nunca cheguei a escrever um poema sobre
a cidade ser à noite um carrossel
de luzes. nem outro sobre
a fotografia onde fiquei com ar
envergonhado. ou sobre o frio e
o passeio por Hyde Park, onde
pássaros vieram comer às tuas mãos
e eu deixei fugir alguns versos
só para te poder fotografar. ou sobre
a casa estilo vitoriano, que prometeu
ocultar todas as palavras que dissemos
um ao outro, quando ao deitar
nos encolhíamos debaixo de
vários cobertores e mesmo assim
tínhamos frio. ou o definitivo,
aquele que falaria sobre Greenwich
e o meridiano que me ensinou a importância
do tempo que sempre falta, principalmente
quando numa das pontes quis dizer amo-te,
mas havia um autocarro para
apanhar. e era já o último.
[londres, in mapa, manuel a. domingos]
Chegamos os três, eu, Elias e Philippe, em Londres, vindos de Paris, de trem, pelo Eurostar, desembarcando na estação St Pancras, às 11h28, na manhã de hoje, nublada, gelada, tipicamente londrina - como dizem.
Atravessamos quase toda a cidade, de táxi e metrô, para chegarmos ao longínquo Hotel Jurys Inn Chelsea Hotel.
Por que a preferência por um hotel tão distante do desembarque?
Reservas de última hora. E tivemos sorte de encontrar este. A vantagem dele, é ser facilmente acessível, a partir de qualquer ponto principal de transporte na cidade, chegando de avião, trem ou de carro.
A seguir, algumas fotos do site do hotel.
O Jurys Inn Chelsea Hotel fica no endereço:
Imperial Rd | Imperial Wharf, Londres SW6 2GA, Inglaterra
Este é o endereço, porém, o hotel não está realmente no Chelsea, mas mais próximo do Fulham.
Sobre ele, começo por dizer que este é amplo, moderno, bem equipado. Oferece um excelente café da manhã. Mas, é caro. E distante. A região do Chelsea fica longe das atrações, de todos os pontos turísticos de Londres.
Enquanto ficamos neste hotel, em termos de transporte público, não tivemos muito do que reclamar. Nesse quesito, a sua localização é privilegiada, pois contávamos com Metrô (Underground) e trem (Overground) com integração total. Contudo, para nós, essa qualidade não compensou o tempo que perdíamos nas viagens.
Comendo em Londres
Falam-se que, para comer bem, bonito e barato em Londres são aconselháveis três tipos de restaurantes: indiano, paquistanês ou bengalês. Pelo menos, foi com esta tríade na cabeça que cheguei em Londres, ávida por uma comida fora dos meus padrões nacionais. Entretanto, como o inusitado tem também o seu lado interessante, o primeiro restaurante inglês que conheci não foi exatamente dessas procedências, nem tão distante das nossas referências.
Saímos à paisana para localizar um lugar maneiro para almoçarmos e, num shopping, que se localizava numa estação de metrô, nos deparamos com o restaurante Nando's. Resolvemos arriscar, sem medo de errar. E deu super certo.
Almoçamos no Nando´s, restaurante de origem portuguesa, disseminado por toda Europa, ótimo ambiente, bem decorado, boa comida. Lembra muito o Galeto's. Serve uma comida um pouco apimentada, cujo prato senior é o PERi-PERi, um frango marinado num molho picante de origem africana. Imperdível, para quem gosta de pimenta. Como não curto muito, optei por outro frango não menos delicioso.
E, no caminho, a Trafalgar Square e a National Portrait Gallery
Saindo do restaurante Nando's, pegamos o metrô para Picadilly Circus. Elias, extasiado com a qualidade e a segurança dos transportes londrinos, e lembrando também o conforto do metrô de Paris. Nós, brasileiros, somos muito condicionados a andar sempre de carro; em parte, por comodidade, em parte porque os nossos transportes urbanos deixam muito a desejar. Realmente, é agradável conhecer e visitar cidades que contam com avançados sistemas de transportes (trens, metrôs, ônibus), onde, raríssimas vezes, precisamos apelar para táxi. Desbravar, a pé, uma cidade como Londres, torna a caminhada, antes de tudo, um ato de prazer e de conhecimento. Andar a pé, nos aproxima mais do povo, dos cheiros, do clima, da cultura local.
Saímos do metrô, a andar na direção da Trafalgar Square, que estava movimentada e linda, na penumbra, entre o lusco-fusco do entardecer e as primeiras luzes da noite, com fontes e luzes coloridas que piscavam, a nos lembrar que estávamos em plena efeverscência natalina. Um privilégio estar em Londres, praticamente, na ante-véspera do ano novo. E principalmente, no coração londrino, pois, além de famosa, a Trafalgar Square é uma praça das mais centrais de Londres.
