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Duda Mendonça (o publicitário de Lula e de Marta Suplicy) e Jorge Babu, vereador do PT, serão indiciados junto com mais quatro pessoas por crime ambiental, formação de quadrilha e apologia ao crime. Eles e outras 200 pessoas foram presos ontem à noite pela Polícia Federal num clube de rinha de galos em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Os crimes pelos quais os seis serão indiciados têm penas de três meses a um ano de prisão, no caso de maus-tratos aos animais, de um a três anos de reclusão, por formação de quadrilha, e por apologia ao crime, de três a seis meses de detenção.
Sorrindo, Duda falou à imprensa não ter feito nada de errado, pois todos já sabiam da sua preferência por rinhas de galos.
Indignada com o comporetamento inadequado do publicitário, sua falta de ética e de humanidade com os animais, decidí elaborar este post.
A legalidade ou não de eventos populares como rodeios, vaquejadas, que fazem uso dos animais como entretenimento, é um tema que tem preocupado ambientalistas e especialistas de direito, não só no Brasil, mas também em outros países. Recentemente, tomamos conhecimento de que o Parlamento britânico adotou, por grande maioria, a legislação que proíbe a caça à raposa a partir de julho de 2006. Comentamos aqui esse episódio.
Vemos aí, um aspecto de tradição tipicamente cultural de uma região, e o agravante de que essas manifestações atraem uma horda de simpatizantes que fazem com que a grana role solta, num contexto que inibe as intervenções humanitárias e jurídicas.
Mas, como ignorar as comprovações genéticas de que os animais possuem características semelhantes aos seres humanos, sujeitos a praticamente as mesmas sensações? O correto não seria que nos tornássemos mais sensíveis na relação com eles, adotando regras de comportamento ético, inclusive, leis de proteção?...
Esquecemos que alguns animais influíram para o surgimento de comunidades, cidades e até países. O cavalo, por exemplo, foi e ainda é usado como meio de transporte e um grande auxiliar no trabalho humano. Outros animais como aves, bovinos e caprinos têm sido fontes de nossa sobrevivência. Os cães, nossos companheiros, nos auxiliam como guarda e pastoreio. É oportuno agora lembrar como os animais são importantes também nas pesquisas científicas.
Recebemos sempre uma importante colaboração dos animais, mas nem sempre os tratamos bem, e exigimos deles enormes sacrifícios - quando não os submetemos a requintes de crueldades.
Podemos entender como exemplos de maus tratos:
- Manter animal confinado em locais pequenos;
- Mantê-lo permanentemente em correntes;
- Envenenamento;
- Golpear, mutilar um animal;
- Utilizar animal em shows que possam lhe causar pânico ou estresse;
- Agressão física a um animal indefeso;
- Abandono de animais;
- Não procurar um veterinário se o animal adoecer etc.
- Má alimentação ou ausência da mesma;
- Privar o animal de higiene, descanso, espaço, ar e luz;
- Abandono de animal doente, ferido, mutilado e priva-lhe de assistência veterinária;
- Forçar animais a carregarem cargas superiores à sua capacidade;
- Forçar animais doentes a trabalhar e muitas outras coisas.
Felizmente, muitos segmentos da sociedade tomaram consciência de que os animais devem ser realmente protegidos. Parece que agora a humanidade desperta contra as ações de maus-tratos e de crueldade. Estão surgindo várias associações de defesa dos animais, movimentos, campanhas e até ações judiciais neste sentido. Elas buscam regras 'humanizadas' de abate, de proibição de atos que os submetam a sofrimentos desnecessários.
Vejam o exemplo da Inglaterra, e de outras partes do mundo, como a crescente mobilização popular contra certos costumes como a tourada e a farra do boi. A briga de galo e a briga de canários, tão comuns em certas regiões do país, estão sendo seriamente repelidas.
Alguns países já proíbem os maus tratos aos animais. O Direito dos Animais vêm sendo reconhecido há bastante tempo, não apenas no Brasil, mas também em todo o mundo. A Declaração Universal dos Direitos dos Animais, estabelecida pela UNESCO, é subscrita pelo Brasil, e contempla entre os direitos dos animais o de "não ser humilhado para simples diversão ou ganhos comerciais", bem como "não ser submetido a sofrimentos físicos ou comportamentos antinaturais".
