Esta máxima aguça os meus questionamentos sobre a neurociência e a genética comportamental. Pelo menos, naquilo que os genes não influenciaram, além da aparência e do intelecto, a convivência familiar aproxima estas duas crianças, de tal forma que as semelhanças comportamentais tornaram quase incontestável a tese de que 'quem sai ao pai, não degenera'.
Além de curtir o hábito de fotografar, e ainda que não seja uma fotógrafa tecnicamente profissional, mas, intuitiva; também exerço atividades no campo da educação ambiental.
Uma das questões mais controversas que frequentemente me deparo, seja por inquietações próprias ou por questionamentos levantados pelos alunos, é sobre a necessidade, existência e a função dos zoológicos.
Como estudiosa em educação ambiental, reconheço que o zoológico tem vários papéis fundamentais nesse campo, na disseminação do conhecimento e na preservação das espécies.
No entanto, na condição de 'fotógrafa', debato-me com minhas próprias contradições: Afinal, quão ético será fotografar animais aprisionados? Estaríamos, pretensiosamente ou inadvertidamente, fazendo apologia do lado nefasto da missão dos zoológicos?
A natureza, em suas próprias lógicas, nos espanta muitas vezes por parecer incoerente, imperfeita, incorreta. No funcionamento da cadeia evolutiva, em especial da cadeia alimentar, ela expõe as suas idiossincrasias.
Ora, como seres inacabados que somos (olha, o Paulo Freire!), também somos parte dessa biodiversidade. Como parte dela, trazemos impressos nos nossos genes não apenas os bons atributos, como os seus malefícios. Afora os bons e maus costumes que incorporamos ao longo da vida, na convivência com e/ou no manejo de outras espécies, como fauna, flora, e outras coisas tangíveis e intangíveis que nós mesmos criamos.
Embora, na maioria das vezes, tenhamos a noção do que seja a maldade, o crime, a violência contra qualquer espécie; em outras instâncias, temos dificuldade de enxergar (às vezes, nem desejamos) as fronteiras do comportamento ético, aceitável.
Dito isso, vejo os dois lados do zoológico: um que vislumbra o caráter educativo, construtivo e reabilitador das espécies; e outro, que cerceia a liberdade, ostentando as mazelas de criaturas indefesas, fora do seu habitat.
Então, questiono: O fotógrafo não deveria registrar os animais aprisionados? E se o fizer estará fazendo o elogio da repressão? Onde fica, assim, o papel dos fotógrafos de guerra, das catástrofes, da vida policial? Eles não deveriam fotografar? Estariam - em seu papel de informar -, louvando a violência? Como deve então, se portar, por exemplo, o foto-jornalismo diante da biodiversidade?
Tenho muitas certezas sobre as questões levantadas, mas tenho também algumas incertezas e contradições internas.
Baseada no conhecimento geral, e nas dúvidas insolúveis, estou buscando fundamentar minha postura sob três importantes e respeitados ângulos de visão que tratamos lá no Flickr:
·A visão que tenho concebido até o presente - Por longos séculos maltratamos a mãe-natureza- por alienação, por maldade, por falta de percepção ambiental, do nosso mundo-lar. Nem conhecemos suficientemente nossos co-habitantes, com os quais fazemos parte dessa mesma biodiversidade. O reconhecimento da biodiversidade é importante porque, conhecendo, entendemos porque precisamos respeitar todas as espécies; respeitando-as, estaremos honrando a nós mesmos. Esse é um dos papéis do zoo, além do conhecimento, a aprendizagem. A outra face do zoo - como eu vejo - é o cuidar mesmo, reabilitar as espécies agredidas, maltratadas; disseminar o como nutrir melhor; e, com essas experiências, auxiliar nas formulações das políticas públicas com vistas à preservação, à melhoria dos seus habitats, ao respeito. É por isso que gosto de registrar em fotografias, ainda que me doa vê-las cerceadas de sua liberdade.
