Em nosso quarto dia no Rio, fizemos um tour aos monumentos do centro antigo da cidade. Partimos do hotel, cedo da manhã, para o Centro, em busca das atrações culturais, monumentos, museus, Cinelândia. Como já falei aqui no blog, a nossa atenção no Rio está voltada para os cartões postais da cidade. Nesse sentido, conhecer o centro histórico é indispensável ao turista.
Saindo do Savoy, pegamos o metrô na estação Cantagalo, na direção do Centro Antigo, que corresponde ao centro histórico, administrativo e financeiro da cidade. E se caracteriza por possuir desde prédios históricos até modernos arranha-céus. Esse é o lado curioso da denominação de antigo e histórico para o Centro do Rio, posto que a região tanto abrange antigas construções e monumentos, como um complexo de estilos arquitetônicos, que mescla modernos arranha-céus, edificações do início do século XX e do período colonial, do primeiro e segundo reinados no século 19.
Sei também que esta região é repleta de excelentes livrarias e sebos onde se encontram antigos livros bares populares e muito frequentados, gafieiras e clubes de dança populares.
Outra característica marcante do Centro do Rio é que a maior parte das suas áreas do é dinâmica, movimentada durante o dia e vazias à noite e nos finais de semana.
A forma mais prática de acesso ao Centro é via metrô, conforme fizemos. Facilmente se chega ao Largo da Carioca e Av. Rio Branco, desendo na Estação Carioca ou na Estação Cinelândia (são vizinhas, quase coladas uma na outra).
Saindo da zona sul, também prático de ônibus, passando na rua 1º de Março, e descendo na Praça XV e Centro Histórico do Rio, próximo da Av. Rio Branco. A vantagem desse trajeto é poder-se admirar a paisagem urbana, desde a Baía de Botafogo, apreciando o complexo do Pão de Açucar, e o Aterro ou Parque do Flamengo.
Vista aérea do centro do Rio de Janeiro. Imagem: wikipedia.org
Nossa primeira parada foi na Praça Marechal Floriano, conhecida como Cinelândia (assim chamada desde a década de 30, devido ao grande número de teatros, boates, bares e restaurantes que se instalaram na região, e aos cinemas que lá existiam até o início dos anos 1970). A Cinelândia foi onde se deram algumas das manifestações políticas mais importantes da história nacional. Ainda hoje é o local favorito para exibições de ativistas políticos nacionalistas e de extrema-esquerda.
É nessa região onde ficam os tantos monumentos históricos importantes e lindos, além de todo o cenário urbano, dinâmico, razão porque ficamos, a princípio, na dúvida sobre por onde começaríamos nosso roteiro de visitas.
A primeira visita foi ao Museu Nacional de Belas Artes, depois que passamos na Biblioteca Nacional e, por não termos agendado a visita, só pudemos conhecer o hall; em seguida, passamos pela frente do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde não chegamos a entrar, mas fizemos algumas fotos de sua fachada.
Fechamos o circuito Cinelândia, almoçando no restaurante Amarelinho da Cinelândia, um autêntico filé, com arroz, farofa e fritas, ragado ao melhor chopp da Cinelândia e Coca Zero. Mais carioca, impossível.
Após o almoço, saímos [quase correndo] da Cinelândia na direção da Confeitaria Colombo, ávidos por uma deliciosa sobremesa.
Biblioteca Nacional
O edifício da Biblioteca Nacional, cujo projeto é assinado pelo engenheiro Sousa Aguiar, tem um estilo eclético, no qual se misturam elementos neoclássicos e art nouveau.
Fica situado na Av.Rio Branco, 219, praça da Cinelândia, compondo com o Museu Nacional de Belas Artes e o Theatro Municipal um conjunto arquitetônico e cultural de grande valor.
Fachada do Prédio da Biblioteca Nacional
Hall da Biblioteca Nacional
Elias, no Hall da Biblioteca Nacional
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro é considerado um dos mais belos prédios da cidade, a principal casa de espetáculos do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul. Inaugurado 1909, o Theatro tem recebido os maiores artistas internacionais, assim como os principais nomes brasileiros, da dança, música e da ópera. o Theatro Municipal do Rio de Janeiro é a única instituição cultural brasileira a manter simultaneamente um coro, uma orquestra sinfônica e uma companhia de ballet.
Fachada do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Cúpula do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. É notória a influência francesa. O desenho do prédio foi inspirado no da Ópera de Paris, construída por Charles Garnier.
Museu Nacional de Belas Artes
Visitamos o Museu Nacional de Belas Artes, criado em 1937, que mais parece um palácio, cujo edifício sediou, inicialmente, a Escola Nacional de Belas Artes, construída em 1908.
O acervo contém cerca de 70 mil itens, compreendendo, obras de pintura, escultura, desenho e gravura brasileira e estrangeira.
