Não me apoquento com a overdose de homenagens supérfluas que sempre ocorrem na passagem do Dia da Mulher (que, afinal, para mim, para nós mulheres, é todo santo dia). Não me irrito com as mínimas flores, as badalações inúteis, as exibições oportunistas, vazias. Mas, considero importantes as campanhas em favor, a eleição das virtudes, habilidades e competências femininas, que, no esteio das comemorações e também das bajulações desnecessárias, reforçam cada vez mais nas consciências - principalmente masculinas - a conquista de alguns dos nossos direitos.
Não é o suficiente, nem o justo, nem o ideal, eu sei. Uma longa estrada falta para se percorrer. Um profundo silêncio ainda paira tanto sobre a violência doméstica atrás das portas, como sobre a violência urbana e rural, a céu aberto, ao vivo e a cores. Ambas, igualmente coniventes, cúmplices e cruéis.
Muitas décadas de campanhas, conferências, debates, reuniões em que se discutam o papel da mulher na sociedade atual; muitas leis similares à Maria da Penha, sejam implementadas aqui e no mundo inteiro; muitas prisões; espaços a se conquistar; combates e embates diários, constantes; ainda serão necessários para enfrentar o preconceito e violência machistas. Todos movimentos, manifestações e gestos devem evoluir de maneira constante, como diz a Unesco:
"O movimento de mulheres, na sua longa história de avanços e de amadurecimento, tornou-se muito rico, diversificado e multidisciplinar. Algumas vêm trabalhando a questão de gênero na ótica da equidade, da igualdade de direitos, para superar as tradicionais iniquidades existentes entre homens e mulheres."
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