Por onde começamos
Uma referência importante - para quem está começando a leitura do blog por aqui – é que nos situamos, moramos em João Pessoa, Paraíba, lugar a partir de onde começamos o planejamento de nossa viagem.
Praia de Coqueirinho, município de Conde, na região metropolitana de João Pessoa, Paraíba.
É interessante destacar esse aspecto, por que João Pessoa fica numa região que, embora localizada no litoral, é relativamente quente em dezembro (e estamos em pleno verão).
É necessário que levemos em conta que, nos dirigindo à Europa em pleno dezembro, deveremos desembarcar em países/cidades que estão vivenciando uma estação diametralmente oposta: o auge de um rigoroso inverno.
Menina joga neve na água congelada da fonte do Queen Victoria Memorial, em frente ao Palácio de Buckingham, em Londres. Foto: AP, by Terra
Esses contrastes térmicos fazem toda diferença no planejamento da viagem, pois implicam reconhecer que nosso organismo sofrerá o impacto, e nossa mobilidade pode ser significativamente prejudicada (haverá necessidade de permanecermos a maior parte do tempo em ambientes fechados, maior restrição aos passeios ao ar livre, etc.).
Será que estamos certos da melhor escolha do inverno para fazer a nossa viagem?
A regra de ouro para quem não suporta o frio, seria: evite a Europa e parte da América do Norte entre dezembro e março.
Mas, isso é variável, já que 'viajar juntos' implica também uma conciliação de interesses e, também, depende, obviamente, da resistência de cada pessoa. Não requer uma ‘operação de guerra’, um ‘tratamento de choque’; porém, como sou friorenta, preocupo-me, muito mais do que os meus parceiros (calorentos, oh!) de viagem, com essa situação. Desde quando decidimos viajar, e marcamos a data, consideramos todo o cuidado na escolha das roupas, dos calçados, do seguro saúde, dos medicamentos a levar; e na atenção às variações do tempo (de um país para outro) e dos fenômenos climáticos (nevascas, ventos gelados) que estão ocorrendo na Europa.
Contando com duas viagens anteriores que fiz à Europa em períodos de frio ameno, e pela leitura de blogs amigos e especializados, de guias e de relatos de experiências, ainda assim, não ouso afirmar que estou preparada pro que der e vier. Sei que em viagens também vale contar com o inesperado e com certa dose de incerteza. O que admito é que aprendi muitas lições com a própria experiência e com as dos especialistas e amigos. E que, mesmo assim, considero cada viagem é uma viagem particular, com ingredientes e circunstâncias peculiares.
Uma viagem não se começa apenas quando se fazem as malas. Se o destino pretendido não é aquele corriqueiro, para um lugar que nos é familiar – uma cidade onde já moramos, a praia que costumamos freqüentar ou uma região com características locais semelhantes às da nossa – é preciso buscar informações sobre esse destino, conhecer toda a gama de traços culturais, sociais, demográficos, climáticos, econômicos, e, inclusive, geo-políticos.
Suponhamos que você vá para um lugar exótico. Precisa informar-se antes como funciona a viagem. Lugares exóticos não se assemelham aos outros. Poderá ter necessidade de fazer esforços físicos além do que deseja e pode não encontrar hotéis no nível que espera. Precisará ter cuidados com a alimentação. Ou, quem sabe, precise tomar vacinas.
Nossa decisão de ir para a Europa foi tomada no início de janeiro (2010). O contexto de escolha dos lugares a serem visitados já foram explicados aqui.
Estivemos por quase um ano montando e sonhando com a viagem, contemplando, prioritariamente, passar o natal em Paris e o reveillon em Edimburgo, na Escócia.
O roteiro definitivo ficou assim estabelecido:
Partiremos de Recife para Lisboa, pela TAP (que não opera em João Pessoa).
Foto UTL
Dois dias após, iremos, via EasyJet, para Madrid. Mais dois dias, e seguiremos para Paris, ainda pela EasyJet.
Foto: mailonline
Em Paris, passaremos natal em grande estilo (para isto, basta simplesmente 'estar em Paris') e permaneceremos até o dia 27, quando iremos para Londres, pelo trem Eurostar.
