Faz tempo, vinha idealizando um retorno a Natal. Não nos moldes das rápidas viagens a trabalho que fiz nos últimos anos. Mas, uma viagem de introspecção. E, de preferência, com meu filho.
As mais fortes lembranças, estão relacionadas às viagens com meus pais, irmãos ou amigos, do tempo em que morei em Santa Cruz - cidade próxima de Natal -, e àquela viagem que fiz com o marido e o filhote. Certamente, pela idade e entusiasmo do moleque por banhos de mar e piscina, e passeios de buggy, é que a viagem foi um marco dos dias mais felizes que vivemos juntos.
Uma das inesquecíveis que fizemos àquela cidade, foi no início dos anos noventa, com o Pippe criança [hoje, tem 21 anos]. Natal despontava como destino turístico, e não desfrutava do atual sucesso retumbante. Havia menos tumultos e poluição nas praias, menos turistas. Tinha bons hotéis, mas sua rede de restaurantes ainda era bem modesta.
Eis que, no feriadão mais recente de novembro, depois de um longo tempo, pude fazer uma catarse, no melhor sentido.
Provei da melhor comida - nada sertaneja, como se era de esperar -, curti a brisa e me refestelei no mar e nas suas paisagens. Fartei-me com caranguejo, peixe, camarão.
E, obviamente, morri de saudade [o que não é novidade, pois eu vivo repleta de saudade, todos sabem]. Dos tempos quando morei naquele estado, dos amigos, da minha família já dispersa, dos fins-de-semana em Natal. Onde eu queria definitivamente ficar.
Sei que, para alguns, pode soar nostálgico observar o tempo passar. Reconforta-me, porém, a oportunidade de fazê-lo, de reviver, de reconhecer que a vida me tem sido rica em experiências, em momentos felizes, em pessoas amadas.
Pra encurtar as delongas, no feriadão, reuni os trapos, enchi as mochilas, 'garrei o filho, a namorada deste, e o marido, e arrancamos para a cidade das dunas, das águas mornas, da infância do filhote e das minhas lembranças de adolescente.
Pretendíamos fazer um roteiro de introspeção, e optamos pelo mesmo hotel onde nos hospedamos no passado, o Parque da Costeira. Valeu a pena. O hotel, ampliado, oferece mais serviços de entretenimento, principalmente aos jovens e crianças; o restaurante foi aumentado, o cardápio está variadíssimo.
No campo da gastronomia, nos surpreendemos com os nítidos avanços locais: uma cadeia densa, dinâmica e moderna de restaurantes, bares, botecos, confeitarias e lanchonetes, com o melhor atendimento. Por onde passamos, observamos essa qualidade desde os estabelecimentos mais simples, ou rústicos, aos mais requintados.
Como a cidade cresceu muito, tivemos muitas e novas atrações para descortinar. Em função da praticidade, e para efeito das comilanças, resolvemos seguir o precioso roteiro Veja Natal: o melhor da cidade - 2007/2008 sobre restaurantes, bares e comidinhas, lançado bem às vesperas da nossa viagem. O guia apresenta uma classificação minuciosa, elaborada por um jurado, contemplando 30 especialidades; e, a partir de cujas referências, pudemos escolher pelo melhor preço, pelo tipo de cardápio, roteiro mais fácil de acesso, etc. etc. Há indicações do melhor em cada especialidade (restô, lanchonete, bar...), além de uma descrição detalhada do serviço e estrutura de cada casa. Uma mão na roda. Esse guia foi nosso mapa e facilitou bastante nossas escolhas e deslocamentos.
Passamos cinco dias, vimos o que podíamos e o bolso permitia, mas as opções existentes eram centenas, entre as mais e mais competitivas entre si.
O meu ponto vista sobre o restaurante do hotel, já dei acima. Quero destacar o café da manhã, com todos os ingredientes de um caprichado café nordestino, como tapiocas doces e salgadas, cuscuz, inhame, macaxeira, coalhada, queijos de coalho e manteiga, frutas tropicais, além de, claro, aqueles triviais nos cardápios de hotéis (pães, frios, frituras, etc.).
Na extrema esquerda do arco, fica o restaurante do hotel Parque da Costeira:
Dentre os restaurantes da cidade que conhecemos, o que mais apreciamos foi o Falésias, na praia de Cotovelo, um lugar paradisíaco que fica mesmo no alto de uma falésia, que oferece uma sacada imensa para o mar e as falésias, onde nos servimos de um dos pratos mais honestos e inesquecíveis de camarão que já experimentamos.
Esta é a paisagem vista do terraço do restaurante:
Refiro-me também ao restaurante Camarões Restaurante, em Ponta Negra, bem frequentado e especializado em frutos do mar. Há quatro unidades na cidade e o nome do estabelecimento dispensa comentários sobre o melhor da casa, pois detêm os seus próprios viveiros de camarões. Apesar da fama de ser um dos mais caros, consideramos que um prato farto da iguaria, para duas pessoas (e, às vezes, sobra), em torno de RS42,000, compensa.
A fachada do restaurante:
Alguns dos pratos servidos no Camarões: peixe frito e camarão potiguar.
Um dos nossos melhores achados foi a Barraca do Canário, refúgio onde provamos um típico caranguejo ao molho de coco, quebrado ao martelo. A comida é excelente, como também o atendimento. Ambiente totalmente rústico e descontraído, situado praia na de Camurupim, nos arredores da cidade de Nísia Floresta. Praia tranquila, sem poluição, com um ventinho bom que sopra intermitente [observem a curvatura dos coqueiros] e grandes piscinas naturais, é o paraíso das famílias, especialmente, daquelas que têm crianças. Confesso que minha vontade era de nunca mais sair daquele lugar.
Eis a barraca de praia, à sombra de coqueiros:
Fotos: Restaurante Camarões - skycrpercity.com; interna do restaurante do hotel Parque da Costeira - thomson.co.uk .
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