·A visão de um amigo que é “terminantemente contra” zoológicos. – “Sinto muito por esses animais que vivem confinados a pequenos espaços. Sou terminantemente contra zoológicos. Não vejo sentido em manter presos animais que tem toda a imensidão da natureza para viver.” [...] “Há muitos anos atrás a Kodak lançou uma campanha publicitária que ainda hoje lembro e acredito ter sido o mais bem sucedido comercial. Trata-se de uma pessoa que antes saia a caçar borboletas e as aprisionava, colocando-as em quadros, em dado momento uma fada arranca das mãos do caçador a pequena rede e lhe entrega uma câmera e ensina a fotografar as borboletas em seu mundo, seu habitat. O caçador passa então a fotografar as borboletas e continua colocando-as na parede, só que agora em fotos. Poderíamos fazer o mesmo, fotografar os animais em seu habitat e não em zôos.”
·A visão de outro amigo que reforça o papel dos zoológicos – “Só que hoje em dia, [...] os ‘grandes espaços’ destes pobres animais estão drasticamente sendo destruídos - e no Brasil em grande escala - e, se não existissem os zoológicos, várias espécies já estariam definitivamente exterminadas. Já tive oportunidade de acompanhar o trabalho e a preocupação de biólogos e zoólogos europeus com animais em cativeiro e preciso dizer, que estes vivem bem melhor cuidados do que seus familiares na reclamada ‘imensidão da natureza’. Não é a ‘imensidão’ que precisam, mas o bioma, o habitat especial para cada espécie - coisa que esses cientistas criam com perfeição - e certos ignorantes queimam dia após dia ! Acredito até, que zoológicos contribuíram bastante para fortificar e expandir mundialmente a opinião pública em defesa da proteção aos animais! Sabia, que a maioria dos animais em zoológicos bem cuidados tem um ciclo de vida mais longo que na liberdade ?”
Certamente, esses temas são polêmicos, e não são inválidos os diferentes pontos de vista. É bom lembrar que, na discussão acima, mencionamos aspectos objetivos, técnicos, tangíveis - fáceis de serem confirmados, aceitos ou refutados. Mas, voltando à idéia da cadeia evolutiva, envolvem, também, outros fatores que são subjetivos, éticos, políticos e até espirituais – tornando difícil distinguir os limites do que seja certo ou errado. Enfim, não compete aqui defender visões maniqueístas, senão, abrir um pouco as nossas mentes na direção de um ponto de equilíbrio entre distintas perspectivas sobre a nossa própria existência no seio dessa biodiversidade.
Depois de longo período submersa em profundo silêncio, eu emirjo com uma pérola contada por uma jovem amiga:
"Como é que pode uma pessoa ser desastrada assim como eu?? Fui a um velório e, chegando lá, fui me encostar numa porta e só ouvi a pancada: Quase derrubo a tampa do caixão! :( Que vergonha!".
Nunca fiz coisa igual, mas já me aconteceu muita coisa parecida... oh, sou a rainha em enfiar os pés pelas mãos. Não ouso nem contar os meus tropeços.
A dramaturgia televisiva nacional não é a mesma de décadas atrás. Faço uma ressalva apenas às abordagens social e tecnológica que são mais fortes e mais exploradas nas novelas atuais
Quem assistiu à "Rosa Rebelde" (1969), "Redenção" (1966-68), " A legião dos esquecidos" (1968), "Passo dos Ventos" (1968-69), "Nino, o Italianinho" (1969-70), "O Bem Amado" (1973), Irmãos Coragem" (1970), "O cafona"(1971), Beto Rockfeller" (1968-69), "Ossos do barão", "Pecado capital", "Roque Santeiro", sabe que não se fazem mais novelas tão boas como antes. Nem os remakes das clássicas conseguem sensibilizar mais do que as versões originais.
Essa reflexão vem no rastro da notícia de mortes do ator John Herbert e de Geórgia Gomide, atriz que atuou alguns meses na primeira adaptação para novela d"As Pupilas do Senhor Reitor" (1971) na TV Record, escrita por Lauro César Muniz, baseada no homônimo romance de Júlio Diniz. Infelizmente, aos poucos, vão-se os ícones dessa época de ouro.
Geórgia fez brilhantemente o papel de Clara, uma das duas pupilas (Clara e Margarida), personagens centrais na trama do romance português. Ela deixou a novela e foi substituída pala atriz Maria Estela que não chegou a alcançar o seu brilho. Geórgia imprimiu à personagem Clara uma presença forte e carismática, uma alegria marcante; era linda, e atraía para si toda simpatia do público.
