Segunda vez em Gostoso, é como se fosse a primeira, porque o prazer de ficar e de retornar sempre se repete.
A primeira vez que fui a Gostoso, foi na segunda semana de janeiro do ano de 2008; portanto, em baixa temporada. Foi uma viagem super tranquila e divertida, e fiz com meu filho e uma sobrinha neta. Desde então, sempre nos referimos a essa viagem como uma das melhores que fizemos porque a cidade não estava muito lotada, as pousadas todas tranquilas, as praias quase desertas - só para nós.
Por isso, fomos, meu marido, eu e uma amiga nossa, porque ambos tinham enorme curiosidade de conhecer Gostoso, de tanto que falávamos. E escolhemos ir novamente em baixa temporada. Considerando que fevereiro é um mês de temperatura quase amena, pois o período chuvoso aproxima-se, mas ainda não chove de maneira intermitente, nem torrencialmente, e o calor, já não é escaldante como no pleno verão. Passamos três agradáveis dias curtindo praia, sossego, descanso e comendo deliciosamente, aproveitando a fartura de peixes e frutos do mar; além das águas rasas e mornas, em cujas praias podemos também admirar grandes falésias e coqueiros.
O município de Gostoso está a 102 quilômetros de Natal. A distância entre João Pessoa e Gostoso é de cerca de 293 km, e de carro fizemos em 3h45. Até Natal, em pista dupla.
Sou tão apreciadora de fotos vintage, que não resisto às fotos antigas do acervo do meu amigo Renato Casimiro. Não me importo se a imagem atende aos requisitos tecnicamente corretos de fotografia. O que me interessa, quando gosto de uma foto, é o filme por trás da imagem, é o seu contexto, é o enredo, o que consigo enxergar com os meus olhos, com minha visão de mundo.
Examinem esta foto.
Que me perdoem os entendidos, mas acho linda demais esta foto. Pena que perde em nitidez, supostamente, pela ação do tempo. A atmosfera é bem interessante. As pessoas, fantasmogênicas, parecem emergir de uma espessa bruma, de um local indefinível, não-sei-de-onde. Em contraste, despontam duas garotas bem solares, maravilhosas, iluminando todo o cenário.
De autoria desconhecida, o ano do registro é 1946, e retrata o sepultamento do Beato José Lourenço Gomes da Silva. O cortejo sai da Capela de São Miguel para o Cemitério do Socorro, em Juazeiro do Norte, Ceará.
10-09-2013
Lençóis-BA, 1985.
Guardo as imagens que recolho na memória. Ou mesmo na falta dela. Sou um pensador de memórias não vividas para uma vida de tecer memórias antigas...
Uma das viagens mais nostálgicas que, recorrentemente, gosto de fazer, é voltar no tempo em que, inúmeras vezes, passei por Lençóis, na Bahia, fazendo o percurso Brasília-Juazeiro do Norte-Sousa-João Pessoa-Brasília. Já faz um bom tempo - eu diria, mais de trinta anos. Tanto tempo, que os registros fotográficos de então, desbotaram, perderam a cor - ou melhor, avermelharam.
As primeiras vezes, que fiz esse trajeto com meu marido, nosso filho ainda nem havia nascido; mas, depois, o repetimos, de carro, com ele bebê, imerso em suas parafernálias, de mamadeiras, fraldas a todas as tralhas pertinentes e cabíveis no nosso inesquecível chevette. Com ele maiorzinho, esperto, curioso, falante, às vezes enjoado, fazíamos toda a viagem respondendo às suas indagações sobre tudo, as estradas, as pessoas, as montanhas, o sol, a lua, o tempo, as horas, a chegada. Momentos mágicos e lúdicos cristalizados em minha memória emotiva.
Em algumas oportunidades, viajamos na companhia de amigos conterâneos também residentes em Brasília, e vínhamos todos em comboio animado, com nossas crianças, passar as férias, as festas natalinas pelas praias do Nordeste e matar a saudade das nossas famílias.
Noutras ocasiões, viajávamos sozinhos, um tanto inseguros, com as estradas longínquas e desertas, cheias de crateras e depressões, esgotando o nosso estoque de fitas cassetes, e toda sorte de sons e rítimos favoritos. On the road, ouvíamos desde clássicos (com Waldo de los Rios), românticos orquestrados, instrumentais (Mantovani, Billy Vaughn, Ray Conniff, Paul Mauriat, Zamfir), jovem guarda (Roberto Carlos), rock-pop (Beatles, Credence, Rolling Stones, Santana, Elthon John), até forró (Gonzagão, Trio Nordestino), frevo e música sacra.
