem, considerados mais seguros em caso de furtos. Além disso, lembramos de manter uma reserva de reais para pequenas despesas no aeroporto, na saída e na chegada.
Eu sofro de claustrofobia, não posso participar de mentes fechadas.
~ Lucrezia Beha
Os homens tem o direito de usar qualquer roupa, desfilar só de cuecas, até de saias, andar sem camisa, sem ser assediados, ofendidos ou atacados. Nós, mulheres, somos ameaçadas ao insistirmos em fazer uso do pleno direito de escolher e vestir as nossas roupas - longas, curtas, transparentes, fashions, modernas, conservadoras, antiquadas, sexies, bregas, chiques - da forma que quisermos. Quando jovem, adolescente, ou na idade madura, sempre tive atitude, nunca senti pudores, nem insegurança de vestir o quisesse, micro saias, blusas curtas ou longas, costas nuas, crop tops, shorts curtos e apertados ou pantalonas, sarongs, biquinis asa delta, engana mamãe... Apesar da timidez, nunca aturei chavecos, pegadas desrespeitosas, e sempre encarei com altivez os assobios, sem permitir que me oprimissem, ou que homens ou mulheres machistas me fizessem sentir vítima da minha autonomia e da minha legítima vaidade.
Ouvi agora, no seriado da Globo, e me bateu uma saudade, uma nostalgia, da série de filmes de Rainer Werner Fassbinder, que assisti nos cinemas de Brasília,na década de oitenta: Lola, Lili Marlene, Berlin Alexanderplatz, O Desespero de Veronika Voss, Querelle, O Casamento de Maria Braun. Muitas saudades das antigas salas candangas. A da Cultura Inglesa, com seus imperdíveis filmes de arte. As salas do Conic, Cine Atlântida (onde assisti a'O Baile, pela primeira vez), Sala Miguel Nabut, Sala Badia Helou. Drive-In, e um cinema do Gilberto Salomão, onde assisti a'O Desespero de Veronika Voss. Tudo isso, antes das salas dos shoppings modernos, e antes de preenchermos nossas residências com os videocassetes, que, nesse período, já começavam a decretar o fim das grandes salas, nos moldes tradicionais. Uma pena.
Estamos comemorando o final de uma abençoada jornada.
Sabemos como foi árduo o caminho, tendo que alternar dois cursos de graduação e dividir o tempo com estudo e trabalho. Mas, tanto a travessia quanto o destino, são sempre compensadores quando encarados com responsabilidade. Com a confiança em Deus, o conhecimento, energia e juventude, você está pronto para a vida. Ocupe o lugar que conquistou, que merece e que desejamos para você. Estamos juntos, com amor e orgulho.
A turma de Engenharia de Produção.
Pai e filho.
Com a tia Lucinha.
Com tia e madrinha e primo Conrado.
Dançando a valsa com Kyara, a namorada.
Dançando a valsa com a afilhada, Maria Clara.
Com Karine, prima e mãe de Maria Clara.
Com os tios, Gonzaga e Aparecida, e o primo Klayton.
Com os tios Dimas e Angela.
Como ainda não localizamos a/s foto/s que tiramos juntos, fica esta mesma.
Com a amiga Sarita Bora e seu namorado.
Com os amigos Igor e Débora.
01-03-2014
Criança é quem ainda não viajou e fica feliz imaginando a viagem. Adulto é quem já viajou e fica feliz olhando as fotos de viagem.
~ Rubem Alves.
“No dia em que você sentir que o mundo inteiro é sua casa, que o céu é seu teto, que a terra é seu piso e que cada árvore é seu jardim, então você estará realmente em casa.”
Na contramão do carnaval, acabando de ver Azul é a Cor mais Quente, do diretor tunisiano Abdellatif Kechiche. Lindo filme de 180 minutos que "super valem a pena", como dizem as top, por aí. E não é só sobre amor e sexo. "É um filme sobre o desafio de tatear o mundo e de encontrar-se e identificar-se no outro." (Marcelo Hessel).
Assistam, assistam. Ao menos pela beleza estonteante de Adèle Exarchopoulos. Vencedor da Palma de Ouro, o longa francês conta a história desta garota de 15 anos, que se apaixona pela primeira vez por uma mulher.
Fevereiro foi foda, de tanto trabalho. Dias lotados, mas produtivos. Apreciação das dissertações e as perspectivas de bons resultados, de reconhecimento do esforço. Boa repercussão do trabalho da Fiat. Dias bem curtidos, também. Teve Gostoso, Natal, descanso, leituras, reencontro cazamigas, família, largada para o livro. Sonho do filhão realizando-se. Se felicidade for isso, tá de bom tamanho.
Coisa linda! Se eu fosse Gylmara, escreveria um livro só com as pérolas do filho esperto:
"Estou guardando a feira e conversando com Lucas e de repente ele diz: - Mamãe, sabe aquelas minhas moedinhas? Eu ganhei porque vendi uns materiais da escola. Vendi uma régua e um lápis pintura! - Por que vc fez isso Lucas?? Pra que você tá juntando dinheiro? - Porque eu quero, mamãe. Pra vc pagar a casa que a gente tá construindo!!!!!"