Uma avalanche de lembranças irrompem ante à constatação de que novelas escritas - destacadamente - por Janete Clair e Dias Gomes, se valiam à pena assistir, porque, além de se tratarem realmente de obras literárias, a sua eficiente transposição para tv dava-se muito mais pelo genuíno talento de seus atores.
Comparadas às dos dias de hoje, as novelas faziam sucesso baseadas em textos de qualidade literária e na formação e dinamismo do seu elenco, não obstante as restrições e cortes que eram impostos pelo regime de ditadura e os parcos recursos tecnológicos disponíveis à época. A tv ainda vivia a era P&B, o elenco era sempre formado por 'atores' (não havia invasão de modelos aspirantes a atores), e o domínio de merchandise [ops, merchandising] se verificava apenas em leves intervalos comerciais. Por que será que a tv atual, mesmo já tendo superado essas vicissitudes, não consegue (com raras exceções) fazer coisa melhor, nem quando tentar reinterpretar os textos que outrora arrancaram tantos suspiros?
Lembro que a exibição das novelas paralisava os horários domésticos. Havia uma fidelidade generalizada à 'hora da novela' em todas as famílias. As discussões sobre seus suspenses, suas tramas, dominavam as rodas de conversas nas casas, nas ruas, no trabalho, nas escolas.
Lembro que, na década de sessenta, nem todas as residências no nordeste possuíam tv, mas já se registrava a existência do 'televizinho', uma modalidade de rede social que se estabeleceu em todos os recantos. Quem tinha tv não escapava do assédio dos 'sem tv', porque, simplesmente, as novelas eram irresistíveis!
Cá no nosso refúgio, já estamos ajustando nossos canais às estações das terras longínquas para onde vamos, dentro de poucos dias.
Aqui, já se sofre da síndrome de dezembro. Faz um calorão medonho. Em dois segundos, ao ar livre, o sol queima a nossa pele, causando a lombeira, e condicionando mais lentamente a nossa jornada diária. Haja suor, cerveja e gente.
As praias andam disputadíssimas nos finais de semana. O caos na ruas, principalmente por conta das compras natalinas, cresce a cada dia, o trânsito está engarrafado, os estacionamentos sempre lotados, os motoristas mais agitados. Nas empresas, só se falam em vendas; e, nas repartições públicas, em relatórios e confraternizações.
As vitrines nos shoppings e na cidade estão repletas de luzes, de novidades, de moda colorida e de filas. Filas também nos bancos, nos salões de beleza, nos consultórios médicos, nas agências de viagens, nos correios, nos supermercados, nos restaurantes, nas padarias, nos banheiros, nos postos de gasolina. E gente, gente saindo pelo ladrão.
Fim de ano é sempre assim. Todos os anos uma multidão sai às ruas para comprar, comer, beber, festejar, amar e fazer turismo. É quando temos a real noção do superpovoamento.
Eita mundo pra ter gentes, meu-deus-do-céu. Gentes de toda qualidade, de todos os tipos, tamanhos, bolsos, cores e humores.
Eita vidão maravilhoso. E a vida só é interessante porque é assim, cíclica, multicultural, multifacetada e caleidoscópica.
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Não há nemhum problema no ciclo repetitivo dos tempos e das modas. Faz parte da vida; e, como seres inacabados, em movimento, temos necessidade disso. Todo ano termina e todo ano recomeça tudo.
Há anos em que estou mais predisposta ao clima de terminar e recomeçar, de celebrar como todo mundo, de correr para minhas crianças. Ao invés disso, há anos que prefiro a quietude, a simplicidade, a calma. Em outros, capricho na minha árvore e no aconchego com os amigos. Mas, há outros em que, indiferente à passagem do tempo, nem quero saber de árvore, nem de compartilhamentos, corro pro meu interior.
Neste fim de ano, já vivo um pouco de cada uma dessas situações. O espirito natalino ainda não baixou - pelo menos por enquanto. Minha festa é de outra natureza, outra dimensão e vai se dar em outras esferas.
Neste ano, depois de um longo parto, com mortos e feridos, resolvi romper com todas a minhas algemas e meus paradigmas anteriores; cansada das mesmices, do mau-caratismo, de conspirações e de enganações levianas, dei um xô! na urucubaca, um sai pra lá, satanás!; fiz uma faxina moral na minha própria casa, expulsando demônios invasores e monstrengos que se aproveitaram da minha boa fé.
