Fer, querida, eu tinha feito uma listinha básica dos meus desejos literários gastronômicos para este natal [vc sabe, décimo-terceiro vem aí...] quando vi seu 'apelo desesperado' [rsrs] por uma bibliografia. Resolvi dar-lhe esta colher de chá, ampliando e melhorando um pouco a minha minha liblist, concentrando mais na produção brazuca e sem pretensões nababescas.
Segue a lista:
Comer é um Sentimento
Autor: François Simon
Editora: Senac São Paulo (249 págs.)
Preço: R$ 50
Temido crítico francês tem livro sobre a arte de bem comer traduzido no Brasil
O temido crítico gastronômico francês François Simon, do Le Figaro, costuma dizer que os grandes chefs o odeiam. Não é para menos: mordaz, cruel às vezes, Simon já se referiu em um de seus artigos a uma refeição do Guy Savoy como sendo “uma provação 3 estrelas”.
Mas não é sobre grandes restaurantes e grandes chefs que se trata seu último livro — embora suas críticas gastronômicas, que escreve há quase duas décadas no periódico francês — pipoquem aqui e ali.
“Comer é um Sentimento”, lançado na França em 2003 e traduzido agora para o português pela editora Senac, reúne reflexões de Simon sobre a arte de comer. Em capítulos que funcionam como 50 pequenas lições, o autor reflete sobre o papel da comida em nosso cotidiano apressado, tentando espiar nossos erros e oferecer um pouco de glamour – ou, no limite, um mínimo de sentido — ao ato de comer.
“Mastigamos ao contrário”, ele diz, quase implorando para que procuremos o essencial em nossas vidas, para que comamos plenamente e nos reconciliemos com os alimentos da terra e com nosso corpo. Mas não se engane: este não é um livro sobre dietas ou alimentos inteligentes. Na verdade, qualquer coisa que exulta ou enraivece Simon quando o assunto é comida é motivo para comentar com seu leitor-íntimo amigo. Dentro desse universo, tudo é alvo de sua língua ferina ou de seu bom-humor (mas quase nunca de sua complacência): comida em pacotinhos, balança, orgias alimentares.
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Estrelas no céu da boca – escritos sobre culinária e gastronomia
Autor: Carlos Alberto Dória
Editora: Senac São Paulo (272 págs.)
Preço: R$ 40
Sociólogo reúne em livro escritos dos últimos anos sobre culinária e gastronomia
Muito mais coisas se passam nas cozinhas do que supomos — há panelas fumegando, chefs estressados, atividade frenética e, eventualmente, uma pessoa pensando. Carlos Alberto Dória se inclui nesta última categoria, dos que refletem sobre a atividade não apenas culinária mas gastronômica como um todo, usando sua posição privilegiada de dublê de ex-dono de restaurante e sociólogo, jornalista e amigo de criadores de ponta como Alex Atala.
Assim, ver seus artigos dos últimos anos reunidos no recém-lançado livro “Estrelas no céu da boca” é um prazer. Nos últimos tempos, as sucessivas e dramáticas mudanças no universo da comida deixaram a teoria de língua de fora, incapaz de acompanhar o ritmo veloz da prática. Gente como Ferran Adrià está dedicando boa parte do seu tempo a consertar este descompasso, reunindo um grupo de críticos e especialistas de diversas areas para estabelecer uma base téorica para o que foi seu espetacular trabalho dos últimos anos.
Dória anda fazendo o mesmo, retomando um fio deixado solto no Brasil desde Câmara Cascudo. Seu livro se abre com uma primeira parte chamada de “pessoal” em que, num capítulo divertido e algo sofrido sobre os tormentos de ser proprietário de 1 restaurante (1 não, de 4 em São Paulo e 1 no Rio), ele conta todas as confusões que envolve estar do outro lado do balcão. O que para qualquer um causaria um trauma, para ele é assunto. Mas é só o começo, pois não foge da tarefa de examinar desde a alta gastronomia — numa brilhante entrevista com o 3 estrelas Santi Santamaria — até fenômenos tão brasileiros quanto a comida a quilo e o “churrasquinho de gato”. Passa por uma viagem curiosa à vinícola argentina de Catena Zapata, com seu formato de pirâmide zigurat, que serve para explorar as contradições do vinho na época pós-moderna em que vivemos.