É um drama! Passei 45 minutos convencendo à funcionária da OI que eu não quero mais a linha cativa dela. E ela não me desliga da rede, oferecendo-me mundos e fundos, insistindo, insistindo. Foram 18 anos sugando o suor do meu rosto. Sai da minha aba, eu não quero mais você, pô! Faz anos que não faço uma chamada desse telefone, sequer uso o número (que já apaguei da memória), pago todos meses quarenta e cinco reais (não seria eu, se assim não fosse) sem usar essa catrevagem! Não quero saber de bônus, de ônus, nem de trônus. Comigo não, violão! Não vem que não tem. Eu vou à Anatel.
Segunda vez em Gostoso, é como se fosse a primeira, porque o prazer de ficar e de retornar sempre se repete.
A primeira vez que fui a Gostoso, foi na segunda semana de janeiro do ano de 2008; portanto, em baixa temporada. Foi uma viagem super tranquila e divertida, e fiz com meu filho e uma sobrinha neta. Desde então, sempre nos referimos a essa viagem como uma das melhores que fizemos porque a cidade não estava muito lotada, as pousadas todas tranquilas, as praias quase desertas - só para nós.
Por isso, fomos, meu marido, eu e uma amiga nossa, porque ambos tinham enorme curiosidade de conhecer Gostoso, de tanto que falávamos. E escolhemos ir novamente em baixa temporada. Considerando que fevereiro é um mês de temperatura quase amena, pois o período chuvoso aproxima-se, mas ainda não chove de maneira intermitente, nem torrencialmente, e o calor, já não é escaldante como no pleno verão. Passamos três agradáveis dias curtindo praia, sossego, descanso e comendo deliciosamente, aproveitando a fartura de peixes e frutos do mar; além das águas rasas e mornas, em cujas praias podemos também admirar grandes falésias e coqueiros.
O município de Gostoso está a 102 quilômetros de Natal. A distância entre João Pessoa e Gostoso é de cerca de 293 km, e de carro fizemos em 3h45. Até Natal, em pista dupla.
Vamos ser velhos ao sol nos degraus da casa; abrir a porta empenada de tantos invernos e ver o frio soçobrar no carvão das ruas; espreitar a horta que o vizinho anda a tricotar e o vento lhe desmancha de pirraça; deixar a
chaleira negra em redor do fogão para um chá que nunca sabemos quando será - porque a vida dos velhos é curta, mas imensa; dizer as mesmas coisas muitas vezes - por sermos velhos e por serem verdade. Eu não quero ser velha
sozinha, mesmo ao sol, nem quero que sejas velho com mais ninguém. Vamos ser velhos juntos nos degraus da casa -
se a chaleira apitar, sossega, vou lá eu; não atravesses a rua por uma sombra amiga, trago-te o chá e um chapéu quando voltar.
MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA, in POESIA REUNIDA (Quetzal, 2012)
Molecada esperando a grande onda na orla, entre Tambaú-Manaíra.
As altas ondas despertaram a atenção de quem passava pela rua.
Maré cheia. O mar quase ultrapassando a calçada.
O banho da crinçada lembrou-me a infância. Nas cheias do Rio do Peixe, em Sousa, a meninada mais corajosa pulava da ponte, mergulhando e desafiando a correnteza do rio.
"Eu gosto de viver. Já me senti ferozmente, desesperadamente, agudamente infeliz, dilacerada pelo sofrimento, mas através de tudo ainda sei, com absoluta certeza, que estar viva é sensacional."
~ Agatha Christie.
"Uns nasceram para cantar, outros para dançar, outros nasceram simplesmente para serem outros."
Penso no governo de Kennendy como uma obra inacabada. À exceção da guerra do Vietnã - forçada por assessores, da tentativa de invasão da Baía dos Porcos e da Crise dos Mísseis de Cuba - sob pressão dos militares; o melhor legado, as reformas sociais, foi colhido e implantado por Lyndon Johnson. Mesmo tendo declarado guerra ao Vietnã, não creio que se empenharia tanto quanto LJ. Foi uma era inconclusa, mais conhecida pelo que se deixou de fazer. O mundo supervaloriza as suas consequencias sobre as gerações de hoje. As conquistas realmente efetivadas foram medíocres. Por conta de seu carisma, encanto e brilho de estrela de Hollywood, o que Kennedy logrou foi manter-se como um dos presidentes mais querido pelos americanos.
Tinha oito anos. Estava na calçada defronte a nossa casa, na rua Solon de Lucena, em Guarabira, com minha mãe, então grávida de minha irmã caçula, e mais alguns vizinhos, entre adultos e crianças daquela rua. Há poucas horas, tínhamos ouvido pelo rádio que o Presidente Kennedy, dos Estados Unidos, teria sido assassinado. Eu não sabia quem era Kennedy, nem o que eram os Estados Unidos. Sequer sabia o que era país. Sob o véu da ingenuidade, sentia-me profundamente assustada com as expressões dramáticas e com os comentários que toda a população emitia sobre as circunstâncias da morte daquele ilustre cidadão, episódio que passaria a povoar os meus pensamentos, por meio século. Jamais esquecerei aquele fatídico dia, porque, naquele mesmo instante, ali, naquela calçada, como se não bastasse o nefasto acontecimento, vimos estarrecidos, um jepp passar por cima de uma criança. Dois fatos distantes, mas trágicos, irremediavelmente associados e impressos em minha memória, marcaram o despertar da minha consciência para o mundo.