Foram muitas aventuras, inesquecíveis experiências, ora divertidas, prazerosas, ora cansativas, tensas, e cheias de riscos. Deixávamos Brasília sempre sob chuvas torrenciais, que amainavam ao longo do caminho. Já no entorno de Ibotirama, fazíamos de balsa, a travessia do Rio São Francisco. No percurso passávamos por importantes cidades, Itaberaba, Seabra, Rui Barbosa, Barreiras; em seguida, nos deparávamos com belíssimos panapanás, nos trechos margeados por baixa vegetação, formando alamedas, quase um túnel natural, canalizando uma aragem agradabilíssima. Era o frescor do sul da Bahia. Esse clima ameno prolongava-se até Lençóis, numa brisa refrescante e serena, típica e sob medida da Chapada Diamantina, combinada com um por-de-sol inigualável, uma paisagem paradisíaca. Aos nossos sentidos, a liberdade era tudo que ali estava.
De repente assomavam-se as silhuetas da Chapada Diamantina, das ruelas antigas, mostravam-se as pontes, os prédios antigos de lampiões nas fachadas, o calçamento crespo, suas lavadeiras urbanas, afloravam-se as orquídeas e mandacarus, as suas lendas na penumbra do ocaso, começava a nos embrigar uma atmosfera de tempo perdido no passado. Essas imagens e sensações de Lençóis continuam intactas na memória de minhas retinas. Sempre que ouço falar em Lençóis, sinto saudades e vontade de revê-la, pois sei, pelos relatos de amigos e pela mídia, que mudanças profundas aconteceram na cidade, outrora bucólica, calma, semi etérea, quase deserta. Não sei se prefiro as suas imagens antigas guardadas na lembrança, como uma relíquia, ou se gostaria de revisitá-la e reconhecê-la com suas novas diversidades, modernas roupagens, outras tonalidades, novos cheiros, diferentes contornos, talvez novas esquinas, novas presenças. Pelo sim , pelo não, com os os velhos álbuns das viagens por testemunhas, uso-os como lentes sobre os últimos vestígios dos caminhos de Lençóis que me levam de volta ao mapa do meu passado.
Lençóis
Lençóis é uma cidade fundada com o nome de Lençóis do Roncador, no apogeu do garimpo na região e, por isso, conhecida como Capital do Diamante. Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, ostentando um lindo casario colonial do final do século XIX, a cidade tem sua história marcada por glórias, riqueza e muitas lutas. Desde quando foi extinta a atividade de mineração e criado o Parque Nacional da Chapada Diamantina, o turismo vem impulsionando o desenvolvimento da região, transformando Lençóis no principal destino da Chapada Diamantina, atraindo turistas de todas as partes do mundo. Imagens antigas da cidade e de seus garimpos podem ser apreciadas neste site.
Um dos roteiros mais atraentes de Lençóis, na época em que a conheci, eram as caminhadas pelas trilhas que cortam o parque, e os passeios pela Chapada. Naquele período, a cidade possuía poucas pousadas e, nós particularmente, ficávamos sempre na Pousada de Lençóis situada numa colina (hoje Hotel de Lençóis), cuja reserva era feita com bastante dificuldade e antecedência, quando ainda não havia fax, nem internet.
A seguir, registros de nossas passagens por Lençóis, em diferentes viagens.
Capela Senhor dos Passos, localizada ao lado do Mercado Municipal e tendo a sua frente o Rio Lençóis. 1984.
Vista para a Praça Horácio de Matos, ponto central da cidade (ao fundo, a Capela Senhor do Passos). 1984.
Praça Horácio de Matos, vista da Pensão Diamantina. 1984.
Pensão Diamantina - riqueza de arquitetura, localizada em frente ao Mercado Central e próxima às Pontes dos Arcos Romanos (construções do séc. XIX que ligam as duas partes da cidade, dividida pelo Rio Lençóis). 1984.
Ponte dos Arcos Romanos. 1984.
Casario antigo, com arquitetura preservada, com lampiões na fachada. 1984.
Subconsulado Francês, ao lado da agência do Banco do Brasil. Prédio do séc. XIX, onde se instalou um posto de transações com a Europa. 1984.
Com amigos, companheiros de viagem, Paulo e Marisa. 1984.
Ponte dos Arcos Romanos. 1984.
O velho Mercado Municipal, com traços de influência italiana; além de servir ao comércio, foi palco de muitas transações de diamantes. Aqui, participamos com Marisa e Paulo, de uma aonchegante seresta, entre pessoas simples da cidade. 1984.