Do ponto de vista ambiental, para a legislação brasileira, maltratar animais, sejam eles, domésticos ou selvagens, caracteriza-se crime ecológico, com detenção de três meses a um ano, e multa, para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Portanto, maltratar animais é crime. E existe ainda legislação específica que disciplina o uso de animais em experiências científicas.
Lesões físicas e estresse desnecessário aos animais contendores, como briga de galo, a briga de pássaros, a farra do boi, a briga de cães, são crimes, bem como exigir trabalho excessivo ou maltratar animais em circo, em rodeios, vaquejadas entre outros.
E atenção, para quem não sabe, também se constitui crime abandonar animal de estimação infringindo-lhe fome e desabrigo, já que dependem do seu dono para sobreviver.
Por fim, encerramos com um parágrafo de Danielle Tetü Rodrigues, do seu texto 'Maus-tratos aos Animais: delitos qualificados como crime e puníveis pela legislação brasileira':
“O desenvolvimento humano não pode e não deve servir como desculpa para o desrespeito aos Animais. Não se olvida da necessidade de uma evolução social, mas nunca desmedida, sob pena de se esgotarem as fontes da vida. Ainda que tardio, é momento para aplicação de nova e adequada postura ética-socioambiental, mediante a inserção de educação ambiental conjugada com a normatização e controle da proteção jurídica dos Animais a se coadunar com o escopo maior de uma, por que não assim dizer, justiça ambiental”.
Posted at 23:58 in Meio ambiente | Permalink | Comments (4) | TrackBack (0)
Foto: Caricatoon
Neuma, se tão jovem quanto você é, considera-se das antigas, a minha listinha não fica atrás - é medieval. Senão, vamos fazer um flashback:
Sou do tempo da Jovem Guarda; de Roberto Carlos; dos Beatles e dos Rolling Stones; do 'Uirapuru Zimbo', de Sousa; d'Os Águias', de Barbalha; das quadrilhas de Pesqueira; de Brigitte Bardot; das calças faroeste e US Top; das moedas de duas cabeças; da primeira geração de Crush e de Grapette; do cigarro Continental; do lança-perfume livre; dos carnavais nos corsos e nos clubes sociais; das quatro taboadas e da carta de ABC; e das cartilhas Maravilhosa e do Povo; da radiola portátil e do radinho japonês; das rádios difusoras; de serenatas nas calçadas; de programas de auditório; da camisa volta ao mundo e da blusa banlon; da calça de helanca cigarrete...
Sou do tempo em que John Kennedy era o mais charmoso e o mais trágico da temporada; e Jackie a musa low-profile; Ronnie Von era o pequeno príncipe; os hippies mandavam ver na música, na droga e se ferravam; se escreviam cartas a amigos e namorados; professor ensinava; o castigo era de joelhos; padre não casava; se pedia à benção aos pais e avós; se dava bom-dia e boa-noite às pessoas na rua; Papai Noel existia; só se tomava refrigerante em dia de festa (e o chic era o Guaraná); se ouvia novela pelo rádio; sandália havaiana era japonesa; debutar e ser miss era de um glamour...; as moças estudavam em colégio de freiras e os meninos em colégios de padres; garota adolescente era menina-moça; garota namoradeira ficava 'falada'; moça que engravidava, casava à força; quando os pais proibiam o namoro, o casal fugia, para viver junto; bad-boy era cafajeste; namorado(a) era broto; balada era passeio; galera era turma; fumar era in; elegância era etiqueta; gastronomia era arte culinária; as moças passeavam na praça de braços dados e os rapazes ficavam parados, olhando; moças e rapazes flertavam; rave era assustado, e depois virou tertúlia; danças da moda eram twist e bolero; banda era conjunto ou orquestra; tira-gosto era quejo e azeitona; cinema exibia sessões matiné e matinal; crianças vendiam balas e drops dentro do cinema; o cinema tinha cortinas (!) que se abriam devagar em três toques (tuuuuuuummmm), para o filme começar; a missa também só começava quando o sino da igreja chamava em três intervalos (três chamadas); não se esquecia o 'primeiro namorado'; casal de namorados eram três pessoas: o namorado, a namorada e o vendedor de cocada ou o segurador de vela; namorados usavam anel de compromisso e noivos alianças de noivado; padrinhos de casamento eram testemunhas; as mulheres assistiam à missa com véu na cabeça; se fazia promessa ao Pe. Cícero de Juazeiro e ao São Francisco de Canindé; o canto do galo era