E você, também foi testemunha desse tempo? Onde estaria, naquele 22 de novembro de 1963?
Uma geração deixa muitas memórias, conta muitas histórias, experiências. Uma geração fala de muitos relacionamentos, amores, de músicas que a representaram. Uma geração nunca atravessa décadas, incólume. Toda geração tem seus áureos tempos.
A banda Uirapuru Zimbo, de Sousa, atravessou as décadas de sessenta, setenta, emocionando, lançando moda, contagiando a juventude sousense com sua música e sua alegria. Passados os tempos, uns partiram, foram escrever outros enredos existenciais. Outros ficaram, consolidando o sucesso de outrora. Estes, numa nova onda musical, reinventaram-se tocando música regional, e se auto denominaram Xique-Chique, para continuar encantando os seus seguidores.
Sábado à noite, sob forte chuva, os sousenses acolheram, no Campestre Clube, a banda Uirapuru Zimbo, em seus formatos novo e antigo (desde quando ainda se chamava Os Terríveis), para prestar um tributo àquele que foi seu idealizador: o artista Vandinho Dantas -, cuja homenagem transformou aquela em uma noite memorável, comovendo a todos ali presentes.
Num primeiro momento, tocou a banda Xique-Chique, com Aristeu, Deoberto, Deodato, Deusinho, Iran, Julimar e Wagner.
Perticipou desse show, também, Louisa Medcraft, neta de Julimar Dias, que surpreendeu a todos, cantando Imagine e Let it Be, dos Beatles.
Em seguida, na homenagem que se prestou a Vandinho, foi lançado o seu CD; e, numa performance marcante, ele cantou a música Django, canção símbolo do western italiano, na década de 70. Foi o ponto culminante de sua apresentação, com a atuação de outros jovens sousenses, reverenciando o homenageado. Ao mesmo tempo, foi rememorada a trajetória de Vandinho na cena musical de Sousa, uma figura carismática, irreverente, cheio de sex-appeal; e sua influência como músico, produtor, a abrir novas possibilidades sonoras e a ampliar os horizontes musicais das gerações seguintes – toda homenagem regada a lágrimas e a grandes emoções.
A banda Uirapuru entrou no terceiro momento déjà vu, em trilhas sonoras do passado, com Deusinho, Fátima, Julimar, Marcos e Telinha; salientando a sentida ausência de Tousinho, que esteve impossibilitado de comparecer ao evento. Telinha fez uma introdução emocionada da importância de Vandinho na criação dos grupos musicais e da sua influência em seus destinos como músicos, e das histórias e percursos do conjunto Uirapuru Zimbo.
Toda a noite foi pontuada por sucessos dos anos sessenta aos anos oitenta, uma época revolucionária na música, eternizada por grandes utopias, marcada pela psicodelia, jovem guarda, rock, discoteca, misticismo, musica romântica e MPB – passando por Guatanamera, Never marry a railroad man, Você abusou, Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, O milionário, Sem vergonheira, Do you wanna dance, Menina da ladeira, Sossega Leão, Que pena, Na tonga da mironga do kabuletê, La bamba, entre muitas outras músicas.
Foi uma noite de reprise do passado, inundada de chuva, e de velhos amigos que há muito não se reencontravam, para relembrar sucessos dos tempos áureos do Uirapuru, com suas letras literalmente cantadas pelo público. Foi um grande revival onde uma geração pôde comungar o velho espírito da jovem guarda, mostrando que ainda não está acabada!
Essa noite significou mais do que uma simples paixão por uma banda musical ou artista. Foi símbolo de um estado de espírito e de um jeito de ser sousense.
Sou tão apreciadora de fotos vintage, que não resisto às fotos antigas do acervo do meu amigo Renato Casimiro. Não me importo se a imagem atende aos requisitos tecnicamente corretos de fotografia. O que me interessa, quando gosto de uma foto, é o filme por trás da imagem, é o seu contexto, é o enredo, o que consigo enxergar com os meus olhos, com minha visão de mundo.
Examinem esta foto.
Que me perdoem os entendidos, mas acho linda demais esta foto. Pena que perde em nitidez, supostamente, pela ação do tempo. A atmosfera é bem interessante. As pessoas, fantasmogênicas, parecem emergir de uma espessa bruma, de um local indefinível, não-sei-de-onde. Em contraste, despontam duas garotas bem solares, maravilhosas, iluminando todo o cenário.
De autoria desconhecida, o ano do registro é 1946, e retrata o sepultamento do Beato José Lourenço Gomes da Silva. O cortejo sai da Capela de São Miguel para o Cemitério do Socorro, em Juazeiro do Norte, Ceará.
10-09-2013
Lençóis-BA, 1985.
Guardo as imagens que recolho na memória. Ou mesmo na falta dela. Sou um pensador de memórias não vividas para uma vida de tecer memórias antigas...