Luiz Henrique Horta é crítico de cultura, cozinheiro nas horas vagas e viajante interessado em comida. É organizador do livro "O melhor da gastronomia e do bem-viver".
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Açúcar - Uma sociologia do doce
Autor: Gilberto Freyre
Editora: Companhia das Letras
Por Renata do Amaral
Do Quinto Pecado
A obra do sociólogo Gilberto Freyre traz uma frase que ficou célebre e resume com maestria a idéia do livro: "Sem açúcar não se compreende o homem do Nordeste". O mestre de Apipucos propõe nada menos que uma sociologia do doce, como explicita o subtítulo de Açúcar. De quebra, traz uma coletânea respeitável de receitas de bolos e doces nordestinos.
Não é por acaso que o livro se tornou uma referência essencial para quem pretende estudar as relações entre comida e sociedade no Brasil. Escrito em 1939, quando "açúcar" ainda se escrevia "assucar", a obra mostra que se criou uma cultura gastronômica originada na escravatura. Para ele, o ingrediente "adoçou tantos aspectos da vida brasileira que não se pode separar dele a civilização nacional".
Culinária nordestina - encontro de mar e sertão
Autor: Arthur Bosisio (coordenador)
Editora: Senac Nacional
Sertão e mar nordestinos traduzidos em receitas
Por Vanessa Lins
Do Quinto Pecado
A mais recente publicação da Editora SENAC, Culinária Nordestina – encontro de mar e sertão (Março, 2002), é de arrancar suspiros. Além das belíssimas fotos e produção de arte impecável, o livro traz o melhor da cozinha do Nordeste, sem economias.
O ensaio do antropólogo Raul Lody é uma reverência explícita a uma das coisas que a região tem de melhor, a comida. E que comida! Tanta diversidade, tantos sabores e cores não podiam ficar incólumes ao registro literário. Enfim, o reconhecimento de tudo aquilo que nós, nordestinos, já sabíamos: a cozinha é a melhor parte da casa e nela, tudo se faz, inclusive aquelas receitas que fazem qualquer um suar.
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Não é sopa
Autor: Nina Horta
Editora: Companhia das Letras
Nina Horta escreve crônicas sobre as comidas e as coisas da alma
Por Renata do Amaral
Do Quinto Pecado
No panorama jornalístico nacional, ninguém se destaca tanto ao escrever sobre comida como Nina Horta. A mineira mantém uma coluna na Folha de São Paulo e comanda há mais de quinze anos o bufê Ginger, na mesma cidade. "Não é sopa - Crônicas e receitas de comida" é uma coletânea de seus textos já publicados no jornal.
No entanto, os ensaios em nada se parecem com o que se convencionou chamar estilo jornalístico - aquele modo de escrever cru, seco e objetivo. As histórias de Nina são quase sentimentais, com a emoção transbordante de quem escreve um diário que não pode ser deixado ao léu.
Como toda coletânea, a obra encerra assuntos variados. A autora passeia com desenvoltura por temas como a culinária indiana, a nouvelle cuisine, a obra de Elizabeth David ou os bons modos à mesa. Um dos pontos fortes do livro, de leitura fácil e gostosa, é justamente a habilidade de Nina em relacionar temas do cotidiano com a gastronomia. Em suas mãos, tudo vira assunto digno de ir para a panela.
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O que Einstein disse ao seu cozinheiro
Autor: Robert L. Wolke
Um cientista de forno e fogão
Por Vanessa Lins
Do quintopecado.com
Você sabe por que a gordura fica rançosa? Todo peixe cheira mal? E o salmão, por que ele é cor-de-rosa? Questões como essas certamente já surgiram alguma vez na cozinha de muita gente. Na minha, por exemplo. Afinal de contas, sempre queremos saber o que colocamos na boca. Sem falar no deslumbre diante dos moderníssimos utensílios domésticos. Por falar nisso, você sabe por que a panela antiaderente evita que a comida grude?