Fazia um frio de doer. Aliás, nesta viagem, sou sempre a mais sensível, a que mais vem se queixando, desde Lisboa. Em Paris, mal podia sacar a luva para tirar fotos. As mãos queimam, e a respiração está sempre difícil, por isso evito falar muito quando estou na rua, andando. Só melhoro quando envolvo o cachecol sobre o nariz. Porém, nem de longe, esse infortúnio se compara à sensação de encantamento por estar em Londres, pela primeira vez, na vida. Sensação mais forte que esta, somente na primeira vez que vi Paris.
Caminhamos pela praça, passamos pela coluna Coluna de Nelson e pelas duas fontes que ladeiam a coluna. A Praça Trafalgar tem localização estratégica. Só de imaginar que, dali, era via para se chegar ao Parlamento, ao Buckingham Palace, Convent Garden e Piccadilly Circus, meu coração pulava.
Ao passar ali, lembramos todos das tantas vezes que vimos a praça em filmes e tv, por ser ela palco para manifestações políticas e protestos, ou para a Pride Parade GLS Londrina, e shows internacionais.
Mas, atravessamos rapidamente, lamentando não ter dado tempo (e, também, pelo frio) de ter visto os leões deitados. A noite já caía, e ainda pretendíamos visitar a National Portrait Gallery que, para nós era uma atração que superava, de longe, a importância da praça.
A seguir, fachada do museu. Foto do site oficial.
Endereço do museu:
St Martin’s Place
WC2H 0HE Londres
A National Portrait Gallery é um museu fundado em 1856 para coletar preservar retratos de homens e mulheres britânicos famosos. O museu contém mais de 185 mil retratos do século 16 até os dias atuais. Entre as obras, constam pinturas, fotografias, esculturas, gravuras. Ao entrar, fiquei extasiada com a beleza do edifício, por sua antiguidade, pela suntuosidade do seu interior, pela riqueza e beleza de obras que vi.
À entrada, já me encantei com imponência do prédio. Imediatamente, sem pensar, saquei a câmera para as inevitáveis fotos. Ainda consegui tirar uma - quando percebi que era proibido - foto do teto, coisa mais linda.
Para dar uma idéia da aparência interna da Galeria, incluo algumas fotos obtidas na internet mesmo.
A foto seguinte é do site good life retreats.
Esta, abaixo, é do site Countries of Europe.
E esta é do blog Au bon croissant
A seguir, foto de © Andrew Putler
Em vários estágios do museu podemos ver obras da época dos Tudor's até os dias atuais, como os Beatles, Kate Moss, entre outros.
Foto de Audrey Hepburn, em 1954, by Sir Cecil Beaton, do site oficial do museu.
Lady Di, Princesa de Gales, by David Bailey.
Pensem numa emoção que é passear por suas galerias, pousar os olhos sobre tantas obras primas, imaginar seus autores no ato da criação. Há algo de divino na criatura humana, quando ela atinge a perfeição. Embevecidos, sentimo-nos reles mortais, nos transportando para aquele momento.
Boneca caracterizada de Ana Bolena, 2ª esposa do rei Henrique VIII.
Tão prazeroso quanto conhecer e contemplar sublimes obras, é se apaixonar pelos souvenirs dos museus. Sou fissurada nos bloquinhos, bolsas, chaveiros, canecas, cartões, bookmarks, ímãs, calendários. Esse é meu paraíso. Melhor é encontrar objeto de sua obra preferida e lembrar da família, dos amigos. Passo horas, tiro a paciência dos meus acompanhantes, que não entendem o motivo da demora nessa contemplação. Hoje, por exemplo, saí da Galeria de sacola cheia de coisinhas úteis, mas também, de futilidades.
Encerrada nossa visita, rumamos para Picadilly Circus e Oxford Street. Chovia fino e o frio era constante. Estávamos em pleno coração londrino. A decoração natalina me levou às lembranças dos natais da minha infância. Coisa de sonho. Tantas luzes coloridas, com o azul predominando, minha cor preferida.
Na fase de programação da viagem, fiquei tentada em comprar entradas para o espetáculo Mamma Mia, mas como meus companheiros de viagem não são apreciadores do gênero, desisti do intento. Eles queriam ir, por mim, mas sei como é difícil ficar horas ouvindo/assistindo algo de que não se agrada. Por outro lado, qualquer programa, por mais prosaico, em Londres, já seria o must. Andar à toa pela cidade, entrar e sair de lojas, admirar as vitrines, comer bem.
Como chegar à National Portrait Gallery :
De metrô: As estações mais próximas são: Charing Cross (230 metros), Leicester Square (195 metros), e Embankment (490 metros). Essas estações não tem elevador.
De trem: Estação Charing Cross 320 metros, da Praça da entrada do St Martin.
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