Uma das viagens mais nostálgicas que, recorrentemente, gosto de fazer, é voltar no tempo em que, inúmeras vezes, passei por Lençóis, na Bahia, fazendo o percurso Brasília-Juazeiro do Norte-Sousa-João Pessoa-Brasília. Já faz um bom tempo - eu diria, mais de trinta anos. Tanto tempo, que os registros fotográficos de então, desbotaram, perderam a cor - ou melhor, avermelharam.
As primeiras vezes, que fiz esse trajeto com meu marido, nosso filho ainda nem havia nascido; mas, depois, o repetimos, de carro, com ele bebê, imerso em suas parafernálias, de mamadeiras, fraldas a todas as tralhas pertinentes e cabíveis no nosso inesquecível chevette. Com ele maiorzinho, esperto, curioso, falante, às vezes enjoado, fazíamos toda a viagem respondendo às suas indagações sobre tudo, as estradas, as pessoas, as montanhas, o sol, a lua, o tempo, as horas, a chegada. Momentos mágicos e lúdicos cristalizados em minha memória emotiva.
Em algumas oportunidades, viajamos na companhia de amigos conterâneos também residentes em Brasília, e vínhamos todos em comboio animado, com nossas crianças, passar as férias, as festas natalinas pelas praias do Nordeste e matar a saudade das nossas famílias.
Noutras ocasiões, viajávamos sozinhos, um tanto inseguros, com as estradas longínquas e desertas, cheias de crateras e depressões, esgotando o nosso estoque de fitas cassetes, e toda sorte de sons e rítimos favoritos. On the road, ouvíamos desde clássicos (com Waldo de los Rios), românticos orquestrados, instrumentais (Mantovani, Billy Vaughn, Ray Conniff, Paul Mauriat, Zamfir), jovem guarda (Roberto Carlos), rock-pop (Beatles, Credence, Rolling Stones, Santana, Elthon John), até forró (Gonzagão, Trio Nordestino), frevo e música sacra.
Foram muitas aventuras, inesquecíveis experiências, ora divertidas, prazerosas, ora cansativas, tensas, e cheias de riscos. Deixávamos Brasília sempre sob chuvas torrenciais, que amainavam ao longo do caminho. Já no entorno de Ibotirama, fazíamos de balsa, a travessia do Rio São Francisco. No percurso passávamos por importantes cidades, Itaberaba, Seabra, Rui Barbosa, Barreiras; em seguida, nos deparávamos com belíssimos panapanás, nos trechos margeados por baixa vegetação, formando alamedas, quase um túnel natural, canalizando uma aragem agradabilíssima. Era o frescor do sul da Bahia. Esse clima ameno prolongava-se até Lençóis, numa brisa refrescante e serena, típica e sob medida da Chapada Diamantina, combinada com um por-de-sol inigualável, uma paisagem paradisíaca. Aos nossos sentidos, a liberdade era tudo que ali estava.
De repente assomavam-se as silhuetas da Chapada Diamantina, das ruelas antigas, mostravam-se as pontes, os prédios antigos de lampiões nas fachadas, o calçamento crespo, suas lavadeiras urbanas, afloravam-se as orquídeas e mandacarus, as suas lendas na penumbra do ocaso, começava a nos embrigar uma atmosfera de tempo perdido no passado. Essas imagens e sensações de Lençóis continuam intactas na memória de minhas retinas. Sempre que ouço falar em Lençóis, sinto saudades e vontade de revê-la, pois sei, pelos relatos de amigos e pela mídia, que mudanças profundas aconteceram na cidade, outrora bucólica, calma, semi etérea, quase deserta. Não sei se prefiro as suas imagens antigas guardadas na lembrança, como uma relíquia, ou se gostaria de revisitá-la e reconhecê-la com suas novas diversidades, modernas roupagens, outras tonalidades, novos cheiros, diferentes contornos, talvez novas esquinas, novas presenças. Pelo sim , pelo não, com os os velhos álbuns das viagens por testemunhas, uso-os como lentes sobre os últimos vestígios dos caminhos de Lençóis que me levam de volta ao mapa do meu passado.
Lençóis
Lençóis é uma cidade fundada com o nome de Lençóis do Roncador, no apogeu do garimpo na região e, por isso, conhecida como Capital do Diamante. Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, ostentando um lindo casario colonial do final do século XIX, a cidade tem sua história marcada por glórias, riqueza e muitas lutas. Desde quando foi extinta a atividade de mineração e criado o Parque Nacional da Chapada Diamantina, o turismo vem impulsionando o desenvolvimento da região, transformando Lençóis no principal destino da Chapada Diamantina, atraindo turistas de todas as partes do mundo. Imagens antigas da cidade e de seus garimpos podem ser apreciadas neste site.
Um dos roteiros mais atraentes de Lençóis, na época em que a conheci, eram as caminhadas pelas trilhas que cortam o parque, e os passeios pela Chapada. Naquele período, a cidade possuía poucas pousadas e, nós particularmente, ficávamos sempre na Pousada de Lençóis situada numa colina (hoje Hotel de Lençóis), cuja reserva era feita com bastante dificuldade e antecedência, quando ainda não havia fax, nem internet.
A seguir, registros de nossas passagens por Lençóis, em diferentes viagens.
