Talvez eu não tenha sido aqui suficientemente explícita quanto ao orgulho que nutro de pertencer a minha família - de origem simples e que tem gerado belas lições de vida. Mas, já disse do orgulho que tenho desses exemplos. Gosto de falar, especialmente, da grandeza e luta pela vida, das nossas mulheres. Não porque se superem aos homens da família, ou ostentem privilégios e atributos diferenciados das mulheres de uma maneira geral, embora este seja um dos pontos.
A mulher, ao longo da história da humanidade tem sido tratada como ser humano de segunda categoria, sem voz, presença, direitos. São centenas de anos de exclusão, de aniquilamento. A Inquisição queimou na fogueira quatro milhões de mulheres acusadas de bruxaria porque eram mais inteligentes, diferenciavam-se, tinham conhecimentos de curas, de ciência.
O mundo cometeu muitas injustiças sociais contra a mulher. Mas, há progressos incontestáveis em matéria de equidade, de igualdade de gênero, mesmo que ainda reste muito a fazer.
Sinto-me sempre tentada a falar e falar sobre a importância da mulher para a civilização, para os destinos da humanidade; com o seu conhecimento e experiência para gerar e manter a vida, com sua sabedoria sobre a reprodução, a criação e a formação da prole, as tradições familiares. A literatura tem repetido que a mulher conhece os segredos da natureza, porque é ela quem alimenta e mata a sede da família, e, portanto, sabe onde estão as fontes desses recursos, é quem produz o alimento, quem educa, organiza a família, etc., etc.
Recentemente, este tem sido meu assunto predileto, por estar escrevendo um capítulo sobre a sua importância na ciência e na tecnologia. Por isso, a convivência com Kennia, minha sobrinha, nesses útimos dias, calou fundo, ao presenciar sua coragem e vontade de vencer, de conquistar um lugar ao sol. Acompanho a história dessa jovem desde que nasceu, começou a trabalhar aos quatorze anos, ajudando no orçamento familiar, conquistando, logo cedo, autonomia de vida, e sempre estudando; como bem faz até hoje, às vésperas de ingressar num mestrado tão competitivo de ciência e tecnologia. Seus valores e empenho têm servido de modelo para outra geração da família, e aquecido os brios desta tia vaidosa, por vê-la como o protótipo da mulher moderna, talentosa e de exemplo moral.