Pode soar estranho, e até meio distante da realidade prática da culinária do dia a dia. Mas a verdade é que o simples ato de ferver água ou fritar um ovo envolve uma série de fenômenos químicos de que a gente nem se dá conta. Em O que Einstein disse ao seu cozinheiro, com explicações simples, numa linguagem para leigos, o químico americano Robert Wolke esmiuça algumas situações do cotidiano culinarístico e esclarece 100 dúvidas sobre alimentos e utensílios adotados na cozinha. Tudo sob uma ótica científica, mas de uma maneira leve. É um verdadeiro Einstein da culinária.
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O livro das ervas, especiarias e pimentas
Autores: Gabriela Erberta e Michelle Seddig Jorge
Editora: PubliFolha
Especiarias, ervas e pimentas: a sedução no alimento
Por Vanessa Lins
Do QuintoPecado
Cardamomo, páprica, pimenta-de-cheiro. Difícil resistir ao poder aromático das especiarias e das ervas de modo geral bem como à incrível capacidade de enriquecimento do sabor, e até mesmo da estética de um prato, que as pimentas podem proporcionar.
As autoras do mini-dicionário O livro das ervas, especiarias e pimentas uniram sua paixão pelo tema e se puseram a reunir informações sobre a origem e o uso desses temperos inebriantemente perfumados que atraem tanto pelo olfato quanto pelo gosto que impregnam nas comidas. Tanta personalidade também é motivo para desagradar os paladares menos extravagantes e, por isso, é preciso cautela para não errar ‘a mão’.
O pequeno livro é, sobretudo, uma boa fonte de consulta para aqueles que não conhecem as origens de cada ingrediente. Foram abordados 40 tipos de ervas, especiarias e pimentas das mais utilizadas no Brasil, todas com seus continentes ou países de origem citados, denominações popular e científica, além das dicas de utilização, curiosidades e a tradução dos seus nomes para o inglês, italiano e francês. As fotos são bastante bonitas e cada ingrediente tem a sua ilustração.
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Roteiros do Sabor Brasileiro
Turismo Gastronômico
Autor: Chico Júnior
Editora: CJD
1ª Edição - 2005 - 320 pág.
Este livro é um guia para quem quer saborear a diversidade da comida regional brasileira e as possibilidades de prazer que as diferentes mesas podem proporcionar.
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Brasil: Ritmos e Receitas
Na cozinha transmitimos nossa energia aos alimentos; por isso considero um lugar sagrado, de união e de confraternização; um lugar onde se guarda e se transmite a cultura, o saber e os sabores de um povo. É importante cozinhar empregando todos os nossos sentidos: a visão, matizando as cores; o olfato, combinando os aromas; o gosto, aliando os diferentes sabores e a audição, ouvindo os sons que sensibilizam e alegram nossas almas, os ritmos que fazem dançar nossos corações, liberando nossas criações, que vêm de nosso sexto sentido, de nossa intuição. Os alimentos nutrem nosso corpo e a música alimenta nossa alma.
Editora: Boccato Editores
ISBN: 8575551094
Ano: 2006
Edição: 2
Número de páginas: 161
Acompanhamento: CD(s)
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Acrescento à lista, alguns livros que postei anteriormente:
Céu da boca – Lembranças de refeições da infância
de escritores famosos – como Ignácio de Loyola Brandão, Moacyr Scliar e Ruth Rocha – e chefs e restaurateurs – como Renata Braune, Bel Coelho, Hamilton Mellão e Maddalena Stasi.
Cozinha Vegetariana: alternativa saudável
Autor: Impala Editores
Gorete , também tô pegando carona nesta lista pois o assunto me interessa e muito.bjs
Posted by: valentina | 02-12-2006 at 20:49
Lembrei-me de ti pois assisti a uma entrevista com o Dória e falaram do livro no final . Como tinha lido sobre ele aqui teu nome me veio a mente imediatamente.bjs
Posted by: valentina | 01-01-2007 at 10:57