Capela Senhor dos Passos, localizada ao lado do Mercado Municipal e tendo a sua frente o Rio Lençóis. 1984.
Vista para a Praça Horácio de Matos, ponto central da cidade (ao fundo, a Capela Senhor do Passos). 1984.
Praça Horácio de Matos, vista da Pensão Diamantina. 1984.
Pensão Diamantina - riqueza de arquitetura, localizada em frente ao Mercado Central e próxima às Pontes dos Arcos Romanos (construções do séc. XIX que ligam as duas partes da cidade, dividida pelo Rio Lençóis). 1984.
Ponte dos Arcos Romanos. 1984.
Casario antigo, com arquitetura preservada, com lampiões na fachada. 1984.
Subconsulado Francês, ao lado da agência do Banco do Brasil. Prédio do séc. XIX, onde se instalou um posto de transações com a Europa. 1984.
Com amigos, companheiros de viagem, Paulo e Marisa. 1984.
Ponte dos Arcos Romanos. 1984.
O velho Mercado Municipal, com traços de influência italiana; além de servir ao comércio, foi palco de muitas transações de diamantes. Aqui, participamos com Marisa e Paulo, de uma aonchegante seresta, entre pessoas simples da cidade. 1984.
Prefeitura de Lençóis. 1984.
Já não se vêem mais coretos nas praças, como antigamente. 1984.
Rio Lençóis que atravessa a cidade, forma corredeiras, quedas d'água, alaga velhos garimpos, forma praias, num clima gostoso de altitude e belos espetáculos de cascatas. 1984.
Rio Lençóis. 1984.
Rio Lençóis. 1984.
Teatro antigo. 1984.
Girassóis eram plantados em quase todos os jardins de Lençóis. 1984.
Vista parcial da cidade. 1984.
Lateral da Pousada de Lençóis, antes da reforma.1985.
Lateral da Pousada de Lençóis, antes da reforma, com vista para apartamentos e piscina, como se pode ver, ainda, morros e garimpos.1985.
Vista dos apartamentos da Pousada. 1985.
Elias junto à roda d'água da Pousada. 1985.
Na sacada da Pousada, com vista para a cidade ( ver teatro, coreto, prefeitura, e eu). 1985
Na pérgula da Pousada de Lençóis.
A caminho da Cachoeira do Glass.
Lençóis-BA, 1985 - Corredeiras nas pedras ponteagudas resultantes dos velhos garimpos, formando pisicnas naturais.
Gruta do Lapão ou Gruta da Lapa Doce, a 4 km de Lençóis. Caverna ampla com grande quantidade de formações como estalactites e estalagmites. É onde os artesãos locais recolhem matéria prima para o artesanato de garrafas. 1985.
Lavadeiras de Lençóis-BA, 1985 - Lavagem de louças nos córregos a céu aberto. Dizem que é um hábito antigo da população.
Numa das viagens, tivemos de pousar por mais tempo do que prevíamos, em Lençóis, por falta de gasolina. Era época de racionamento, os postos tinham horário para fechar, e contando também que a cidade tinha poucos e pequenos postos (não sei se um ou dois), e de bandeira desconhecida. Uma vez, passamos despercebidos pelo posto anterior a Lençóis; outra, não conseguimos alcançar o posto aberto.
Passávamos, em geral, o fim de semana, nalguma pousada, até que numa manhãzinha de segunda-feira, descortinando a névoa das montanhas, pegávamos a trilha do caminho de casa. Como ficávamos, frequentemente, no Hotel de Lençóis, da colina podíamos vislumbrar o sol atravessando a névoa. Pegávamos o caminho de volta à estrada, sentindo o aroma de café que fluía das casas, contemplando, nas estradas estreitas e floridas, as plantas orvalhadas, a natureza em sua pujança. Lembro, nitidamente, dessa cena, enquanto descíamos ladeira abaixo, ouvindo Elvira Madigan pela flauta de Zamfir.
Cruzar as fronteiras desse paraíso, era a etapa mais crítica da viagem, porque, depois, e logo, logo, nos depararíamos com uma mudança drástica de clima e temperatura, diante do mormaço incandescente do sertão nordestino. Viriam os longos e desertos trechos de estradas, esburacadas, empoeiradas, sinistras, sem acostamentos, na linha condutora da BR-242.
Essas estradas, nas dédadas de 80/90, eram o cenário fiel da crise econômica que o nosso país enfrentava. Crianças e jovens maltrapilhos nas estradas, tapavam os buracos com areia, a troco de quase nada, camuflando os maiores problemas sociais que vivíamos, a fome, a miséria, e falta de segurança nas estradas. Ajudando ou negando a esmola - duas faces da mesma moeda -, de ambas as formas, corríamos o risco de sermos assaltados.
O trajeto de Lençóis a Juazeiro do Norte, passando por Feira de Santana, Alagoinhas, Aracaju, Maceió, Cabo de Santo Agostinho, Recife, Petrolina, Salgueiro - era sempre demorado e tenso, e o estado das rodovias definia se teríamos tempo de adentrar a noite em alguma cidade que nos oferecesse uma hospedagem decente. Não raro, o trajeto era dificultado, também, pelas avarias no carro. Numa das vezes, de tantos sacolejos, o meu pimpolho passou mal, enjoou tanto, que não víamos o fim da viagem. Uma aventura!
