Ando com o coração molenga. Pieguice total. Deve ser o efeito da chuva, que me traz lembranças do passado, que me confina em minha própria consciência, em busca daquilo que nem eu mesma sei e que deve estar não-sei-onde.
As duas pérolas postadas a seguir, refletem este estado de espírito.
Balada da Caridade, tocava muito num alto falante [alguém ainda sabe o que é isso?] da Igreja do Bom Jesus Aparecido, em Sousa, minha cidade natal; por isso, me lembra tanto as andorinhas que voavam, em nuvem, em torno da igreja, ao som desta música. Lembra também quando cantava em missas do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Esta balada era uma das minhas músicas favoritas:
Para mim a chuva no telhado
É cantiga de ninar
Mas o pobre meu Irmão
Para ele a chuva fria
Vai entrando em seu barraco
E faz lama pelo chão
Como posso
Ter sono sossegado
Se no dia que passou
Os meus braços eu cruzei?
Como posso ser feliz
Se ao pobre meu Irmão
Eu fechei meu coração
Meu amor eu recusei? (bis)
Para mim o vento que assovia
É noturna melodia
Mas o pobre meu irmão
Ouve o vento angustiado
Pois o vento, esse malvado
Lhe desmancha o barracão
Alma Gêmea, acabei de conhecer, nesta noite fria, chuvosa. Encantada, com essa tão profunda declaração de amor.
Alma gêmea de minha alma
Flor de luz de minha vida
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão .
Quando eu errava no mundo
Triste e só, no meu caminho ,
Chegaste, devagarinho ,
E encheste-me o coração.
Vinhas na benção das flores
Da divina claridade ,
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor !
És meu tesouro infinito .
Juro-te eterna aliança
Porque sou tua esperança ,
Como és todo meu amor !
Alma gêmea de minha alma
Se eu te perder algum dia...
Serei tua escura agonia ,
Da saudade nos seus véus...
Se um dia me abandonares
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te , entre as flores
Da claridade dos céus .
~ Composição do senador Públio Lentulus Cornelius, na sua mocidade em Roma, para sua esposa Lívia [Esta letra não é de Chico e Emmanuel como muitos pensam, e não está relacionada com espiritismo, para cuja doutrina alma gêmea não existe].
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