Prefeitura de Lençóis. 1984.
Já não se vêem mais coretos nas praças, como antigamente. 1984.
Rio Lençóis que atravessa a cidade, forma corredeiras, quedas d'água, alaga velhos garimpos, forma praias, num clima gostoso de altitude e belos espetáculos de cascatas. 1984.
Rio Lençóis. 1984.
Rio Lençóis. 1984.
Teatro antigo. 1984.
Girassóis eram plantados em quase todos os jardins de Lençóis. 1984.
Vista parcial da cidade. 1984.
Lateral da Pousada de Lençóis, antes da reforma.1985.
Lateral da Pousada de Lençóis, antes da reforma, com vista para apartamentos e piscina, como se pode ver, ainda, morros e garimpos.1985.
Vista dos apartamentos da Pousada. 1985.
Elias junto à roda d'água da Pousada. 1985.
Na sacada da Pousada, com vista para a cidade ( ver teatro, coreto, prefeitura, e eu). 1985
Na pérgula da Pousada de Lençóis.
A caminho da Cachoeira do Glass.
Lençóis-BA, 1985 - Corredeiras nas pedras ponteagudas resultantes dos velhos garimpos, formando pisicnas naturais.
Gruta do Lapão ou Gruta da Lapa Doce, a 4 km de Lençóis. Caverna ampla com grande quantidade de formações como estalactites e estalagmites. É onde os artesãos locais recolhem matéria prima para o artesanato de garrafas. 1985.
Lavadeiras de Lençóis-BA, 1985 - Lavagem de louças nos córregos a céu aberto. Dizem que é um hábito antigo da população.
Numa das viagens, tivemos de pousar por mais tempo do que prevíamos, em Lençóis, por falta de gasolina. Era época de racionamento, os postos tinham horário para fechar, e contando também que a cidade tinha poucos e pequenos postos (não sei se um ou dois), e de bandeira desconhecida. Uma vez, passamos despercebidos pelo posto anterior a Lençóis; outra, não conseguimos alcançar o posto aberto.
Passávamos, em geral, o fim de semana, nalguma pousada, até que numa manhãzinha de segunda-feira, descortinando a névoa das montanhas, pegávamos a trilha do caminho de casa. Como ficávamos, frequentemente, no Hotel de Lençóis, da colina podíamos vislumbrar o sol atravessando a névoa. Pegávamos o caminho de volta à estrada, sentindo o aroma de café que fluía das casas, contemplando, nas estradas estreitas e floridas, as plantas orvalhadas, a natureza em sua pujança. Lembro, nitidamente, dessa cena, enquanto descíamos ladeira abaixo, ouvindo Elvira Madigan pela flauta de Zamfir.
Cruzar as fronteiras desse paraíso, era a etapa mais crítica da viagem, porque, depois, e logo, logo, nos depararíamos com uma mudança drástica de clima e temperatura, diante do mormaço incandescente do sertão nordestino. Viriam os longos e desertos trechos de estradas, esburacadas, empoeiradas, sinistras, sem acostamentos, na linha condutora da BR-242.
Essas estradas, nas dédadas de 80/90, eram o cenário fiel da crise econômica que o nosso país enfrentava. Crianças e jovens maltrapilhos nas estradas, tapavam os buracos com areia, a troco de quase nada, camuflando os maiores problemas sociais que vivíamos, a fome, a miséria, e falta de segurança nas estradas. Ajudando ou negando a esmola - duas faces da mesma moeda -, de ambas as formas, corríamos o risco de sermos assaltados.
O trajeto de Lençóis a Juazeiro do Norte, passando por Feira de Santana, Alagoinhas, Aracaju, Maceió, Cabo de Santo Agostinho, Recife, Petrolina, Salgueiro - era sempre demorado e tenso, e o estado das rodovias definia se teríamos tempo de adentrar a noite em alguma cidade que nos oferecesse uma hospedagem decente. Não raro, o trajeto era dificultado, também, pelas avarias no carro. Numa das vezes, de tantos sacolejos, o meu pimpolho passou mal, enjoou tanto, que não víamos o fim da viagem. Uma aventura!
Alento, só quando avistávamos Feira de Santana, ou as capitais que ficavam no trajeto. Nas entrelinhas, somente muitos buracos, calor, poeira, muitos canaviais com imensos caminhões engarrafando o trânsito.
Ainda ssim, considero que viajar é sempre uma viagem, e, em quaisquer circunstâncias e lugares, significa sempre mais experiência na bagagem. De avião é ótimo, mas de carro é também prazeroso, por possibilitar paradas providenciais a lugares interessantes, e a liberdade de conhecer novos lugares e pessoas, sem a rigidez de horários de voo ou espera em aeroportos.