Foto: Raileurope
Na antevéspera do ano novo prosseguiremos para Edimburgo, passando por Chesterfield e por Pilsley (visitando Mrs. Sheila), em Derbyshire. Em Edimburgo, passaremos o reveillon, estamos curiosos por conhecer a famosa hogmanay. Retornaremos, de trem, para Londres, de onde aguardaremos o embarque definitivo para Lisboa e Recife. A volta ao Brasil, dar-se-á de novo pela TAP, partindo do aeroporto Gatwick, de Londres, passando por Lisboa, até chegar em Recife. Daí, para João Pessoa, iremos de táxi, com o Seu Antonio. E, enfim, estaremos, definitivamente, em casa.
Fazer um roteiro independente ou recorrer à agência de viagem?
Esta questão não surgiu entre nós, assim, de imediato. Instintivamente, achei que poderia montar nosso próprio roteiro, realizar todo o processo, adquirindo passagens e reservas de hotéis diretamente com as empresas. Durante um mês fiz, nas horas vagas, pesquisas sobre todas as condições de passagens, hotéis, passeios e atrações; afinal, tínhamos alguns critérios, por ex., preferíamos hotéis que tivessem elevador (na Europa, os hotéis mais antigos nem sempre têm), banheiros privados (tem hotéis que não dispõem de banheiros nos quartos, mas de uso coletivo) e dispusessem de apartamentos triplos. Encontrei preços razoáveis, identifiquei onde cortar custos, encurtar distâncias, adquirir pacotes de passagens aéreas, passes de trem, etc.
Quando passei das pesquisas às aquisições, é que a coisa complicou. Como pretendíamos fazer Lisboa-Madrid de trem noturno, para ganhar tempo, tentei comprar as passagens da Lusitânia Comboio Hotel, diretamente à Renfe, e tive dificuldade de fechar a operação. Depois de inúmeras tentativas e muitos dias perdidos, tomei conhecimento no site de Ricardo Freire, de que o problema estava ocorrendo com todos os brasileiros que entravam no sistema para adquirir passagens. Na verdade, conseguíamos formular a compra, preencher os formulários da empresa, colocar os dados pessoais do cartão de crédito, até o ponto em que era necessário aprovar o pagamento. Daí, o sistema nos deixava esperando, esperando..., como se houvesse uma interrupção na rota do pagamento, na conexão do servidor internacional do cartão de crédito (Visa) com o servidor da entidade bancária. Liguei várias vezes para a administradora do cartão e para a entidade bancária – e estas afirmavam não terem encontrado nenhum problema. Até que, um dia, ao entrar no sistema da Renfe, percebi que as passagens, no trecho e data pretendidos, estavam esgotadas.
Comecei a me inquietar porque o tempo corria, percebi que não tinha avançado, e talvez precisasse do do apoio de uma agência. E não era por falta de conhecimento dos procedimentos ou falta de referência dos hotéis ou empresas de transportes, mas a logística para compra e reserva exigia tempo e esforço maiores do que eu dispunha para aquela situação.
Como eu não tinha o dia inteiro disponível (por causa do trabalho) para fazer, responder e aguardar contatos, e cobrar respostas, ou alterar rotas, reconheci a vantagem de se dispor de uma agência intermediadora para solucionar os problemas práticos. Pelo menos enquanto eu estivesse no trabalho, as coisas estariam sendo adiantadas pela agência.
É preciso considerar, entretanto, que as escolhas individuais feitas previamente podem, ou não, coincidir com as indicações de fornecedores da agência. Assim, fiquei, num primeiro momento, um tanto inquieta, quando percebi que nenhum dos hotéis que eu havia selecionado, fazia parte do sistema da agência com a qual desejávamos trabalhar. Recorremos à Anamar Turismo - a mesma empresa de quem compramos o pacote para Buenos Aires - por questões de confiança.
A viagem de BsAs não foi maravilhosa? Não deu tudo super certo? Por esse crédito, resolvemos esquecer nossas escolhas e abraçamos as propostas de hotéis e companhias aéreas feitas pela Anamar.
Viajar de avião, ônibus, carro ou trem?
O meio de transporte pode fazer toda diferença no bolso e no resultado final (satisfação) da viagem. E claro, não dava, num período tão curto, atravessar os mares e ainda percorrer a Europa. Então, navio, cruzeiro, não. De avião, pelo menos, ganha-se tempo.
Consultei quase todos os sites oficiais de companhias aéreas que vão aos destinos que desejávamos, mas verificamos, também, aquelas que oferecem passagens de baixo custo (low cost) verificando quais os serviços e preços diferenciados que praticavam.