Nenhum ser humano merece se submeter à ruindade de outro(s). Somos livres para amar quem quisermos. E doravante, continuará assim, não sou - nem nunca fui - refém de nada, nem de ninguém.
Em minha vida adulta, mantenho em meu redor criaturas que mais dependem do meu afeto, do que eu do delas; não por sentir menos apego, mas por estar sempre aberta a adaptações, e não temer mudanças. Não temo o recomeço de nada, nem o desconhecido. Nunca senti solidão, nem estando sozinha. Sabe por quê? Para onde me viro, só enxergo sorrisos, abraços, amor autêntico e desinteressado. Sempre tive e tenho tudo isso, não tenho do que reclamar. E a fonte sempre foi a família e os verdadeiros amigos. Estão aí grande parte do sentido de minha vida. Nunca tive nenhuma tendência a ser triste, nem cultivar inimigos, porque tenho o que concebo da vida.
Por isso, quando um espírito maligno ousou sobrevoar os meus domínios, eu disse logo: se manda, se toca, isso não serve pra mim, não quero, não preciso. Fiz uma lavagem com ácido muriático. A mim, só doeu perceber as serpentes, a maldade; mas, limpar, foi ato contínuo, foi uma elevação. Eu mereço a calmaria que desfruto agora.
Então, é preciso fechar este ano com chave de ouro. Grandes viradas e conquistas definitivas. Terminar o doutorado foi uma delas. Ver meu filho amadurecer e demonstrar-se um homem íntegro, sensato, querido e leal, foram meus melhores momentos. E todo o empenho de Elias em tornar as nossas vidas melhores, proporcionando conforto em nossas vidas; sentindo, também, o amor total de minhas outras crianças - é tudo que desejo celebrar neste final de ano.
Dois natais que não montamos árvore. Mas, com tanta coisa pra viver e para nos preocupar, ela não tem feito falta. Porque a luz do natal está dentro de nós. Então, vamos nós, família unida, ganhar o mundo, celebrar do nosso jeito. Longe daqui, mas perto dos nossos sonhos.
Recebi de uma amiga querida, pelo Orkut, essa mensagem que me tocou:
“Crescer acontece num bater de coração. Um dia você está de fraldas, no outro já se foi. Mas as memórias da infância ficam com você. Por um longo tempo. Eu me lembro de um lugar… uma cidade… uma casa. Como muitas outras casas… Um jardim como muitos outros jardins… Uma rua como muitas outras ruas. O negócio é o seguinte… Depois de todos esses anos, Eu continuo olhando para trás… maravilhado! Foram Anos Incríveis!!!”.
Não sei quem escreveu esse texto, mas liguei, imediatamente, esse tema, a um livro que Elias me trouxe hoje da Feira de Livros, para lermos juntos, chamado "Onde foi parar o nosso tempo?", de Alberto Villas. A propósito, reportamo-nos a um post antigo que escrevi aqui no blog.
As relembranças de um passado recente, mas completamente transfigurado diante da realidade presente, principalmente pelas novas configurações de vida, impostas pelas tecnologias, têm sido tema de discussão e recordação em muitos blogs.
Foram o computador e a internet que mudaram todo paradigma, e estabeleceram fronteiras tão marcadas entre o nosso passado recente - década de 60 para 90 - e o presente - da geração de nossos filhos e netos - década de 80 para cá. Outro dia, conversando com meu filho, contei que, na adolescência, possuía duas gavetas no meu guarda-roupa repletas de cartas, fotografias, cartões postais, de natal, de aniversário e telegramas dos amigos. Percebi um certo estranhamento nele sobre o significado teria esse acervo, e sua guarda, como um baú de memórias, na vida de uma jovem. Acredito que ele nunca viu um telegrama. E só conhece a função dos correios como troca de correspondências quando recebe as cartas de D. Sheila, uma gentil senhora que o hospedou nas terras da rainha. Mas, de seu ponto de vista, a principal função dos correios é de entregador de mercadorias, das compras que faz pela internet.
Essas tecnologias mudaram a minha vida, como as de tantas outras pessoas de minha geração, em qualquer lugar do mundo, ainda que em diferentes intensidades. Trouxe novos sentidos, novas paisagens, novos produtos, novos significados para as amizades, novos laços, novas relações.
