Um companheiro de velhas temporadas de trabalho me presenteou com esta importante publicação, recentemente lançada por instituições de Minas Gerais.
Não se trata de fazer aqui uma resenha técnica do manual. Mas, de mostrar que o presente funcionou como uma senha, que me fez relembrar uma experiência de trabalho conjunto que vivenciamos nos meios oficiais, na década de noventa; uma semente que germinou e veio desenvolver uma cultura local de incentivos para o setor produtivo da cachaça de qualidade aqui no nosso Estado.
À primeira vista, pode parecer que faço parte de alguma confraria de amigos dos destilados. Não é o caso, apesar de concordar que uma caipirinha, um licor, um vinhozinho ou uma batidinha (assim mesmo, no diminutivo) de limão ou maracujá, caem bem de vez em quando, e concorrem, em breves instantes, para a nossa alegria de viver.
O fato é que a Paraíba, como Minas, produz uma excelente cachaça. E a minha relembrança é por conta de um tempo, quando coordenei o grupo que concebeu o primeiro programa de desenvolvimento da cachaça de qualidade. De lá pra cá, muitos projetos semelhantes já foram implementados. E, por isso, não raro, frequentemente vejo a nossa cachaça exposta em prateleiras de renomados bares, restaurantes, hotéis, aeroportos do país e do exterior.
'Qualidade', neste caso, não é apenas um adjetivo, um juízo de valor ou, mesmo, uma qualificação. Vai além. Elaborar uma 'cachaça de qualidade' envolve aplicar, operacionalizar, o conceito de certificação dessa qualidade. Significa que os critérios, os padrões técnicos e científicos exigidos são rigorosos, e precisam ser cumpridos em todas as fases do processo produtivo, de conservação à venda do produto.
Por trás disso, estão os requisitos e as preocupações com o cultivo da própria cana-de-açúcar (o plantio, as variedades), a preparação do caldo e do fermento, a fermentação, a destilação, os controles na produção e na qualidade (avaliação sensorial, composição química) e os estudos de viabilidade econômica (as exigências técnicas; o fluxograma e o programa da produção; os custos do canavial e da produção, dos equipamentos e das instalações; custos com as pessoas envolvidas nos processos, com as perdas, com a venda; os resultados financeiros).
Fico bem satisfeita de ver que, nesse campo, alguns produtores e donos de engenhos da Paraíba já estão implementando, no todo ou em parte do seu processo produtivo, estratégias e ações voltadas para preservação e conservação do meio ambiente.
A publicação, aborda quase todos o pontos aqui enumerados. Porém, teve também o efeito de evocar a lembrança de uma das mais gratificantes fases de minha vida profissional, em termos técnicos e de convívio social.
Dados da publicação:
MAIA, Amazile Biagioni Ribeiro de Abreu & CAMPELO, Eduardo Antonio Pinto. Tecnologia de cachaça de alambique. Belo Horizonte : SEBRAE/MG; SINDBEBIDAS, 2005.
Como é que eu faço uma boa cachaça em casa? Existe algum manual??
Posted by: Dinheiro | 18-12-2008 at 14:09