Pois é, gente. A coisa não anda fácil do lado de cá. Ainda não dá para mandar notícias diretamente da minha cozinha.
Mais do que frequentemente, venho falar das tarefas pouco domésticas e da prolongada ausência da cozinha. Não me queixo, pois considero que, na vida, há tempo para tudo, e, portanto, careço passar por mais esta etapa das obrigações - trabalhos ecolares, trabalhos do trabalho, outros extra-classe e extra-trabalho, e mais, o lento aprendizado da nossa mais recente auxiliar de cozinha índigena (esta é outra história que depois virei contar), que também me dá um trabalho danado. Dentro em breve, aguardem-me, do balcão da cozinha, para mais experimentos no velho estilo ingredientes e modo de preparo.
Venho de rápida, mas intensa viagem a Fortaleza. Fui de carro com um grupo de trabalho [isso aqui tá se tornando repetitivo], rodamos mais de mil e seiscentos kilômetros ida-e-volta. Foram cinco dias de ralação pesada e pouco lazer [porque, nesse departamento, nós sempre queremos mais, arre égua!].
De minha parte, além de concentrada no objetivo da missão, estava ansiosa pelos comeres cearenses: baião-de-dois, peixadas, caranguejos, tapiocas, castanhas, tudo no plural, pois tinha de ser bem muitão. E, claro, contava em retornar com algum farnel em meu pequeno bornal e com algumas comprinhas básicas na sacola, da Monsenhor Tabosa e do Beco da Poeira.
No en-tre-tant-to, cadê o tempo de folga para tanto usufruto, hem? Nada de praias, dunas, xópins. Já era de bom tamanho contentar-me com o trajeto universidade-hotel-restaurante-hotel-universidade, cujo pacote, que, afinal, não era tão modesto, oferecia nada menos que a belíssima beira-mar cearense com seu artesanato típico, as velas do mucuripe, as barracas de praia e as irresistíveis peixadas do Meio e do Alfredo. Já ouvi alguém referenciar Fortaleza, apropriadamente, como um "restaurante à beira mar.
Nosso percurso gastronômico restringiu-se [bem que poderia ter-se ampliado mais] a esse interessante roteiro e a uma balada maneira no Dragão do Mar. Eu sei que isso é lazer, mas...
Isso, porque tínhamos uma madre-superiora, poderosa, controladora do tempo, da produção, e do cumprimento das tarefas. De modus que nunca jantamos antes das dez da noite, mas o papo e gaitadas varavam a madrugada em mesas de bar ou restaurante, e ainda perduravam os 3,5 km ida-e-volta a pé, de gargalhadas e ao som da brisa-mar. Eram causos, histórias de trancoso, de ficção, surrealistas, inacreditáveis, mas, que, agregadas às paneladas de sirigado frito ou a molho de coco, faziam qualquer cristão acreditar que estava no paraíso. Nunca, para mim, a comida, servida por garçons ultra simpáticos, esteve tão associada à alegria, à gostosa convivência, à boa lembrança.
Momentos, memoráveis como esses, não têm preço.
Por esquecer das horas, o ônus era o sofrer para levantar da cama cedo, acionar os neurônios dormentes e ressacados para a estressante jornada diurna que viria a seguir.
Como não viajei a passeio, anotei na minha cadernetinha de frustrações e planos pro futuro, coisas que não pude fazer, mas que nem todas podem estar perdidas. A minha maior frustração foi não ter tido a oportunidade de conhecer o Alimenta Bistrô, do meu amigo Fernando Barroso, cujo restaurante foi eleito em 2004 o melhor e Fernando como o chef do ano. Certamente [deus-queira], ainda terei muito tempo para apreciar na cidade a lagosta grelhada ao vinho de caju azedo, o camarão ao molho aromático de cajá, o robalo em crosta de castanha de caju, caranguejo e pargo assado, e as tapiocas feitas pelas tapioqueiras de Messejana. E, fora desse circuito gastronômico, um dia comprarei uma rede bordada de dormir.
Vamos parar aqui, antes que a emoção me faça proferir discursos abomináveis e de adjetivos rocambolescos - na opinião de Ricardo Castanho -, em favor da "mistura de cores esfuziantes" dos comeres de Fortaleza, e antes que me utilize de recursos estilísticos para descrever os efeitos de suas peixadas como "explosão de aromas e sabores".
Imagens
Infelizmente, não consegui boas imagens noturnas. A primeira foto foi feita no percurso do hotel para os restaurantes, margeando a beira-mar. Chamo a atenção para os banhistas que mergulhavam no mar em plena madrugada.
A segunda, retrata o papo de fim de noite na frente do hotel.
Na terceira, uma invencionice, nova modalidade de espetinho que encontrei num dos bares no Dragão do Mar (um complexo histórico-cultural), com o perfil de nossa colega Rita, do Piauí, bem atrás.
Êta q minha saudade só aumentou dp de ler seus escritos e ver as fotos. Essa foto com este espetinho tá demaisss...e a farofinha do lado. Ai, Gorete...estou aqui salivando.rsrsrs. Maltrata...rsrsrsrs
Menina...e minha cidade está tão "pacata", assim. Caminhar a noite, tomar banho de mar de madrugada...ih...q bom essa "tranquilidade" ;-)
Bjos
Posted by: Neuma Jonsson | 16-09-2007 at 09:31
Isso aí parece um paraíso! :-)
Beijão
Posted by: Elvira | 17-09-2007 at 19:42
que delicia de passeio!
saudade de voce. beijoo,
Posted by: Fer Guimaraes Rosa | 19-09-2007 at 15:17