Uma geração deixa muitas memórias, conta muitas histórias, experiências. Uma geração fala de muitos relacionamentos, amores, de músicas que a representaram. Uma geração nunca atravessa décadas, incólume. Toda geração tem seus áureos tempos.
A banda Uirapuru Zimbo, de Sousa, atravessou as décadas de sessenta, setenta, emocionando, lançando moda, contagiando a juventude sousense com sua música e sua alegria. Passados os tempos, uns partiram, foram escrever outros enredos existenciais. Outros ficaram, consolidando o sucesso de outrora. Estes, numa nova onda musical, reinventaram-se tocando música regional, e se auto denominaram Xique-Chique, para continuar encantando os seus seguidores.
Sábado à noite, sob forte chuva, os sousenses acolheram, no Campestre Clube, a banda Uirapuru Zimbo, em seus formatos novo e antigo (desde quando ainda se chamava Os Terríveis), para prestar um tributo àquele que foi seu idealizador: o artista Vandinho Dantas -, cuja homenagem transformou aquela em uma noite memorável, comovendo a todos ali presentes.
Num primeiro momento, tocou a banda Xique-Chique, com Aristeu, Deoberto, Deodato, Deusinho, Iran, Julimar e Wagner.
Perticipou desse show, também, Louisa Medcraft, neta de Julimar Dias, que surpreendeu a todos, cantando Imagine e Let it Be, dos Beatles.
Em seguida, na homenagem que se prestou a Vandinho, foi lançado o seu CD; e, numa performance marcante, ele cantou a música Django, canção símbolo do western italiano, na década de 70. Foi o ponto culminante de sua apresentação, com a atuação de outros jovens sousenses, reverenciando o homenageado. Ao mesmo tempo, foi rememorada a trajetória de Vandinho na cena musical de Sousa, uma figura carismática, irreverente, cheio de sex-appeal; e sua influência como músico, produtor, a abrir novas possibilidades sonoras e a ampliar os horizontes musicais das gerações seguintes – toda homenagem regada a lágrimas e a grandes emoções.
A banda Uirapuru entrou no terceiro momento déjà vu, em trilhas sonoras do passado, com Deusinho, Fátima, Julimar, Marcos e Telinha; salientando a sentida ausência de Tousinho, que esteve impossibilitado de comparecer ao evento. Telinha fez uma introdução emocionada da importância de Vandinho na criação dos grupos musicais e da sua influência em seus destinos como músicos, e das histórias e percursos do conjunto Uirapuru Zimbo.
Toda a noite foi pontuada por sucessos dos anos sessenta aos anos oitenta, uma época revolucionária na música, eternizada por grandes utopias, marcada pela psicodelia, jovem guarda, rock, discoteca, misticismo, musica romântica e MPB – passando por Guatanamera, Never marry a railroad man, Você abusou, Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, O milionário, Sem vergonheira, Do you wanna dance, Menina da ladeira, Sossega Leão, Que pena, Na tonga da mironga do kabuletê, La bamba, entre muitas outras músicas.
Foi uma noite de reprise do passado, inundada de chuva, e de velhos amigos que há muito não se reencontravam, para relembrar sucessos dos tempos áureos do Uirapuru, com suas letras literalmente cantadas pelo público. Foi um grande revival onde uma geração pôde comungar o velho espírito da jovem guarda, mostrando que ainda não está acabada!
Essa noite significou mais do que uma simples paixão por uma banda musical ou artista. Foi símbolo de um estado de espírito e de um jeito de ser sousense.