Alento, só quando avistávamos Feira de Santana, ou as capitais que ficavam no trajeto. Nas entrelinhas, somente muitos buracos, calor, poeira, muitos canaviais com imensos caminhões engarrafando o trânsito.
Ainda ssim, considero que viajar é sempre uma viagem, e, em quaisquer circunstâncias e lugares, significa sempre mais experiência na bagagem. De avião é ótimo, mas de carro é também prazeroso, por possibilitar paradas providenciais a lugares interessantes, e a liberdade de conhecer novos lugares e pessoas, sem a rigidez de horários de voo ou espera em aeroportos.
Desde que bem planejada, uma viagem de carro pode ser também inesquecível, como as que fizemos, por alguns anos, pelos caminhos de Lençóis.
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Dicas:
Livro “Um Guia para a Chapada Diamantina” de Roy Funch, um americano que, por força do destino, acabou morando, e ainda vive, em Lençóis. Foi o idealizador e primeiro diretor do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
“As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é uma herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas do tempo… Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos”.
~ As lavadeiras de Mossoró, Carlos Drummond de Andrade.
08-09-2013
Pesqueira-PE, 1970.
Sousa-PB, 1958.
Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri: Antigamente eu era eterno.
Fiz esta viagem com Elias, como indica a data acima, há 29 anos, quando ainda morava em Brasília (morei lá durante 11 anos). Nosso filho ainda não tinha nascido, e foi a minha primeira ida a Minas Gerais, tendo visitado, além de Ouro Preto, Belo Horizonte, Tiradentes, Mariana, Congonhas. Desde então, não voltei mais às cidades históricas, embora tenha retornado inúmeras vezes a Belo Horizonte, a passeio ou a trabalho.
O relato que agora passo a fazer foi transcrito do meu 'diário de bordo', rabiscado logo depois o retorno dessa viagem.
Fomos no mês de julho, quando fazia um frio intenso e geadas ocasionais.
Sinto saudade dessa viagem, pois, além da riqueza cultural e de conhecimento que nos proporcionou, lembro perfeitamente da gentileza, do carinho do povo mineiro. Não esquecemos também a comida deliciosa. Foi a primeira vez que experimentei iguarias como feijão tropeiro, broinha de fubá, galinha com quiabo e polenta, couve à mineira, tutu, costelinha, entre outras. E nos acabamos nos doces e sobremesas. Este é um detalhe que aparece até nas fotos que tiramos. Estou sempre devorando um pedaço de doce. Lembro nitidamente dessa primeira experiência gastronômica em Minas, engordei horrores, pois não me privei de comer ambrosia, arroz doce, goiabada cascão, queijadinha, cocada de todos os tipos. E passamos, até, a incorporar algumas das delícias no dia a dia de nossa família. A couve mineira, por exemplo, é hoje frequente em nossa mesa.
Só lamento que a fragilidade da fotografia não garanta preservação dessas memórias com melhor qualidade. Nossas fotos estão longe de traduzir a boa lembrança que guardamos em nossas mentes e corações das experiências que vivenciamos naquela viagem. O tempo é inexorável. Poucas, das inúmeras fotos que tiramos, estão hoje em condições de traduzir ou de serem exibidas. Desbotaram, perderam a cor, a nitidez. E só permitem uma vaga lembrança do que realmente significou para nós aquela viagem.
Ouro Preto, "Cidade do Aleijadinho" (Antiga Vila Rica)
"Todos os sonhos barrocos deslizando pela pedra." ~ Cecília Meireles
Ouro Preto é o retrato vivo do Brasil Colonial. Patrimônio Cultural da Humanidade, 1ª cidade histórica brasileira a conseguir o título de Monumento Mundial, conferido pela Unesco. É considerada, por estes atributos, um "museu a céu aberto". Possui o maior conjunto homogêneo de arquitetura barroca do Brasil
É uma cidade linda; setecentista, portanto, bem antiga; encravada num vale de montanhas. Conhecida por acontecimentos importantes da história do país. A história da cidade é também permeada de muitas lendas já famosas, guarda segredos e cicatrizes impressas em suas próprias paredes à base de queima de óleo de baleia das antigas minas de ouro. Muitos escravos eram obrigados a atravessar minúsculas aberturas, onde permaneciam o dia inteiro, aspirando a fumaça das tochas, sob forte transpiração, e sufocados com o odor de urina e de fezes.
Por outro lado, a cidade é reconhecida pela coragem e ousadia, o que pode ser constatado no Panteão da Liberdade, onde se encontram os restos dos mártires que tão bravamente lutaram pela independência de Minas Gerais e do Brasil.
Praça Tiradentes: entrada e centro da cidade.
No meio desta praça, esteve exposta a cabeça de Tradentes, fincada em cima de um poste. No mesmo local o povo ergueu a estátua do alferes em bronze e granito. Os prédios coloniais importantes situados nesta praça, são: Palácio dos Governadores e a Velha Casa de Câmara e Cadeia. Ao fundo, parte central do Museu de Mineralogia.
