Se há algo que me deixa feliz e animada, como pinto no lixo, é viajar. Não importa o lugar. É para qualquer parte. Há viagens, no entanto, que me deixam mais animada que outras. E não posso negar que viajar para Europa é sempre como se fosse a primeira vez. Fico num frisson indescritível, que começa meses antes e o auge é justamente no dia da viagem. Como ontem.
Depois de alguns meses estressantes de trabalhos, aperreios, e a última semana de alta tensão, com os últimos preparativos para a viagem - finalmente, chegou o dia D - com toda a euforia, correria e vexames, comme il faut.
Trabalhei dobrado, dormi pouco, corri muito para administrar toda a sorte de pepinos, e ainda deixar a vida, casa-e-trabalho, nos trilhos. Afora que, como se ainda não bastasse o tempo tão cheio, estando em época de eleições para Presidente, precisei manter a vigília intensa na militância, no Facebook, em favor da nossa candidata Dilma Roussef. Ontem, justo ontem, dia da nossa partida, tivemos, eu e o marido, de ser os primeiros na fila de leitores, para não perdermos a hora - de votar, resolver as pendências, e de viajar.
Nossas malas, minha e de Gabi, foram refeitas duas vezes (e correndo contra o tempo), porque achávamos sempre que ainda estavam pesadas. A minha, por razões óbvias, pois minhas roupas, de tamanho GG, por menos que seja a quantidade, preenchem muito a mala.
Como nosso voo foi marcado a patir de Recife, saindo às 21h15, foi necessário que meu filho e sua namorada fosem nos deixar no Aeroporto Guararapes.
Saímos de João Pessoa às 15h30, e chegamos, sem imprevistos, bem antes da hora do embarque, cansadérrimos, mas felizes. O embarque, por sua vez, foi tranquilo, sem problema e sem atraso.
Enquanto aguardávamos o voo. Na foto, os três viajantes,
e meu filho, atrás, fazendo gracinhas.
Nosso voo, TAP0014, foi pelo Air Bus Industrie A330-200. Boa aeronave, sem apertos, confortável.
Durante o voo, foram servidos jantar e café da manhã. Excelente comida, acompanhada de bebidas variadas (vinho, cerveja, refrigerante, suco, água, café), e sobremesa.
Como estávamos todos cansados, o percurso foi entremeado de cochilos e videos. Passei a viagem tentando assistir ao filme "A culpa é das estrelas" ou observando aquela animação do aviãozinho que faz a rota Recife-Lisboa, enquanto Elias dormia a sono solto e Gabi, quando acordada, jogava e jogava.
Realmente, mal sentimos o tempo passar.
Chegamos em Lisboa às 08h50 de hoje. Encontramos um dia ensolarado, um pouco quente para suportarmos os nossos casacos, que não puderam seguir em nossas malas porque... aumentariam o peso das bagagens.
Tivemos, em Lisboa, uma conexão demorada de quase doze horas.
Logo quando chegamos, entramos numa fila imensa e superdemorada de migração. Revista de raio X mais minuciosa que no Brasil, mas, mais uma vez, tudo tranquilo.
Aproveitamos a demora da conexão para dar uma volta em Lisboa e fazer umas comprinhas básicas. Gabi precisava de um tênis e eu já sabia que a marca era Camper e seria encontrado na loja Camper Lisboa, na rua Santa Justa, na Baixa. Ainda bem que ela gostou do estilo e, imediatamente, escolheu o dela. Além disso, ela queria comprar um presente para o namorado, e já havia localizado os endereços das lojas no Chiado. Entramos em várias, mas ela não encontrou o que procurava, e acabou optando por comprar outra coisa. Elias também comprou uma camisa de um time português, para o neto.
De minha parte, enquanto caminhava pelas ruelas de Lisboa, fiquei encantada com inúmeras lojas de design, lojinhas, retrosarias, livrarias tradicionais, brechós e armarinhos, repletos de artigos vintage, badulaques, obras raras e coisas interessantíssimas.
Fiquei horas, estática, somente admirando um certo objeto ou a loja inteira. Não satisfeita, ainda, com que via na vitrine, eu ficava a imaginar o que podia conter no interior de cada loja, dentro de cada gaveta, de cada escaninho, semelhamte à caixa de pandora, repleta de preciosidades e (f)utilidades escondidas, a descotinar, se adentrássemos no recinto.
Ah, Lisboa e seus biscuis, laços de fita, galinhos folk, suas cartelas de botões, suas loiças antigas, seus alfarrábios, seu passado e seus mistérios.
Cada rua era sempre uma surpresa, com suas antiguidades, a compensar as ladeiras. Muito melhor do que passear em shoppings, fnacs e etc. Mas, me segurei para não comprar nada, lembrando sempre que, desta vez, ainda íamos viajar bastante de trem e não convinha abarrotar de compras as nossas malas.
Terminadas as poucas (ainda bem) compras, fomos ver as lojas do "Armazéns do Chiado", demorando na FNAC, especulando os preços dos iPhones. Só especulando mesmo.
Confesso que tantas subidas e descidas de ladeiras, cruzadas de becos e travessas, deixaram-nos mor-ti-nhos de cansados. O efeito jet-lag já nos ameaçava, tanto que não senti a menor disposição de fotografar a cidade. O que lamentei, mas cansaço também é entediante. Afinal, estávamos com quase 24 hs (descontando os fusos horários), despertos, e em plena atividade.
Em seguida, nos demos conta que estávamos famintos (sem almoço). E, por estarmos no ponto mais cosmopolita, mais charmoso e movimentado de Lisboa, procuramos um dos cafés da rua Garret, no Chiado, para matarmos nossa fome e darmos merecido repouso aos nossos pisantes.
Tomamos, Gabi e eu, na Pastelaria Benard (bem defronte da loja Paris em Lisboa), uma canja de galinha bem diferente da nossa canja caipira, não menos deliciosa, que me despertou bastante os neurônios. Mas, não as pernas.
Foto: Facebook da Pastelaria Benard.
Depois disso, ponderamos que era hora de seguirmos ao aeroporto. Embarcamos e ficamos um bom tempo no duty-free. Procurei, em vão, minhas velhas sombras da Lancome, e o perfume de meu filho, um da Ferrari, que ele gosta. Estou desconfiada que ambos saíram de linha. Vamos ver se consigo encontrá-los até o final da viagem. Acabei comprando apenas uma bolsinha organizadora interna de bolsa; e Elias um carregador de celular.
Distraímo-nos horrores no duty free, especulando os preços de perfumes, maquiagens, nos segurando, até quando pudermos comprar algumas bobagens. Enfim, rumamos para o embarque definitivo.
Bem, eu já havia esquecido que seria uma looonga caminhada! O aeroporto de Lisboa é imenso e de muito movimento. Requer muita cautela, para não distrair e perder o voo.
Apesar de toda empolgação com Lisboa, a oportunidade de visitar a cidade, neste curto espaço de tempo, poder sentar num café do Chiado fez muita diferença. Porém, foi atividade demais, correria e esforço em subidas-descidas de ladeiras, sobe-desce de taxi, de modo que, ao embarcar para Roma - nosso próximo destino -, estávamos exaustos. Meus joelhos já estavam sensíveis no início da viagem.
Queremos conferir agora se all roads lead to Rome.
Mas, vam'bora pegar esse avião da TAP, que sai agora às onze horas, como diz Adoniran: quais, quais, quais, quais, quais, quais, quaiscalingudum...
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Pastelaria Bénard
R. Garrett, 104 - Chiado - Lisboa - Portugal
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