Desde que bem planejada, uma viagem de carro pode ser também inesquecível, como as que fizemos, por alguns anos, pelos caminhos de Lençóis.
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Dicas:
Livro “Um Guia para a Chapada Diamantina” de Roy Funch, um americano que, por força do destino, acabou morando, e ainda vive, em Lençóis. Foi o idealizador e primeiro diretor do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
“As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é uma herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas do tempo… Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos”.
~ As lavadeiras de Mossoró, Carlos Drummond de Andrade.
08-09-2013
Pesqueira-PE, 1970.
Sousa-PB, 1958.
Abrindo um antigo caderno foi que eu descobri: Antigamente eu era eterno.
Fiz esta viagem com Elias, como indica a data acima, há 29 anos, quando ainda morava em Brasília (morei lá durante 11 anos). Nosso filho ainda não tinha nascido, e foi a minha primeira ida a Minas Gerais, tendo visitado, além de Ouro Preto, Belo Horizonte, Tiradentes, Mariana, Congonhas. Desde então, não voltei mais às cidades históricas, embora tenha retornado inúmeras vezes a Belo Horizonte, a passeio ou a trabalho.
O relato que agora passo a fazer foi transcrito do meu 'diário de bordo', rabiscado logo depois o retorno dessa viagem.
Fomos no mês de julho, quando fazia um frio intenso e geadas ocasionais.
Sinto saudade dessa viagem, pois, além da riqueza cultural e de conhecimento que nos proporcionou, lembro perfeitamente da gentileza, do carinho do povo mineiro. Não esquecemos também a comida deliciosa. Foi a primeira vez que experimentei iguarias como feijão tropeiro, broinha de fubá, galinha com quiabo e polenta, couve à mineira, tutu, costelinha, entre outras. E nos acabamos nos doces e sobremesas. Este é um detalhe que aparece até nas fotos que tiramos. Estou sempre devorando um pedaço de doce. Lembro nitidamente dessa primeira experiência gastronômica em Minas, engordei horrores, pois não me privei de comer ambrosia, arroz doce, goiabada cascão, queijadinha, cocada de todos os tipos. E passamos, até, a incorporar algumas das delícias no dia a dia de nossa família. A couve mineira, por exemplo, é hoje frequente em nossa mesa.
Só lamento que a fragilidade da fotografia não garanta preservação dessas memórias com melhor qualidade. Nossas fotos estão longe de traduzir a boa lembrança que guardamos em nossas mentes e corações das experiências que vivenciamos naquela viagem. O tempo é inexorável. Poucas, das inúmeras fotos que tiramos, estão hoje em condições de traduzir ou de serem exibidas. Desbotaram, perderam a cor, a nitidez. E só permitem uma vaga lembrança do que realmente significou para nós aquela viagem.
Ouro Preto, "Cidade do Aleijadinho" (Antiga Vila Rica)
"Todos os sonhos barrocos deslizando pela pedra." ~ Cecília Meireles
Ouro Preto é o retrato vivo do Brasil Colonial. Patrimônio Cultural da Humanidade, 1ª cidade histórica brasileira a conseguir o título de Monumento Mundial, conferido pela Unesco. É considerada, por estes atributos, um "museu a céu aberto". Possui o maior conjunto homogêneo de arquitetura barroca do Brasil
É uma cidade linda; setecentista, portanto, bem antiga; encravada num vale de montanhas. Conhecida por acontecimentos importantes da história do país. A história da cidade é também permeada de muitas lendas já famosas, guarda segredos e cicatrizes impressas em suas próprias paredes à base de queima de óleo de baleia das antigas minas de ouro. Muitos escravos eram obrigados a atravessar minúsculas aberturas, onde permaneciam o dia inteiro, aspirando a fumaça das tochas, sob forte transpiração, e sufocados com o odor de urina e de fezes.
Por outro lado, a cidade é reconhecida pela coragem e ousadia, o que pode ser constatado no Panteão da Liberdade, onde se encontram os restos dos mártires que tão bravamente lutaram pela independência de Minas Gerais e do Brasil.
Praça Tiradentes: entrada e centro da cidade.
No meio desta praça, esteve exposta a cabeça de Tradentes, fincada em cima de um poste. No mesmo local o povo ergueu a estátua do alferes em bronze e granito. Os prédios coloniais importantes situados nesta praça, são: Palácio dos Governadores e a Velha Casa de Câmara e Cadeia. Ao fundo, parte central do Museu de Mineralogia.