Na extremidade dos quatro cantos da fachada, foram colocadas estátuas em pedra sabão representando a Prudência, a Justiça, a Temperança e a Força. No centro da torre da fachada, acha-se o relógio, ao qual se refere o inconfidente Claudio Manoel da Costa, em seu poema "Vila Rica":
"Quase aos céus provoca soberba torre em que demarca o dia volúvel ponto, e o sol ao centro gira".
Fachada lateral do Museu da Inconfidência, onde funcionaram Casa de Câmara e Cadeia. Seu acervo dispõe de peças de arte sacra, obras de Aleijadinho, documentos, móveis, utensílios e sepultura dos inconfidentes. Ao ser transferida para outro local, a Câmara Municipal (1860) transformou-se em penitenciária. No começo do século XX houve fuga de presidiários, alguns morreram emparedados, outros conseguiram escapar para o esgoto central, cujas paredes de pedra seca eram altas e verticais com capeamento de lajões e fundo de cantaria curva. O prédio funcionou como penitenciária até 1977, quando a planta interna do palácio foi alterada.
Acompanhada do nosso guia, vi no Museu: paredes de larguras imensas, oratórios do século XVIII; prensa do século XIX; armários e mesas do século XVIII; lanternas; luminárias; candeias; sanitários da prisão; cópias dos documentos originais de sentença dos inconfidentes, condenação à forca para Tiradentes e o seu atestado de óbito, que é muito curioso. Peças da forca de Tiradentes, seu relógio. Numa sala, dois túmulos: de Marília (verdadeiro), Bárbara Heliodora (simbólico). Na sala do Panteon dos Inconfidentes repousam os restos mortais dos heróis.
Torre do Museu da Inconfidência, antevendo-se a estátua da Justiça.
O Museu é considerado um dos mais importantes monumentos urbanos do Brasil Colônia, assobradado, e com alguns elemntos tradicionalmente mantidos como torres, escadas e relógios. Suas linhas são de gosto neo-clássico, inspirado no Capitólio de Roma.
Agora, seguimos para a Igreja de Nossa Sra. do Carmo, que fica ao lado do Museu.
Igreja de N. Sra. do Carmo
A igreja de N. Sra. do Carmo é considerada uma das mais requintadas do país. Contou com o trabalho dos melhores artistas da região em sua construção, que inauguraram o estilo rococó em Minas.
O risco da igreja foi feito por Manoel Fco. Lisboa, pai de Aleijadinho. Mais tarde, Aleijadinho foi contratado para fazer algumas modificações no risco do pai. É a igreja mais central de Ouro Preto e única que possui as portas laterais interiores trabalhadas em cedro. No século XVIII era frequentada pela aristocracia de Vila Rica. Tem a fachada encurvada com torres altas de faces abauladas, portadas em pedra sabão com brasão, representando o Monte Carmelo, no qual se vê uma cruz rodeada por 3 estrelas e 2 anjos. Na parte inferior e de cima do brasão, cabeças de querubins.
Foto tirada das escadarias da Igreja de N. Sra. do Carmo.
Congonhas reúne a história dos artesãos e artistas mais representativos de Minas do século XVIII, quando foram convidados para ornamentar o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos.
Preserva-se em Congonhas a memória de Aleijadinho, um dos maiores artistas barrocos de todos os tempos. As estátuas dos doze profetas do adro da igreja foram quase todas esculpidas por Aleijadinho entre 1800 e 1805, quando já padecia de uma grave doença. Algumas apresentam deformações anatômicas, sinalizando a participação de seus auxiliares. Todas as estátuas trazem citações relacionadas com profecias bíblicas.
"As línguas não são apenas ferramentas de comunicação, eles também refletem uma visão do mundo. As línguas são veículos de sistemas de valores e expressões culturais e são um componente essencial do património vivo da humanidade. No entanto, de acordo com a Unesco, cerca de 3.000 línguas estão ameaçadas de extinção em todo o mundo."
Inimiga nº1 dos transgênicos, física indiana denuncia ditadura da indústria alimentícia
TATIANE RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOTUCATU TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO
Fabio Braga-29.mai.2012/Folhapress
A ativista indiana Vandana Shiva, 59, que veio ao Brasil para fazer palestras sobre temas da Rio+20
Considerada a inimiga número um da indústria de transgênicos, a física e ativista indiana Vandana Shiva afirma que há uma ditadura do alimento, onde poucas e grandes corporações controlam toda a cadeia produtiva. E dá nome aos bois: Nestlé, Cargil, Monsanto, Pepsico e Walmart.
"Essas empresas querem se apropriar da alimentação humana e da evolução das sementes, que são um patrimônio da humanidade e resultado de milhões de anos de evolução das espécies", diz.
Crítica feroz à biopirataria, Shiva ressalta que a única maneira de combater o controle sobre a alimentação é o ativismo individual na hora de consumir produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.
