Photo by Life
Tinha oito anos. Estava na calçada defronte a nossa casa, na rua Solon de Lucena, em Guarabira, com minha mãe, então grávida de minha irmã caçula, e mais alguns vizinhos, entre adultos e crianças daquela rua. Há poucas horas, tínhamos ouvido pelo rádio que o Presidente Kennedy, dos Estados Unidos, teria sido assassinado. Eu não sabia quem era Kennedy, nem o que eram os Estados Unidos. Sequer sabia o que era país. Sob o véu da ingenuidade, sentia-me profundamente assustada com as expressões dramáticas e com os comentários que toda a população emitia sobre as circunstâncias da morte daquele ilustre cidadão, episódio que passaria a povoar os meus pensamentos, por meio século. Jamais esquecerei aquele fatídico dia, porque, naquele mesmo instante, ali, naquela calçada, como se não bastasse o nefasto acontecimento, vimos estarrecidos, um jepp passar por cima de uma criança. Dois fatos distantes, mas trágicos, irremediavelmente associados e impressos em minha memória, marcaram o despertar da minha consciência para o mundo.
E você, também foi testemunha desse tempo? Onde estaria, naquele 22 de novembro de 1963?