Por isso, preferimos vencer as maiores distâncias de avião (TAP); e percorrer parte interna da Europa de trem (Eurostar e outros) e/ou avião (EasyJet).
Trem é mais barato do que avião? Nem sempre. Então, a opção foi usar um ou outro, conforme os preços, horários, deslocamentos, ganhos de tempo e distâncias percorridas nos fossem mais favoráveis na ocasião.
Carro e ônibus, nem cogitamos, diante das notícias de frio intenso e nevascas, tumultuando as estradas e até mesmo o tráfego aéreo; dirigir, então, seria um risco desnecessário.
Assim, nosso roteiro de transporte e hospedagem foi se consolidando:
Dia 18/dez (sábado), 23h50 – Recife (Guararapes) – Lisboa, voando pela TAP, chegando em Lisboa às 10h25 do domingo. Hotel: Novotel.
Dia 20/dez (2ª-feira), 19h35 – Lisboa–Madrid, pela EasyJet, chegando em Madrid às 21h50. Hotel: Asturias.
Dia 22/dez (4ª-feira), 20h20 – Madrid-Paris (Charles de Gaulle), pela EasyJet, chegada em Paris às 22h30. Hotel: Timhotel Place d’Italie – Butte aux Cailles.
Dia 27/dez (2ª-feira), 10h13 - Paris (Paris Nord)-Londres (St Pancras), de trem, pelo Eurostar, chegada às 11h28. Hotel: Jurys Inn Chelsea.
Dia 29/dez (4ª feira), 07h20 - Londres (Estação Victoria)-Chesterfield-Pilsley, por East Midlands Trains - Estação Victoria, passando por St Pancras, chegando a Chesterfield às 09h46, em Pilsley (de táxi) às 10h00.
Dia 29/dez (4ª feira), 19h03 Chesterfield-Edimburgo (Waverley) por Cross CountryTrain, chegada em Edimburgo às 23h23. Hotel: Point Hotel.
Dia 1º/jan (sábado), 06h20 - Edimburgo-Londres (Gatwick) pela Easyjet, chegada a Londres às 07h50. Hotel: Royal National.
Dia 03/jan (3ª feira), 10h40 – Londres–Lisboa pela TAP, chegada a Lisboa às 13h20. Lisboa-Recife, às 1040, chegada ao Recife às 21h30.
Documentação e passagens
Estávamos com nossos passaportes vencidos e, apreensivos em meio a uma greve da Polícia Federal, providenciamos novos passaportes com a maior antecedência.
Não nos constavam exigências dos países em relação a vacinas; mas, precavidos, procuramos a FUNASA, e tomamos todas as passíveis de serem exigidas (febre amarela, hepatite, tríplice, etc.) e que estão válidas por dez anos. Somente o filhão estava com as suas vacinas em dia. É bom lembrar que é necessário vacinar-se dez dias antes do embarque porque reações à vacina podem ocorrer durante esse período.
Compramos nossas passagens aéreas (Recife-Lisboa-Londres-Recife) com antecedência de quase quatro meses da nossa partida. Apenas as passagens de trens e da EasyJet foram compradas mais próximas dos embarques, pois estávamos aguardando confirmação de algumas reservas de hotéis. Checamos com cuidado tudo: nomes, datas, aeroportos de chegada/saída, estações, números de vôos, referências de terminais de embarque/desembarque, números de vagões, horários. Ao nosso ver, está tudo ok.
Reunimos mapas, dicionários e roteiros de viagem. Tenho mania por guias de viagem, tenho um monte adquirido em viagens anteriores. Quando sinto interesse ou curiosidade por algum lugar, logo procuro um guia, mas não um guia qualquer; pesquiso com atenção para adquirir os melhores. Na verdade, utilizo-os mais quando ainda estou ‘sonhando’ com a viagem e na fase de planejamento. Gosto muito dos guias “Frommer’s” , os da Folha de S. Paulo, os pequenos guias Berlitz, os do blog “Conexão Paris”. Mas, não levo os guias comigo (só alguns estritamente indispensáveis e leves), pois enchem e pesam muito na bagagem. Para esta viagem, fiz uma lista básica dos pontos principais a serem visitados, e no mais, levo as informações no pendrive, algumas dicas e sites importantes, para recorrer, se houver necessidade e internet disponível.
