Dry Martini é o meu drink favorito, mas jamais conseguiria traduzir em palavras a emoção de degustá-lo, como Marco Aurélio Merguizzo o fez.
No fundo do copo, uma azeitona. E muita, muita classe...
O Dry Martini, o mais clássico, o mais amado e o mais pedido drinque do mundo, foi inventado em 1910, no Hotel Knickerbocker de Nova York pelo barman Martini de Arma di Taggia. Ao atender o pedido do magnata norte-americano John D. Rockefeller (1839-1937), que desejava algo simples mas diferente, Martini, com a sua nova criação, acabaria agradando em cheio ao ricaço e aos demais freqüentadores do lugar, como o tenor Enrico Caruso (1873-1921). Foi a partir dali que a mistura ganhou o mundo como uma bebida excitante, elegantérrima, saboreada por gente de muita classe. Até hoje, no entanto, há uma grande polêmica sobre a sua receita original. Em uma de suas passagens pelo célebre Harry's Bar, de Veneza, a escritora britânica Angela Carter (1940-1992) se saiu com a seguinte pérola sobre o seu preparo: "Se algum dia você vier a se perder na selva africana, nada de desespero. Sente-se sobre uma pedra e comece a preparar um Dry Martini. Eu garanto: em menos de 5 minutos vai aparecer alguém dizendo que a dosagem de gim e vermute está errada". Esta questão, aliás, não chega a ser esclarecida no livro do expert americano John Doxat, Stirred, Not Shaken ( "Mexido, Nunca Agitado", em português). Ele sugere que a proporção ideal do vermute, para uma dose de gim, é apenas a da sombra da garrafa sobre o copo - ou seja, um "cheiro" apenas, quase nada de vermute. Outro apaixonado pelo drinque, o cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983), registrou em seu livro de memórias, Meu Último Suspiro, a sua receita favorita, que exigia poucas gotas de vermute Noilly Pratt sobre pedras de gelo, adicionando-se em seguida uma dose de gim. James Bond, o agente 007 do cinema, degustava nos filmes uma variante da bebida, que levava vodca e vermute. Discussões e fórmulas à parte, a preparação do drinque, mesmo simples, é um verdadeiro ritual, e sua receita mais tradicional é a seguinte:
INGREDIENTES
1 dose de Gim
5 gotas de Vermute
6 pedras de gelo
PREPARO
Primeiramente, deixe no congelador por alguns minutos uma taça de haste fina e de borda delicada. Enquanto isso, prepare o drinque num copo-misturador, mais conhecido como mixing glass. Ponha entre quatro a seis pedras de gelo inteiras - evite pedaços picados, que derretem facilmente. Gele bem o copo e escorra o excesso de água. Despeje sobre o gelo uma dose generosa de gim (inglês, de preferência). Pingue sobre o gim cinco gotas de vermute, de preferência o clássico francês Noilly Pratt. Com uma colher longa (bailarina), dê algumas mexidas rápidas e vigorosas. Lembre-se: o drinque é apenas mexido, nunca batido. Tire a taça do congelador e, usando um coador de bar, despeje o drinque na taça. O Dry Martini é sempre servido sem o gelo. Para decorar, corte uma fina casca de limão, retirando a polpa branca. Em seguida, torça a casquinha de modo que o sumo do limão caia sobre a mistura. Passe a casca em toda a borda da taça e jogue-o fora. Espete uma azeitona verde em um palito, coloque-a no fundo da taça e sirva.
Fonte: Go Where? São Paulo
Foto: Gettyimages, photographer: Jeremy Frechette.
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