Na coleção de pintura brasileira estão representados os melhores do segmento representativo do século XIX, que é o melhor do Brasil. Encontramos obras de de grandes artistas do período, como, Vitor Meireles, Agostinho da Mota, Pedro Américo, Almeida Júnior, Belmiro de Almeida, Rodolfo Amoedo, entre outros.O Museu expõe também importantes obras artísticas brasileiras do século XX, de artistas como Eliseu Visconti, Tarsila do Amaral, Alberto da Veiga Guignard e Candido Portinari. São cerca de 2.200 peças que compõem a coleção, que cobre mais de dois séculos da pintura realizada no Brasil.
São tantas obras de valor inestimável, que fica difícil comentar mesmo a maioria delas. Aquelas que mais me chamaram a atenção, foram as de Pedro Américo, particularmente, por ser um paraibano reconhecido mundialmente; em segundo lugar, pelas dimensão e qualidade de suas obras. A que mais me impressiona, é a Batalha do Avaí, pela grandeza; seguida de Judith rende graças a Jeová, pela alta definição dos detalhes e realismo nas expressões de Judith.
Visão parcial da obra prima de Pedro Américo,
A Batalha do Avaí, à direita do corredor.
Judith rende graças a Jeová por ter conseguido livrar sua pátria dos horrores de Holofernes, 1880. Pedro Américo (1880).
Em seguida, detalhes dos assoalhos do Museu Nacional de Belas Artes.
Confeitaria Colombo
A Confeitaria Colombo tem mais de 100 anos de história. Até hoje, procura preservar a própria história, mesmo que a qualidade dos produtos e serviços não sejam mantidos com a mesma preocupação. Tornou-se patrimônio cultural e artístico do país. Foi, por exemplo, a confeitaria preferida de Olavo Bilac - onde tinha uma mesa reservada -, e muito frequentada, também, por importantes figuras da antiga República; celebridades como Rui Barbosa, Chiquinha Gonzaga, Villa Lobos, Virginia Lane, Getúlio Vargas, entre outros.
Nas poucas vezes que fui ao Rio sem ser a trabalho - creio que, no máximo, umas três vezes -, em nenhuma, deixei de ir à Confeitaria Colombo. Caminhar pelo o Largo da Carioca sem desfrutar de um lanche ou um chá tradicional na Confeitaria é quase um pecado.
Depois de almoçarmos, Elias, Pippe e eu, no Amarelinho da Cinelândia, fomos comer nossa sobremesa na Colombo. Aproveitamos, e atravessamos também a Rua do Ouvidor, uma via ainda super movimentada, e que já foi a principal rua do Rio de Janeiro do século XIX. Passamos pelo Convento de Santo Antonio, mas, a pressa em chegar à Colombo, nos fez dispensar a visita.
Sempre me encantei com a arquitetura e decoração da Confeitaria. Ao mesmo tempo em que ela lembra um grande bistrô, com marcas culturais francesas em sua arquitetura, ostentando elementos de art-noveau; o local ainda está incorporado à vida carioca atual, em pleno funcionamento e bastante visitado. Se no passado foi frequentado por antigos presidentes e senadores, ainda hoje vive lotada, com filas de espera que ultrapassam a sua porta.
Apesar de ter observado e concordado, em parte, com algumas críticas, no Tripadvisors, sobre o declínio dos seus serviços, a Colombo ainda desperta na gente não só o desejo de experimentar todas as suas iguarias, mas o de comer ininterruptamente; como também, de reter na memória não só os seus sabores, mas a sua compleição física, seu glamour, a sua personalidade histórica...
Como está registrado em seu próprio site, "a Confeitaria Colombo é até hoje considerada uma das mais importantes obras de arquitetura e decoração da belle époque carioca. Da claraboia ao piso, tudo é arte e beleza."
Por isso, saí-me a fotografar tudo, em todos os detalhes, como vocês poderão ver, a seguir.
Fotos e embalagens de produtos do século passado são comercializados pela Confeitaria.
A confeitaria diz que oferece mais de 500 cardápios antigos. Comentários vistos no Tripadvisor dão conta que a confeitaria hoje vive mais da tradição, não inova na cozinha e a qualidade é apenas razoável. Hoje, pudemos conferir que, realmente, o serviço deixa a desejar. A fila de espera é lenta, nem todo/a/s o/a/s garçons/garçonetes atendem bem. Como o local vale a visita, decidimos manter a paciência.
Ainda seriam as louças da Cia. Vista Alegre?... Já se encontram bastante maltratadas pelo tempo.
A receita desse tipo de doce tradicional português, foi trazido no século passado, e confeccionados por confeiteiros vindos de Portugal.
Esse protiferole chegou assim mesmo, quase desmanchado. Os três pratos que pedimos chegaram em tempos diferenciados. Cada um de nós foi servido em um momento distinto. Creio que a/s cozinha/s funciona/m por especialidade, pois os pratos pareciam chegar de diferentes direções e por garçons diversos.
Os espelhos belgas, o belíssimo mobiliário em jacarandá, e as bancadas de mármore italiano, demonstram a passagem do tempo e o descaso com a preservação do patrimônio.
Referências:
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Endereço: Praça Marechal Floriano S/N - Centro, Rio de Janeiro - RJ - Cep 20031-050 - Tel: 2332-9191 / 2332-9134.
Endereço: Rua Gonçalves Dias, 32 / Centro - Rio de Janeiro -Tel.: 2505.1500