Neste aparte, posso louvar a internet. Por seu intermédio, fiz novos amigos, reencontrei amigos recentes e outros antigos amigos de infância, de quem havia me distanciado pela vida afora. Sem a internet, não sei quando, e se, esses reencontros teriam ocorrido ou ainda ocorreriam, por tantas estradas, tantas pessoas, tempo e memória, que se interpunham entre nós. Pouco a pouco, venho re-tecendo a colcha de retalhos do meu passado, com aqueles que, como eu, prosseguem na estrada da vida. Somente àqueles que partiram precocemente para outro plano, mantêm-se, nas memórias, com sua juventude, sua amizade e seu antigo contexto inalterados.
Quantos momentos memoráveis, felizes. Quão bela era a nossa juventude. Quão belos éramos nós! Quão bela, simples e ingênua era a vida!... antes da Internet! Mas, não somente antes dela, mas antes da abertura dos costumes, dos hyppies, dos Beatles, do feminismo e do amor livre!
É esse "mundo que vivi/vivemos" que o livro "Onde foi parar o nosso tempo?" vem reconstruir" - nas palavras de Loyola Brandão -, e que todos nós gostaríamos de ter escrito. Por que todos nós, estamos fadados a olhar pra trás, a buscar o tempo vivido. É uma questão só de tempo. Até quem é jovem, gosta de recorrer às lembranças da infância como parte, naturalmente, do seu "passado".
Nem dá para enumerar todas as coisas e momentos do cotidiano que o autor evoca, e que tiveram sentido também em minha vida. Alguns, certamente, tão simples e tão marcantes, ao rememorá-los, me deixaram com uma dor agri-doce aguda e irremediável, por exemplo: - eu procurava o cruzeiro-do-sul no céu da Barra; - furava a lata de óleo com prego; - estudei tanto para o Exame de Admissão que fiz no Colégio N. Sra. Auxiliadora (Colégio das Freiras); - passava óleo de peroba nos móveis e muita cera no chão (sem enceradeira!) - minha mãe adorava o mosaico brilhando; - sou do tempo em que as visitas chegavam a nossa casa em qualquer hora do dia ou da noite, sem avisar; mas, na minha cidade, só as casas dos ricos tinham campainha, e, nas nossas, as pessoas batiam palmas na porta ou no portão, gritando "Ô de casa!"; - quantas vezes, ainda hoje, me pego ouvindo minha mãe avisar que "a comida tá na mesa!"; e que ela guardava a comida dos retardatários sobre o fogão, ainda nas panelas reluzentes como um espelho!; pra esquentar era só pegar o fósforo, num porta-fósforo, onde se lia "amor com amor se paga"; - o bolo quente de Dina, que não podíamos comer, porque dava dor de barriga; - lembro que nosso pai trazia, no sábado, a galinha de capoeira do mercado, para mamãe prepará-la para o almoço do domingo; - que remendávamos o dinheiro rasgado, e que havia dinheiro de duas cabeças; - que meu pai costumava dar latas de doce, como esmola, aos mendigos que pediam comida na nossa porta; - que vi muitas vezes minha avó colocar as roupas ensaboadas ao sol, para quarar, hábito que reproduzi muitas vezes em minha vida de estudante, e ainda, hoje - pasmem -, oriento minha empregada a fazer o mesmo, ante seu olhar incrédulo; - lembro que não tive bicicleta, nem foto de primeira comunhão; - que engraxávamos os sapatos, e minha mãe tinha hábitos de clarear os sapatos brancos com pinho sol; - minha mãe fazia café com coador de pano até o final de sua vida; - e que ela esperava meu pai todos os dias para jantar.
À medida que o tempo passa e a humanidade "evolui", situações como essas banalizam-se, deixam de ser, como no passado,e para nosso espanto, inacreditáveis.
72 cidades - entre as quais 19 capitais - em 20 estados do país,
estão engajadas no movimento global e irão mobilizar seus moradores,
desligar as luzes de monumentos e organizar eventos. Confira a
programação completa!
Rio de Janeiro
No
Rio de Janeiro, primeira cidade a aderir, acontece o evento oficial da
Hora do Planeta 2010, no Jardim Botânico. A solenidade contará com a
presença do ministro do Meio Ambiente Carlos Minc e do prefeito Eduardo
Paes, que desligarão o interruptor simbólico das luzes da cidade
maravilhosa. O grupo de dança Lumina fará apresentação para os
convidados.
