Infelizmente, dias feriados sempre se esvaem celeremente. É como diz a marchinha de carnaval, "é de fazer chorar quando o dia amanhece e obriga o frevo acabar / Oh, quarta-feira ingrata, chega tão depressa, só pra contrariar."
Com frevo ou sem frevo - e apesar da péssima reputação que os feriados do carnaval representam pra'quela gente sisuda que acha que o país só começa a trabalhar depois do carnaval - felizmente, os feriados cumpriram-se ao que se propunham: lavar a alma do povo; permitir uma breve reflexão na quarta-feira de cinza sobre a ilusão da vida ou, ao contrário, sobre a importância de estar vivo e poder soltar as amarras, esquecendo os recalques nos embalos dos deus momo, para se arrepender na inexorável quarta-feira.
E, na melhor das hipóteses, nada fazer, ficar só ao deus-dará, esticando-se numa rede, lendo um bom livro, sonhando com anjos, tomando umas e outras, suspirando no colo da pessoa amada; ou simplesmente, restabelecendo as energias, esquentando os motores para, finalmente, começar o ano trabalhista, como na opinião dos antagonistas do ócio.
Há décadas que não brinco o carnaval; festa que, para mim, ao longo do tempo, mudou muito a sua feição, seus traços culturais, os seus sons e as suas emoções.
Ainda assim, o carnaval, com tudo o que lhe diz respeito, continuou arrastando multidões. E, parece-me, nos últimos anos, vem retornando aos seus ritmos originais, tradicionais. A cada ano, os blocos de frevo vem ganhando mais espaço nas ruas do país, a exemplo do Bola Preta no Rio, Galo da Madrugada em Recife, Muriçocas e Cafuçu em João Pessoa, que se consolidam cada vez mais, atraindo as novas gerações.
Particularmente, aprecio muito, muito mais o frevo do que o samba. E o axé - nem me fale - não suporto. Por enquanto, ainda não me sinto suficientemente preparada para retornar ao frevo [já fui foliana incondicional], preferindo, hoje, ir pra janela 'ver a banda passar'. Quem sabe, quando/se retornarem também os blocos nos clubes sociais; quem sabe, me arrisco ano que vem...
Por isso, preferi vir com a família para Natal. Pertinho de casa, estrada boa, tranquila, boa rede hoteleira, boas praias, bons restaurantes. O carnaval da cidade é pouco movimentado, observamos poucos blocos em alguns bairros da cidade (Pirangi, por exemplo), sob medida pra quem procura também outros movimentos ou só descanso.
Afinal, por esse comentário, pode parecer que a cidade fica vazia nesse período, o que não é verdade. Está cheia de turistas, os hotéis, praias e restaurantes estão lotados.
A prefeitura da cidade informou apoio a cinco polos carnavelescos em diferentes bairros da cidade, o que, aparentemente, não é visto pelo turista, devido à fraca repercussão. Os nomes dos blocos são, no mínimo, curiosos (mas isso faz parte de toda cultura carnavalesca): Banda do Siri, Zé Priquito, Cobra Coral, Só Nois, Seu Boga, As Raparigas, Baiacú na Vara, Suvaco do Careca, Q Fuxico, Piabinha, Pinto Pelado, Linguarudo, Kengo Tem, Psyu, Caixa D’Agua e Cheiro de Alecrim.
E como já falei outras vezes aqui, tenho uma antiga relação emocional com Natal, de quando, na década de setenta, morava alí pertinho, em Santa Cruz. Sempre me agrada voltar e voltar. Desfrutar das delícias do presente reaquecendo a memória do passado. E, relembrar passado de juventude, quando se tinha os pais vivos, a alegria e o amor ainda intactos, é sempre agradável a um velho coração.
Como somos visitantes habituais, há poucas atrações novas na cidade para nós. Na verdade, procuramos, na maior parte do tempo, refazer antigos percursos, fazer programas amenos, curtir praia, hotel, restaurantes, ruas da cidade.
Natal possui uma boa rede hoteleira, por isso, quando podemos, buscamos conhecer novas unidades. Desta vez, a nossa preferência foi pelo Hotel Porto do Mar. Alás, não foi realmente uma preferência; foi o único onde encontramos vaga e que possuía uma boa avaliação no TripAdvisor.
Mas já nos servimos do Pirâmide Natal, Visual Praia Hotel, Parque da Costeira, Golden Tulip Interatlântico. Pelo menos os mais recentes, Porto do Mar, Visual e Golden Tulip, estão em boas condições, e retornaríamos a qualquer um deles, sem restrições. Quanto ao Pirâmide e Parque da Costeira já faz mais de dois anos, não sei se ainda estão nas melhores condiçoes que encontramos.
A avenida que podemos ver na foto à frente do hotel é a famosa Via Costeira, cujo nome oficial é Dinarte Mariz, uma avenida repleta, obviamente, de hotéis de médio e grande porte. Um pouco além da avenida podem-se visualizar as dunas que tanto caracterizam a paisagem de Natal.
O hotel situa-se na Av. Senador Dinarte de Medeiros Mariz, 455, Parque das Dunas, Via Costeira, Natal.
Numa avaliação pessoal, não é um hotel de luxo, mas é bom, recomendo, e voltaria a me hospedar nele. Os pontos fortes do hotel são: aconchego, atendimento excelente dos seus funcionários nos quesitos limpeza, governança, recepção, restaurante, sempre atenciosos, simpáticos; café da manhã variado, com frutas frescas em boa quantidade e qualidade; uma sopinha quente e deliciosa, de legumes ou de cebolas, para fechar o dia; os jardins são bem cuidados; na lateral do nosso ap tinha uma varanda com bela vista para o mar; e, do final do corredor, que é uma varanda imensa, podia-se admirar a linda alvorada, um sol imenso a se derramar generoso sobre as espumas brancas de um mar bravio que batia e rebatia nas rochas escuras; hotel ótimo para descanso, pois fica bem afastado do agito de Ponta Negra; a piscina é grande, limpa e de boa profundidade.
Não obstante... vale apontar algumas restrições: o hotel se localiza numa área distante da praia de Ponta Negra, o point de maior agito da cidade, onde estão os melhores bares e restaurantes - ideal para quem vem de carro ou participa de excursões, pois o deslocamento de táxi, a partir do hotel, encarece muito a viagem; rede wi-fi é paga e cara, pagamos R$100,00 pelos cinco dias de uso da internet; nosso ap ficava frequentemente infestado de incômodas formigas, aquelas miudinhas, que não podiam ver doce e chocolate, e invadiam insolentemente o nosso notebook; o restaurante à hora do café, ou seja, a partir de determinada hora, não lembro qual, era um transtorno, ficava lotado, com fila na porta, faltavam mesa, pratos, copos e talheres pra tanta gente.
[As imagens acima são do site oficial do Hotel Porto do Mar.]
Flagrantes dos nossos passeios em Natal
Imagem de Iemanjá, postada num ponto de agito, em plena Praia do Meio.
Fortaleza da Barra do Rio Grande, mais conhecida como Forte dos Reis Magos, fundada em 1599, ao lado da barra do Rio Potengi, e próximo à Ponte de Todos. Uma vista aérea permitiria ver sua forma poligonal.
Abaixo, a Ponte Newton Navarro, mais conhecida por Ponte de Todos:
Gostaria de tê-la fotografado ao por-do-sol, mas as condições do tempo variavam muito de sol claro a nublado, com nuvens carregadas.