sagrado; galo cantava à meia noite; porta de clube era sereno; se conversava em cadeiras nas calçadas; instrumentos chic's eram piano e acordeon; CD era disco compacto e long-play; disc player era radiola; geladeira era Consul; liquidificador era Arno; beleza era Marta Rocha; filho de papai era playboy; forró era musica de pé-de-serra; gel era brilhantina Glostora; brinquedos eram bola e boneca que chorava; Dingobéu era música de Natal; calça que não amassava era Nycron; biquini era engana-mamãe; parque de diversões era só roda gigante, canoa e carrossel; lâmina de barbear era Gillette; fotolog era álbum; blog era diário; chocolate já era Sonho de Valsa;...
Mas, metida como sou, não fiquei vendo o tempo passar, hoje, sou blogueira e internauta, meus amigos vão de aborrescentes à terceira idade, e tenho um filho metaleiro!
E você, de que tempo você vem? Se vc não foi do meu tempo, pelo menos já sabe o que perdeu...
Posted at 20:53 | Permalink | Comments (14) | TrackBack (0)
Recebi o texto abaixo do meu amigo Décio, lá de Curitiba, há quatro anos. Na proximidade dos dia das crianças, lembrei dela e a resgatei do fundo do baú.
"Olá pessoal,
para pais, mães, avós e para aqueles que estão "um pouco" atrasadinhos nessa historia: que não são pais ainda mas, se tivessem feito "como todo mundo", já poderiam ser avós (conheço um caso). Sem brincadeira, a mensagem está cheia de verdades".
FILHOS -- Essa é para as mamães e papais....leiam, vale a pena....
Elias e Pippe - o filhote no 'cangote' do pai.
"Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.
É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas, e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida.
Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.
Mas não crescem todos os dias, de igual maneira... crescem de repente.
Um dia, sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?
Cadê a pazinha de brincar na areia,as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do Maternal?
E a criança vai crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.
E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça mas apareça.
Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros.
Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados.
Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas.
E eles crescem meio amestrados, observando e rendendo com nossos acertos e erros.
Principalmente os erros que esperamos que não repitam.
Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos.
Não os pegaremos mais nas portas das discotecas e das festas.
Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô.
Saíram do banco de trás e passaram para o volante das suas próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
Não os levamos suficientemente ao Parque de Diversões, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos.
Sim, haviam as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chiclete e cantorias sem fim.
Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
Os pais ficaram exilados dos filhos.
Tinham a solidão que sempre desejaram, mas de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".
Chega o momento em que só resta aos pais ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade.
E que a conquistem do modo mais completo possível.
O jeito é esperar.
Qualquer hora podem nos dar netos.
Neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.
Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.
Os netos são a última oportunidade de reeditar o afeto que tanto queriam, mas não puderam, dar aos filhos.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.
É isso aí.
Só aprendemos a ser filhos depois que somos pais.
Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...
alguns só aprendem a viver depois que não têm mais vida!"
Edson Guimarães Silva
Brasília/DF
"As vezes é preciso perder para poder ganhar!"
Em tempo: Quando recebi a mensagem, o Décio ainda era solteiro (por isso, a piadinha que ele faz, de 'atrasadinho', consigo mesmo). Hoje, casado com Marília, também minha amiga, tem um filhote, o Pedro. Veja aqui a foto da família.
Posted at 23:37 in Família | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Tudo voltando ao normal neste cantinho. Voltei a acessar e a comentar nos blogs favoritos.
Posted at 16:07 | Permalink | Comments (2) | TrackBack (0)