Fora do Jardim Botânico, muitas outras atividades vão
acontecer para celebrar a Hora do Planeta com o apagar das luzes da
orla de Copacabana, Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Fiocruz, Jockey
Club, Arpoador e Monumento dos Pracinhas. Na Lagoa Rodrigo de Freitas,
acontecerá uma vigília à luz de velas e os restaurantes Zazá Bistrô, Via
Sete e Restô Ipanema terão pratos, promoções e até decoração especiais
para a noite.
No Sesc Madureira e Tijuca, dois espetáculos de
teatro temáticos serão apresentados à meia luz. Já a Fundação
Planetário, na Gávea, convida os visitantes para uma Observação do Céu
gratuita. O hotel Marina e a rede Hotels Internacional também estão com
programações especiais. Como o esporte não poderia faltar no Rio de
Janeiro, a acadêmia Cia Athletica irá realizar um aulão de spinning à
luz de velas.
São Paulo
Na capital
paulista, o evento oficial da Hora do Planeta, aberto ao público, será
no Parque do Povo e contará com a apresentação do coral do Instituto
Bacarelli formado por crianças da favela de Heliópolis em São Paulo.
Para jantares românticos, as opções são o restaurante América e a
Bendita Hora Pizzaria. Para quem gosta de malhar, a Academia Gustavo
Borges aderiu ao movimento e fará um minuto sem luz durante a festa de
comemoração da unidade Morumbi. Para quem estiver de passagem na cidade e
hospedado no Sheraton São Paulo WTC hotel, a melhor opção é fazer uma
massagem à luz de velas nos bangalôs à beira da piscina. Já quem vai
estar no litoral, uma boa pedida é visitar o restaurante ecológico do Mc
Donalds em Bertioga, que oferecerá programação recreativa aos clientes.
Os
monumentos que serão apagados na cidade de São Paulo: Ponte Estaiada,
Monumento às Bandeiras, Viaduto do Chá, Estádio do Pacaembu, Obelisco, o
auditório do Parque do Ibirapuera e algumas luzes do próprio parque. Brasília:
Na
capital federal, a Câmara dos Deputados e o Senado aderiram à Hora do
Planeta e irão desligar as luzes de seus prédios na noite de 27 de
março. E como Brasília não é só o centro da política nacional, algumas
programações culturais também irão animar a cidade. Para quem gosta de
rock, a opção é ir ao Café da Rua 8 e ouvir boa música no escuro. O
Terraço Shopping oferecerá uma oficina de percussão com materiais
reciclados e ainda uma aula de spinning no escuro ao som da banda
Patubatê. Na academia Cia Athlética terá aula de spinning zen e de
Yoga, além de um buffet especial. O bar Mittlealter vai oferecer
programação especial com temática medieval e à luz de velas. Manaus:
Em
Manaus, a prefeitura aderiu à Hora do Planeta e irá apagar o Parque
Ponto dos Bilhares e Parque Lagoa do Japiim. Na cidade, as universidades
estão comandando a programação. Shows de música acústica, com os grupos
Imbaúba e Grupo Musical Infantil Pássaros da Amazônia, acontecerão no
campus do Centro Universitário Luterano de Manaus (CEULM). Após os
shows, os presentes sairão, às 20h30, para um passeio a pé e de
bicicleta até a Lagoa do Japiim. A academia Cia Athletica também vai
promover uma aula de spinning no escuro.
Além disso, no interior
do estado do Amazonas, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) está
mobilizando seus campi em 24 municípios. Em Itapiranga, alunos e
professores vão fazer uma procissão à luz de velas. Entre 800 e 1.000
pessoas são esperadas no Santuário da Rainha do Rosário e da Paz, de
onde partem os fiéis. Em São Sebastião, os jovens farão uma vigília na
igreja adventista do município. Em Barcelos, a Hora do Planeta será
celebrada com uma cantata na escadaria de uma igreja centenária às
margens do rio Negro. Já em Coari, será feita uma apresentação musical,
iluminada com velas e latas. Curitiba:
Em
Curitiba, o evento oficial acontece no Palácio Avenida e é organizado
pelo HSBC, um dos patrocinadores da Hora do Planeta. Em Curitiba, a Hora
do Planeta conta com o apoio da prefeitura da cidade e da Fundação O
Boticário. O coral das crianças do HSBC se apresentará no local durante a
Hora do Planeta.