Quanto aos mapas de trem e metrôs, faço questão de levá-los comigo, posto que nem sempre seja conveniente pegar taxi do aeroporto para o hotel.
Fiz uma lista de vôos, trens e endereços importantes, com todos os detalhes: nºs de bilhetes, códigos de reserva, datas, nºs de vôos, nº de assentos, aeroportos, estações, horários, plataformas, terminais; nomes e endereços completos dos hotéis, localização, como chegar e sair por/para aeroporto/estação de trem ou metrô. Levarei também uma lista de endereços importantes: representações diplomáticas do Brasil nos países de destino, seguro saúde, banco emissor dos cartões de crédito, nº de atendimento ao cliente do cartão, empresas taxi que fazem traslados aeroporto/hotel em cada país, de algumas pessoas da família, da Anamar, etc. Facilitará quando precisarmos de uma ‘visão geral’ da viagem, dos deslocamentos, e por segurança, é mais um registro dos dados da viagem, em caso de emergência ou que percamos algum documento – deus-que-me-livre.
A grana da viagem, cartões de crédito
Elias tomou todas as providências com relação à organização do orçamento em viagem, ao uso dos nossos cartões de crédito no exterior, fazendo-o com bastante antecedência: verificou os limites e datas em que expiram; informou ao nosso gerente local os planos de viagem; informou-se sobre os custos associados ao uso dos cartões, de saques, a forma de cálculo da fatura. Habilitamos os cartões para compras no exterior pelo período que estaremos fora do país. Para a viagem, levaremos apenas dois cartões das bandeiras Visa e MasterCard, e de bancos distintos.
A Abecs diz que o valor das transações, em qualquer moeda estrangeira, será convertido em dólar americano e depois convertido para real na data de emissão da fatura. Sabemos também que sobre as transações efetuadas em moeda estrangeira, haverá incidência de IOF e também poderá ser cobrada tarifa de conversão.
Embora o nosso objetivo não seja o turismo de compras (nossa viagem é motivada mais pelo conhecimento do que pelo consumo), entendemos que a viagem, por si mesma, envolve custos (de hotéis, restaurantes, passagens, lanches). Ainda que fazer compras não esteja em nossos planos, nos acalma saber com o que podemos contar e quais são os custos que estarão por trás das nossas transações.
Em termos de grana, levaremos uma parte em euros e uma parte em cheques de viagem, considerados mais seguros em caso de furtos. Além disso, lembramos de manter uma reserva de reais para pequenas despesas no aeroporto, na saída e na chegada.
Feriados
Certificamo-nos dos feriados locais para que nossos passeios ou compras não fiquem comprometidos. Natal e ano novo são comemorados de formas distintas em diferentes países; da mesma forma, o funcionamento de comércio (lojas, shopping, bancos) e dos transportes (metrô, trem, taxi, ônibus), pelo menos em Paris e Londres serão ligeiramente alterados no natal e no ano novo.
Seguro saúde
Sabemos da importância de contratação de um seguro médico de validade internacional, uma garantia em caso de emergência de saúde no exterior. Optamos por seguros que pagam diretamente aos hospitais e médicos no exterior, para que não tenhamos que pagar antecipado e só receber o reembolso na volta. Alguns países da Europa são signatários do tratado de Schengen (incluindo Portugal e França, dentre os que visitaremos), e exigem uma apólice com cobertura mínima de 30.000 € para permitir a entrada do turista. É possível que os oficiais da imigração peçam ou perguntem pelo documento. O meu seguro e o do marido foram adquiridos mediante vinculação das compras das passagens que foram feitas pelo Visa, e, no pacote, nos garantiu o seguro. O do filhão foi adquirido, via Anamar, à MIC Travel Assistance by Coris.
Cuidados com o que fica
Antes de seguir viagem, já pagamos nossas contas, compramos e entregamos nossos presentes de natal da família e dos amigos, suspendemos a entrega de jornais. Nossos queridos Fátima e Luciano ficam "de olho" na nossa casa e nos nossos mascotes (Hati e Xano).
Links importantes:
Visa do Brasil
Departamento de Polícia Federal
Ministério das Relações Exteriores
Anamar Turismo
Abecs
Referências importantes:
França: guia visual da Folha de S. Paulo
Endereços curiosos de Paris, Iara Crepaldi
Londres: guia de viagem para leigos, Donald Olson
Viaje na Viagem: Ricardo Freire
Conexão Paris
Dri EveryWhere