Esperava setembro, para voltar a ver a primavera. Setembro desfolhou-se. E a primavera despontou, hoje, no meu meio século de vida.
Sem bolo, churrasco, guaraná, sopro de velas, aos cinqüenta, só tenho a comemorar simplesmente a vida. Privilegiada, de ter vivido até aqui - pelo fato de ser mãe, de ter uma família super normal (se é que algo pode ser mais ou menos normal), de poder ser útil na vida de bocado de gente e ter somente os amigos que escolho ter.
Como se espera chegar aos cinqüenta? Aos vinte, obviamente, não queria ter cinqüenta. Mas, se não estivesse aqui, também não sei onde seria. Preferia o tempo em câmara lenta. Que fazer, já que tem de ser assim... Não me esperem dizer que me sinto como uma garota de trinta, nem como se o tempo não tivesse passado. Tenho a idade que tenho, de uma mulher além do seu tempo, com o peso da vida, as saudades adormecidas, as experiências acumuladas. E que não foram poucas.
De plena posse das faculdades mentais, nenhuma hérnia ou pedra nos rins, somente a memória avariada, mas, trabalhando e estudando, com um corpo repaginado que vai chegar aos 30, não tenho tanto do que reclamar.
Muitos dos sonhos ou projetos novos só nasceram ou se consolidaram quase aos cinquenta: os blogs, o doutorado, a maturidade do filho, o emagrecimento. Bem, não foram tantos... A estabilidade financeira nunca chegou, não fiz artes, não plantei árvore, e o único livro que escrevi foi a minha vida. Esta sim, já me ufana de ser um livro.
Foto: Gettyimages.
Posted by: Neuma Jonsson | 24-09-2005 at 15:06
Posted by: Aline | 23-09-2005 at 10:42
Posted by: Gisela | 22-09-2005 at 17:59
Posted by: Solange | 22-09-2005 at 01:23