A programação alternativa na cidade está a
todo vapor. Para comer à luz de velas, os restaurantes que terão
programação especial são: Fran’s Café, Jokers Pub Café, Piola Pizzaria,
Jungle Juice e Totopos Gastronomia Mexicana.
Para quem ao invés
de ingerir deseja queimar calorias, a Cia Athletica oferece aula de body
balance, yoga e spinning, tudo com iluminação de velas e muita música.
Duas unidades da academia Gustavo Borges também irão apagar as luzes.
Na
19º edição do Festival de Curitiba, as luzes serão apagadas
simbolicamente durante um minuto antes do início dos sete espetáculos
que estarão em cartaz.
Na cidade de Curitiba, 12 monumentos
ficarão no escuro: Teatro do Paiol, Estufa do Jardim Botânico, Fonte Dos
Anjos, Torre da Biodiversidade, Monumento de Bambu na Linha Verde,
Fonte da Praça Santos Andrade, Fonte da Praça Generoso Marques, Portal
de Santa Felicidade, Pista de Atletismo da Praça Osvaldo Cruz, Cancha
Polivalente da Praça Ouvidor Pardinho, Fachada do Paço Municipal, Torre
da Telepar. Campo Grande:
Em Campo
Grande, a Prefeitura Municipal irá desligar a energia de pontos
estratégicos da cidade como forma de chamar a atenção para a necessidade
de conservação do meio ambiente . Os monumentos são: Morada dos Baís,
Central de Atendimento ao Cidadão, Obelisco, Parque Belmar Fidalgo,
Horto Florestal, Parque Jacques da Luz, Parque Tarsila do Amaral e Praça
Elias Gadia.
No evento Caminhão da Cultura, que leva
apresentações culturais a diferentes regiões da cidade, as luzes serão
apagadas por um minuto para simbolizar o início da Hora do Planeta. Para
os praticantes de esportes, a Fundação Municipal de Esporte (Funesp)
promove a primeira edição do Projeto "36 Horas de Esporte", que começa
às 19h do dia 27. Durante a Hora do Planeta serão apagadas as luzes da
Praça de Esportes Elias Gadia e torneios de truco serão realizados à luz
de baterias. Porto Alegre:
Largo dos
Açorianos, Julio de Castilhos (Praça da Matriz), Monumento ao
Expedicionário, Fonte Talavera, Viaduto Otávio Rocha, Estátua do
Laçador, Estátua de Bento Gonçalves e Praça da Alfândega. Todos esses
ícones ficarão sem iluminação no dia 27 de março às 20h30 para a Hora do
Planeta.
Na capital do Rio Grande do Sul, a prefeitura
participará de um evento oficial organizado pela rede de lojas Walmart
Brasil, um dos patrocinadores da Hora do Planeta 2010, onde o
interruptor simbólico das luzes da cidade será desligado.
Belém:
Em
Belém o símbolo da Hora do Planeta será o Mercado São Brás, que ficará
no escuro das 20h30 às 21h30. Muita música e a celebração pelo meio
ambiente acontecem do lado de fora do mercado. O famoso mercado de peixe
Ver-o-Peso também terá suas luzes desligadas.
Para a noite do
planeta, o hotel Hilton prepara uma programação diferente: jantar à luz
de velas, luau a beira da piscina, com iluminação de tochas, som
acústico de violão e percussão e apresentação de grupo de dança. Quem
for até lá ainda poderá provar drinks com nomes bem diferentes
preparados para a ocasião: camada de ozônio, efeito estufa, etc. O hotel
Crowne Plaza também oferecerá jantar a luz de velas aos hóspedes.
Rio
Branco:
O Horto Florestal e o Palácio Rio Branco são os
dois pontos de Rio Branco que ficarão no escuro durante a Hora do
Planeta. A pizzaria Piola vai oferecer jantar à luz de velas para
aqueles que quiserem aproveitar a ocasião para passear. Além da
prefeitura, o governo do Estado também aderiu ao movimento. João
Pessoa: A capital da Paraíba aderiu e irá apagar as luzes do
Paço Municipal e da Estação Ciência, Cultura e Arte. Belo
Horizonte: Na capital mineira, o relógio do Palácio Municipal e
o prédio onde funciona a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ficarão
no escuro. Além da prefeitura, o governo do Estado também aderiu ao
movimento.
