Quando mais me encontro atarefada, estressada e cansada, me acomete uma síndrome, seguida da necessidade urgente, urgentíssima, de umas belas e merecidas férias. A nostalgia chega de mansinho, puxada pelas lembranças das experiências passadas, dos lugares, momentos e personas inapagáveis da irrequieta lembrança.
Tem coisa melhor do que, de tempos em tempos, passar em revista a nossa história de vida viajante? Até mesmo as roubadas, os desacertos, os micos que cometemos? E as perdas, as pessoas que encontramos e deixamos ao longo dos caminhos? As que perdemos de vista, mas não da lembrança... Amigos, conhecidos, familiares, parceiros de viagens...
Uma das coisas que mais amo fazer é viajar. Só que não o faço frequentemente, por questões várias - econômicas, de tempo, oportunidade, entre outras. Sou aquela de pés no chão e a cabeça no mundo. Mas, com a convergência daqueles fatores (raridade), sou ambiciosa nos sonhos. Longe, bem longe, é sempre onde desejo ir. Pode ser com uma boa companhia. Mas, não me importo de também ir apenas com minha pessoa. Se me fosse dado escolher e poder realizar, não me envergonha dizer que gostaria de ir a França todos os anos. A Paris, para ser mais específica.
Não conheço muitos lugares, embora tenha morado em algumas diferentes cidades no Brasil. Guardo um sentimento, um motivo diferente de querer voltar em relação a cada uma - seja relacionado às pessoas, à cidade, ao clima, a sua cultura, ou a momentos peculiares vividos.
Há muitos e muitos anos, morei numa cidade de interior, bem pequena, pouco desenvolvida, onde as luzes apagavam-se às nove da noite e nem água encanada havia. No entanto, guardo dela a lembrança de uma querida amiga de infância, com quem brincava de boneca, e fazia "guisados" no quintal de minha casa, em panelinhas de barro; sua casa era colada a minha, e tinha um pavão... Da amiga Socorro, além da saudade, guardo uma fotografia P&B de primeira comunhão... Nunca mais a vi. Mas, por ela, a cidade está definitivamente no mapa de minha saudade.
Hoje, enquanto perambulava, de google, pelas artérias da internet, encontrei esta foto de Compiègne, uma cidade francesa do departamento de Oise, capital da região Picardia. Lá, habitei uns dias, hóspede de uma amiga-irmã mineira, fazendo um curso, e integrada a outras pessoas porretas.
[Clique na foto, para ver mais legal]
Quando vi esta imagem, tal qual a que guardo na memória, me bateu uma saudade, primeiramente da cidade... Por esta rua, passei inúmeras vezes, da universidade em direção ao centro, à casa de minha amiga, apreciando a arquitetura e o passado do lugar. A foto é uma vista sobre o centro da cidade, tomada do último andar do edifício Benjamin Franklin, da Universidade de Tecnologia. Na rua que segue à esquerda, depois do edifício marrom medieval, fica a prefeitura da cidade (l'hotel de ville). E, na rua paralela à igreja de Saint Antoine (torre central, na foto), ficava a morada de minha amiga. Essa rua ainda é a referência memorável de enérgicas caminhadas do campus para cafés, boulangeries, supermarchés; de boas companhias, papos maneiros, e de contidas, mas confortáveis, gargalhadas. Inoubliable.
Imagem: Compiègne from the UTC, Wikipédia.
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