Na extremidade dos quatro cantos da fachada, foram colocadas estátuas em pedra sabão representando a Prudência, a Justiça, a Temperança e a Força. No centro da torre da fachada, acha-se o relógio, ao qual se refere o inconfidente Claudio Manoel da Costa, em seu poema "Vila Rica":
"Quase aos céus provoca soberba torre em que demarca o dia volúvel ponto, e o sol ao centro gira".
Fachada lateral do Museu da Inconfidência, onde funcionaram Casa de Câmara e Cadeia. Seu acervo dispõe de peças de arte sacra, obras de Aleijadinho, documentos, móveis, utensílios e sepultura dos inconfidentes. Ao ser transferida para outro local, a Câmara Municipal (1860) transformou-se em penitenciária. No começo do século XX houve fuga de presidiários, alguns morreram emparedados, outros conseguiram escapar para o esgoto central, cujas paredes de pedra seca eram altas e verticais com capeamento de lajões e fundo de cantaria curva. O prédio funcionou como penitenciária até 1977, quando a planta interna do palácio foi alterada.
Acompanhada do nosso guia, vi no Museu: paredes de larguras imensas, oratórios do século XVIII; prensa do século XIX; armários e mesas do século XVIII; lanternas; luminárias; candeias; sanitários da prisão; cópias dos documentos originais de sentença dos inconfidentes, condenação à forca para Tiradentes e o seu atestado de óbito, que é muito curioso. Peças da forca de Tiradentes, seu relógio. Numa sala, dois túmulos: de Marília (verdadeiro), Bárbara Heliodora (simbólico). Na sala do Panteon dos Inconfidentes repousam os restos mortais dos heróis.
Torre do Museu da Inconfidência, antevendo-se a estátua da Justiça.
O Museu é considerado um dos mais importantes monumentos urbanos do Brasil Colônia, assobradado, e com alguns elemntos tradicionalmente mantidos como torres, escadas e relógios. Suas linhas são de gosto neo-clássico, inspirado no Capitólio de Roma.
Agora, seguimos para a Igreja de Nossa Sra. do Carmo, que fica ao lado do Museu.
Igreja de N. Sra. do Carmo
A igreja de N. Sra. do Carmo é considerada uma das mais requintadas do país. Contou com o trabalho dos melhores artistas da região em sua construção, que inauguraram o estilo rococó em Minas.
O risco da igreja foi feito por Manoel Fco. Lisboa, pai de Aleijadinho. Mais tarde, Aleijadinho foi contratado para fazer algumas modificações no risco do pai. É a igreja mais central de Ouro Preto e única que possui as portas laterais interiores trabalhadas em cedro. No século XVIII era frequentada pela aristocracia de Vila Rica. Tem a fachada encurvada com torres altas de faces abauladas, portadas em pedra sabão com brasão, representando o Monte Carmelo, no qual se vê uma cruz rodeada por 3 estrelas e 2 anjos. Na parte inferior e de cima do brasão, cabeças de querubins.
Foto tirada das escadarias da Igreja de N. Sra. do Carmo.
Congonhas reúne a história dos artesãos e artistas mais representativos de Minas do século XVIII, quando foram convidados para ornamentar o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos.
Preserva-se em Congonhas a memória de Aleijadinho, um dos maiores artistas barrocos de todos os tempos. As estátuas dos doze profetas do adro da igreja foram quase todas esculpidas por Aleijadinho entre 1800 e 1805, quando já padecia de uma grave doença. Algumas apresentam deformações anatômicas, sinalizando a participação de seus auxiliares. Todas as estátuas trazem citações relacionadas com profecias bíblicas.
TURN ME LOOSE FROM YOUR HANDS Deixe-me escapar de suas mãos LET ME FLY TO DISTANT LANDS Deixe-me voar para as terras distantes OVER GREEN FIELDS, TREES AND MONTAINS Sobre os campos verdes, arvores e montanhas FLOWERS AND FOREST, FONTAINS Flores, florestas e fontes HOME ALONG THE LINE OF THE SKYWAY O meu lar será a linha do horizonte
Skyline Pigeon Elton John
Via: TIME LightBox - "Aug. 21, 2013. A warbler hangs in a mist net on a private reserve in East Sussex in Rye, England."
(Photo: Dan Kitwood—Getty Images)
03-03-2013
Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham Nessa imundície pedregosa? Filho do homem, Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol, E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos, E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas Uma sombra medra sob esta rocha escarlate. (Chega-te à sombra desta rocha escarlate), E vou mostrar-te algo distinto De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando; Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.