Palmas: Na capital do estado do
Tocantins, será desligada a iluminação do Espaço Cultural.
Cuiabá:
Os monumentos a serem apagados são o Palácio Dante Martins de Oliveira,
Praça Rachid Jaudy, Museu do Morro da Caixa d’Água Velha e o Centro
Geodésico da América do Sul, localizado no estado de Mato Grosso.
Fortaleza:
O Arco da Praça Portugal, na Aldeota, a Coluna da Hora, na Praça do
Ferreira, o Seminário da Prainha, a Estátua de Iracema, na lagoa de
Messejana, e o monumento na Praça Régis Jucá ficarão sem iluminação na
Hora do Planeta.
Recife: A capital de Pernambuco
irá desligar as luzes da Ponte Duarte Coelho e do edifício sede da
Prefeitura do Recife.
Vitória: Na capital do
Espírito Santo, ficarão no escuro o Morro do Penedo, as torres de
transmissão do bairro Jesus de Nazareth e as torres de transmissão do
bairro Maria Ortiz. Além da prefeitura, o governo do Estado também
aderiu ao movimento e vai apagar o Palácio Anchieta, sede do poder
executivo estadual, e o Convento da Penha, em Vila Velha.
Goiânia:
O Viaduto Latif Sebba, elevado João Alves de Queiroz e o Parque
Municipal Flamboyant Lourival Lousa serão os ícones apagados na capital
do estado de Goiás.
São Luís: Serão desligados o
Palácio La Ravardiere (Sede da Prefeitura Municipal), Memorial Maria
Aragão, Fachada da Igreja dos Remédios, Sereia da Praça Dom Pedro II e
Monumento da Praça Gonçalves Dias.
Salvador: A
capital baiana celebrará a Hora do Planeta apagando as luzes dos ícones
Palácio Thomé de Souza, Elevador Lacerda, Orixás do Dique do Tororó,
Poeta da Praça Castro Alves, Cristo da Barra Florianópolis:
No estado de Santa Catarina, a Praça XV de Novembro, no centro da
cidade, e a Ponte Hercílio Luz, símbolo da Ilha, serão desligados para a
Hora do Planeta.
Confira todas as cidades que apoiam a Hora do
Planeta 2010: Apodi (RN), Barueri (SP), Campo Florido (MG), Campo Grande
(MS), Canoas (RS), Carangola (MG), Castro Alves (BA), Cuiabá (MT) ,
Curitiba (PR), Fortaleza (CE) , Ibitirama (ES) , Jumirim (SP), Manaus
(AM), Maringá (PR), Osasco (SP), Palmas (TO), Pindamonhangaba (SP),
Porto Alegre (RS), Porto Ferreira (SP), Rio Branco (AC) , Rio das Ostras
(RJ), Rio de Janeiro (RJ), São Félix do Xingu (PA), São José dos
Campos (SP), São Paulo (SP), São Vicente (SP), Tarumã (SP), Taubaté
(SP), Tijucas (SC), Viana (ES), Vitória (ES), Wenceslau Braz (PR),
Guaporé (RS), Niterói (RJ), Poços de Caldas (MG), Quirinópolis (GO),
Tibagi (PR), Itabirito (MG), Petrolina (PE), Alto Caparaó (MG), Ribeirão
Pires (SP), Rio Verde (GO), Itajubá (MG), Martinópolis (SP), Jacutinga
(MG), Bragança (PA), Uberlândia (MG), Itapevi (SP), Mesquita (RJ),
Guaíra (SP), Caucaia (CE), Camocim (CE), Nova Prata (RS), Recife (PE) ,
Goiânia (GO), Cubatão (SP), Lorena (SP), Belém (PA), São Luís (MA),
Santos (SP), Peruíbe (SP), Camapuã (MS), Arceburgo (MG), São Bernardo do
Campo (SP), Barcelos (AM), Condeúba (BA), Belo Horizonte (MG), João
Pessoa (PB), Sorocaba (SP), Joinville (SC), Florianópolis (SC) e
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