TURN ME LOOSE FROM YOUR HANDS Deixe-me escapar de suas mãos LET ME FLY TO DISTANT LANDS Deixe-me voar para as terras distantes OVER GREEN FIELDS, TREES AND MONTAINS Sobre os campos verdes, arvores e montanhas FLOWERS AND FOREST, FONTAINS Flores, florestas e fontes HOME ALONG THE LINE OF THE SKYWAY O meu lar será a linha do horizonte
Skyline Pigeon Elton John
Via: TIME LightBox - "Aug. 21, 2013. A warbler hangs in a mist net on a private reserve in East Sussex in Rye, England."
“Que a estrada se erga ao encontro do seu caminho, Que o vento esteja sempre às suas costas, Que o sol brilhe sobre a sua face, Que a chuva caia suave sobre seus campos. E até que nos encontremos de novo, Que Deus Te guarde na palma da Sua mão.”
A duras penas tento acomodar a rotina doméstica, com o trabalho e a escrevinhação. Sufoco para equilibrar tudo no trabalho, atendendo a tudo e a todos, sem ficar devendo nada a ninguém.
Por isso, me pego a pensar na aventura (ou na desventura, não sei), do que é ser, nos dias de hoje, mulher, mãe, dona-de-casa, cozinheira, empregada doméstica, tudo ao mesmo tempo. Mais especificamente, me pergunto quem é essa mulher, dentro ou fora do seu espaço culinário, por assim dizer.
A minha atual secretária, ao longo de seis anos de atuação em minha residência, tem progredido muito lentamente no departamento culinário. Ainda que assuma o trabalho com ética e responsabilidade, e tenha desejos de progredir na vida, é uma cidadã que, estranhamente, não quer aprender a ler, que não deseja ler o mundo, desafiando a qualquer argumento pedagógico de Paulo Freire.
Nessa situação, alimento uma série de contradições internas. Reconheço a precarização e a inadequação dessa categoria de trabalho nos dias atuais. Ao mesmo tempo, constato a impossibilidade de mudar a minha realidade, e que, ressalvadas as proporções, corresponde à realidade brasileira do trabalho feminino.
Preservamos hábitos seculares em família, ao mesmo tempo em que somos (nós, mulheres) obrigadas a nos adaptar às novas exigências sociais no mundo do trabalho. Trabalhamos em tempo integral, nos esforçamos para nos adequar às mudanças (novos papéis e atribuições funcionais), assumindo novas responsabilidades, mas continuamos presas ao nosso tradicional papel de dona-de-casa, de cozinheira, de chefe da cozinha. Cozinhar, é bom, oh, yes. Mas, estou me referindo àquela condição escravizante e sem melhorias de compartilhamento de tarefas, solidariedade ou mudanças da mentalidade masculina, a curto prazo.
Neste aspecto, pouca coisa tem mudado, principalmente, no nordeste - não obstante a inegável conquista da PEC das Domésticas. Aqui, a maioria dos homens ainda não cozinha e nem admite reformular seus conceitos. Em casa nordestina, de modo geral, ainda é a mulher a quem se impõe a tarefa de produzir alimentos e dar de comer. Quando ela também trabalha fora, precisa dar conta de uma dupla jornada. Essa é a minha realidade, igual à de tantas mulheres brasileiras. Por isso, a presença da doméstica em nossos lares é tão valiosa, sendo, entretanto, tão pouco valorizada.
Particularmente, eu gostaria de implementar umas idéias mais modernas a esse respeito. Considero que o trabalho doméstico é bastante precarizado e, no mais das vezes, pessimamente remunerado, com direitos trabalhistas e de proteção social ainda pouco reconhecidos, sobrecarregando, sobretudo, as mulheres mais pobres e menos informadas sobre seus direitos e deveres como cidadãs. Os países desenvolvidos já avançaram nessa questão, terceirizam esses serviços de uma forma diferente, de modo que o papel da empregada foi, praticamente, reconfigurado ou desapareceu.
De fato, mesmo em se tratando de iniciativas paliativas e limitadas em termos de direitos da mulher, aqui, o nosso país ainda é considerado mais atrasado do que muitos outros latino-americanos.
Na minha modesta opinião, do ponto de vista de donas-de-casa que também trabalham fora e se tornaram executivas, e, comparativamente com a situação das empregadas domésticas, as recentes mudanças legais não se traduzirão em melhorias de condições de vida, assim, do dia para a noite. No ambiente doméstico, nos lares, vejo uma deterioração - particularmente em relação ao trabalho e aos encargos familiares — que atinge especialmente as mulheres mais pobres. E não é um fenômeno exclusivo dos países subdesenvolvidos; ocorre também nos países centrais, embora os efeitos sobre os primeiros se manifestem de forma mais incisiva, tornando as mulheres mais sobrecarregadas ou exploradas.
O fato é que quanto mais galgamos novos patamares profissionais, ampliamos novos espaços e arregimentamos mais trabalho fora de casa, mais dependente a família torna-se da dona-de-casa e da empregada doméstica.
Não raro, e, principalmente quando me encontro mais assoberbada, a eficiência cai, a disposição vai pras cucuias, a minha cozinha vira o retrato do passado e a pressão recai pesadamente sobre a figura da empregada; sinto uma necessidade premente de revisão de papéis, de uma mudança de mentalidade, de uma reorganização de como nós, criaturas que nos destinamos a viver junto, mulheres e homens, compartilhamos e realizamos as necessidades humanas.